16 - A fuga

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Eu poderia imaginar três grandes conflitos após os Walkers me encontrarem em sua residência:  ficarem extremamente furiosos, mas relevarem; o Senhor walker nos agredir, ou eles expulsarem o Thomas de casa.

Me escondo debaixo da cama, sem ao menos cogitar mais nenhuma teoria.

- Boa! - Ele sussura com um sorriso entre a boca, mas está tão nervoso quanto eu. - Não saia daqui por nada até eu voltar!

"Pular pela janela ou tentar sair escondido pelos fundos? Às vezes, eu esqueço que a minha vida não é baseada em Life Is Stranger."

Estou suando e parece que permaneci aqui embaixo faz uns dez minutos. Sinto cheiro de chulé e me sinto no banheiro masculino da escola, mas percebi que estava deitado em cima do tênis de Thomas.

- Hey, tá vivo? - Thomas sussurra pela porta.

- Quase morrendo por conta do cheiro de seu chulé e pelo fato de estar fritando aqui embaixo!- Retruco um pouco irritado.

- Fale baixo e pare de reclamar! - Ele sussurra enquanto vigia o corredor. - Me acompanhe até as escadas e vá pelos fundos. Te dou cobertura!

"Que os jogos comecem!"

Ao sair da sauna do chulé, seguia os passos do Thomas e pelas vozes que vinham lá de baixo parecia ter mais gente - talvez fossem seus avós. Meu estômago está embrulhando e a sensação é que irei vomitar.

- Você tá bem?! - Ele sussurra e me para na beira da escada.

- Que droga de pergunta.- Retruco quase sem voz.

Não é hora de ter um ataque cardíaco, não mesmo! Eu não sabia que seria fraco ao ponto de estar quase desmaiando em uma situação dessa. Bem que minha mãe dizia que eu era tão estômago frágil para situações de perigo.

Isso me lembra quando tentei roubar uma barra de chocolate no mercadinho por causa de um desafio. Aquele foi o dia mais vergonhoso da minha vida, apesar da minha mãe ter me salvo daquele tormento.

- Podemos ir? - Thomas sussurra ainda me olhando.

Continuamos descendo as escadas com cuidado, ele vai na frente e dá uma vasculhada na área. Após isso, ele me chama chacoalhando o braço e sussurando alto:

- VEM, AGORA!

Desço e corro para a saída dos fundos ao lado da cozinha, até que me esbarro em alguém na porta.

- Cuidado por onde anda, mocinho! - Uma senhora de voz ranzinza e com aparência carismática me alerta.

É a vó de Thomas.

- Me perdoe. - Falo gaguejando com os olhos bem abertos.

Umas vozes vêm da cozinha, e a senhorita de cabelos longos e brancos me joga para fora da casa.

Thomas sem reação, permanece no mesmo local.

O senhor Walker entra pela porta da frente com o avô de Thomas:

- Venha pai, vamos continuar tentando entrar em um acordo. - Ele entra com um macacão sujo e suas botas cheias de lama, segurando uma chave de fenda.

-  Garoto? O que você está fazendo aí parado? Vá ajudar sua mãe! - Ele reclama.

Thomas se mantém ali olhando para a sua vó, seu olhar já dizia que algo está acontecendo.

- Vá ajudar sua mã, meu bem depois a vovó continua te contando sobre o que aconteceu com o Argus.

- Você contou? Que merda! - O senhor Walker lamenta pondo sua mão suja entre a testa.

- Mas, o que aconteceu?! - Thomas pergunta preocupado.

- Sua mãe irá contar, agora vá! - Sua vó ordena.

Thomas deixa o local correndo para buscar saber o que aconteceu.

Ao chegar em casa, com o coração saltitando do modo mais infernal possível, olho em volta vendo se há alguém. Subo as escadas até que tia Kate me para:

- Hey mocinho que pressa é essa? Está com cara de quem aprontou! - Ela encosta na parede e cruza os braços.

- Que susto! - Ponho a mão sob meu coração. - Não é nada, prometi ligar para uma amiga e estou atrasado.

- É algum compromisso ou algo do tipo? - Ela pergunta curiosa.

Apenas fico quieto, insinuando que não é de sua conta.

- Ok, entendi. - Ela desce as escadas e vai para cozinha.

Corro para o quarto, abro o notebook e ligo para Emma.

- Hey, Estilingue. - Emma atende e sorri ao me ver. Ela está mais loira do que nunca.

- Frost, quase fui morto por homofobia. - Tampo meu rosto, trêmulo.

- O QUE?! - Ela grita dando uma porrada sob a mesa. - Me explica, que porra foi essa?!

- Aconteceu que quase transei com o Thomas no quarto dele, e a família chegou. A vó dele esbarrou comigo quando dei uma de fugitivo. Foi por pouco Frost, POR POUCO! - Explico rapidamente enquanto lamento passando os dedos pelo meu cabelo, vendo Emma gargalhar.

- Sério isso? Você é a pior amiga de todas! - Murmurro com a cara fechada.

- Não, é que olha...a velha te pegou em uma pós transa praticamente. Ela não vai contar, acho que Thomas confia nela. Confia na mamãe aqui.

Alguém passa pelo fundo.

- Quem é? Não consegui ver. - Pergunto curioso tentando enxergar melhor.

Galadriel aparece e me assusta.

- Oi, Sterling. - Ela grita animada.

- Como é? - Fico assustado pela Galadriel estar junto com a Emma.

- Essa você não esperava, eu sei. - Emma ressalta. - Estamos ficando e ela está passando um tempo aqui em casa. Juro que iria te contar! Preparei até meu look.

Ouço um carro estacionando e observo pela janela, ignorando totalmente as duas.
É um carro preto e Violet sai em direção a casa de Thomas, onde o encontra na garagem e cumprimenta-o com um abraço.

- Hey? Estilingue, é falta de educação deixar as pessoas falando sozinhas. - Emma reclama pela chamada.

- Beijão, preciso ir agora.

Ao me despedir, fecho o notebook e observo pela janela. Violet e Thomas conversam e o que me dá mais agonia é que não ouço nada.

Um rapaz alto e charmoso sai do carro.
- Christian!

E Quando Eu Partir?Onde histórias criam vida. Descubra agora