•Capítulo 03•

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Hayley estava ajudando Newt a cortar a madeira. O garoto havia dito para ela descansar, mas ela era teimosa demais para obedecer.

— Acho que depois dessa experiência, talvez você se torne uma corredora. Minho nunca falou tão bem de alguém como ele disse de você e de seu irmão. — Newt disse empunhando o facão no tronco.

— Eu não sei não, acho que a maioria aqui me declararia suicida. Já que eu quase me matei quando aquilo se fechou. — Hayley disse apontando para as portas.

— Você tem o mesmo gene do seu irmão, a personalidade também. — Newt disse e a encarou. — Quando ele chegou aqui, foi mais curioso do que você. Ele deu bastante trabalho, a garota também. Mas você, logo de cara tentou se matar. — ele concluiu e Hayley sentou botando a mão na cabeça. — Você está bem, Trolha?

— Sim... é só minha cabeça. — ela resmunga

— Precisa descansar. — Newt adverte e ela nega.

— Eu tô bem, é só.... — ela sente a dor mais forte e solta um gemido.
Newt se prontifica e para ao lado dela, Hayley puxa os próprios cabelos em agonia, sentindo sua cabeça latejar a ponto de explodir e as memórias invadem.

(...)

— Espero que ela esteja pronta para mais testes. — diz Ava

— Nós não podemos garantir, mas acreditamos que ela esteja pronta sim.

O cientista diz e abre a porta da cela da garota que está sentada sobre a cama.

— Oi Hayley.

— Doutora Paige, está tudo bem?
A garota tinha inteligência, ninguém poderia a enganar. Mas Ava tentou.

— Está sim, querida. Nós apenas precisamos realizar um novo exame.

— Mais exames?

— É para o seu bem, vamos?— Ava estende a mão e Hayley segura a acompanhando para fora da sala.
Seguem pela sede até o local de exames, e Hayley aguarda para os testes. O cientista coloca sobre sua cabeça alguns plugues capazes de acessar sua memória e injetam em seu pequeno braço um líquido verde. A garota sente pontadas pequenas, mas suportáveis e em seguida Hayley entra em uma espécie de transe.

— Vai ficar tudo bem querida. — A voz feminina repetia em sua mente como um mantra.

A garota sente seu corpo cada vez mais mole. O cientista pede para a ajudante ajustar o medidor de batimento cardíacos.

— Vamos dar a primeira carga. — ele diz pegando o suporte para choque.
Assim que ativado, o rapaz passa uma pá sobre a outra e pressiona no peito da jovem que sente a dor forte.
— Controle-se. Você consegue.
Uma voz dizia em sua mente. Hayley se vê em uma sala, parecia um dos quartos de teste do cruel.

— Oi? Tem alguém aí?
Ela levanta e sai do quarto. Olha a sua volta vendo rastros de sangue e corpos. Ela caminha assustada e vê alguém que ela reconhece, a garota se aproxima do corpo que estava entrando em agonia.

— Minho? — ela pergunta
O garoto tosse cospindo sangue.

— Atrás...

— O quê? Fala mais alto, Minho, por favor.

— Atrás de... — ele tosse de novo — Atrás de você.

Hayley se vira e dá de cara com um verdugo. Ele urra soltando seu hálito nojento sobre ela e ela sente o sangue ferver, une todas suas forças e grita. Diante dos seus olhos, a cauda afiada do verdugo se ergue e a ponta afiada espeta o peito de Hayley. Ela cai ao lado de Minho, o sangue em seu peito começa a jorrar.

— Me perdoa
Ela sussura para Minho e fecha os olhos.

Outro flash invade sua cabeça e ela se vê numa sala, ela ainda era nova. Do outro lado, no chão um garoto de aparência familiar. Ele encara ela e ela curiosa ergue o olhar para ele.

— Você está bem? Parece assustada. — ele diz a analisando.
Hayley estava mesmo assustada.

— Estou bem. Que lugar é esse? — ela pergunta

— É a sala de testes. Estamos sendo observados. — Newt diz e ela vê as câmeras no alto da sala.

— Me chamo Hayley e você?

— Newt. — ele diz sorrindo para ela.

(...)

As semanas passaram e Newt se dava cada vez melhor com Hayley. Eles eram observados, os cientistas avaliavam suas atividades cerebrais, o que era curioso já que Newt parecia desenvolver-se melhor quando estava com ela. A garota tinha uma atividade mais poderosa, sob um dos testes de choque, ela gritou tão alto que fritou dois monitores da sede de teste.
Newt vinha agindo estranho, cada vez com mais medo. O agente botou Hayley na sala com ele para juntos desenvolverem um último teste psicológico. Naquele dia tudo estava estranho, Newt abraçou Hayley assim que ela sentou-se ao seu lado.

— Newt? O que foi? — ela perguntou

— Acho que sou o próximo. — ele disse baixo apenas para ela ouvir. — Eles vão me levar, Hayley.

— Não, não pode ser. Não, Newt, por que eles fariam isso? — ela pergunta o abraçando firme.

— Eu cheguei ao estágio final de teste. Sou o próximo, eu não quero te deixar. Não quero — ele diz e as lágrimas rolam.

Hayley começa a fungar contra o abraço de Newt. Ela segura o rosto dele em mãos e olha nos olhos dele.

— Vamos nos reencontrar. Não se esqueça de mim, meu amor. — ela disse e Newt acabou com a distância entre eles.

Ele uniu seus lábios ao dela, um breve beijo urgente, mas cheio de significados. A garota deixou as lágrimas rolarem e Newt se afastou e admirou o rosto dela.

— Eu te amo, nunca vou me esquecer de você. Eu prometo. — entrelaçou as mãos dele nas dela.

Newt naquela noite foi preparado para os procedimentos e na manhã seguinte Hayley notou algo errado quando colocaram ela junto de um garoto novo.

(...)

— Ai... — ela resmunga se erguendo com a ajuda de Chuck.

— Você está bem? — Newt pergunta

— Newt. — ela o olha perplexa e ele não entende muito bem o que está acontecendo.

— O que foi? Por que está me olhando assim?— ele pergunta.

Hayley gostaria de dizer o que viu, mas lembrou de que ele tinha tido a mente apagada assim como ela.

— Acho que tinha razão. Preciso descansar. — ela disse tentando levantar.

Newt se prontificou a ajudar ela a ir para a construção onde eles dormiam.

— Você precisa de alguma coisa?— ele perguntou e ela negou com a cabeça.
Ele se virou prestes a sair e ela o chamou.

— Newt...

— O quê?— ele a olhou

— Você não se lembra de nada de antes do labirinto? Nada mesmo?

— Que pergunta é essa? — ele riu. — Acho que bateu a cabeça. Mas enfim, como Thomas disse a você. Ninguém se lembra de nada de antes do labirinto. Eu menos ainda. Por quê?

— Nada. Obrigada por me ajudar. — ela diz e se deita virando de costas para ele.
Newt a olhou uma última vez.

— Descanse, novata. — ele diz saindo da instalação e Hayley solta o ar que prendia desabando em lágrimas.

Por que aquilo estava acontecendo? O que fizeram com cada um deles afinal?

The Powerful BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora