Seu chefe era o Diabo em pessoa, um especialista em fazer de sua vida um grande inferno e por mais que quisesse não podia escapar dele, era o único que tinha durado tanto tempo, aquele capaz de lidar com seu perfeccionismo extremo, sua personalidade...
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Finalmente era sábado, o que significava que aquele deveria ser o seu dia de folga, um dia inteiro sem Ajax Drakos, sem nada envolvendo a Firma, era apenas suas séries, sua pipoca doce e ele, mas claro que foi interrompido bem quando estava no ápice daquele episódio, por seu celular tocando e era óbvio que a voz profunda e autoritária da única pessoa que não queria receber uma ligação ao meio-dia de um sábado, foi o que escutou do outro lado da linha, pensou em desligar, mas sabia que era inútil, já o conhecia bastante para saber que se não falasse com ele agora, seria muito pior. Então isso explicava porque estava na praça de alimentação de um shopping com roupas casuais, ao invés de seu confortável pijama.
Sabia que metade de NY mataria para está no seu lugar, já que graças ao romance breve que Ajax teve com Sabrina Castilho, uma atriz muito famosa, ele chamou atenção da mídia, fazendo com que virasse um tipo de subcelebridade, pensaram que isso acabaria junto com o relacionamento, mas mesmo hoje, quase dois anos depois, ainda era o foco da mídia, deveria ser porque ele tinha uma vida muito interessante, um dos melhores advogados da cidade, que sempre estava com uma companhia diferente e as pessoas que se relacionavam com ele, eram sempre belíssimas. Admitia que ele tinha bom gosto, mas aparência não era tudo, já que mais da metade dos seus casos ficava meio obcecados e essa era parte que não conseguia entender, elas já entravam sabendo, então para que todo drama no final, como se tivessem sendo terrivelmente traídas, foi só uma maldita noite, antes todos fossem como Sabrina, ela nunca deu problema, terminou com ele e seguiu com sua vida. Não seria um hipócrita, Ajax era um homem muito bonito, se encantou por ele, a primeira vez que o viu, porém foi só o advogado abrir a boca, que o encanto de foi, tão rápido como veio e ainda sim, não entendia, porque todos eram tão desesperados por ele, pra ter sua atenção.
Como já havia dito, aparência não era tudo e a personalidade dele era particularmente insuportável, por isso não conseguia entender toda essa obsessão por ser a mulher ou homem dele, simplesmente não fazia sentido na sua cabeça. Ainda que pensasse tudo isso sobre as pessoas que saiam com ele, ainda que preferisse manter o máximo de distância daquele indivíduo, agora estava supostamente namorando com ele, prestes a ser pedido em casamento. A vida era tão engraçada, tipo divina comédia, subintitulado "O inferno de Nigel", talvez estivesse sendo dramático demais sobre toda a situação, podia ser, mas quem ligava, ele não. Podiam lhe chamar de paranóico, histérico ou qualquer merda do tipo, mas suas preocupações não desaparecem, sempre que pensava sobre aquilo, só imaginava todas as coisas que poderiam dar errado. Acreditava que Ajax fosse cuidar de tudo, não mentiu quando disse que confiava nele, apesar de todos os pesares ele era um homem de palavra e nunca o viu voltar atrás, ou não conseguir realizar algo que disse que iria, acontece que ninguém tem tudo sob controle o tempo inteiro, é impossível controlar uma situação cem por cento, mesmo sabendo que a palavra Impossível não faz parte do dicionário daquele indivíduo, o que tornava o seu trabalho extremamente exaustivo.
Nem queria imaginar como sua família iria reagir aquele noivado, estava um pouco ranceoso confessava, mas ainda tinha tempo para inventar algo crível, após falar tão mal dele nos últimos anos, mas o pior de todos, certamente seria Anúbis, ele nunca acreditaria naquela história, parece até que foi o momento perfeito ele ter ido para a Florida, assim só precisava ignorar as mensagens e ligações, mesmo que soubesse que ele o mataria quando voltasse, valia o risco. Tinha certeza que a pessoa que mais o incomodaria seria Esmeralda, o ódio não justificado dela por Ajax, tudo bem que entendia que os amigos tendia a não gostar da pessoa que o outro não simpatizava, mas aquilo parecia mais outra coisa, não sabia explicar, só que a sua insistência para que saísse do emprego e voltasse para o Arizona, vivendo às custas dos seus irmãos, quando já tinha explicado dezenas de vezes o motivo de não fazê-lo, era estranha para dizer o mínimo.
