13. Você não passa de uma covarde

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Um tapa na cara? Jura? Mas que merda eu havia feito para receber um tapa? Delphine era uma mulher estranhamente surpreendente. Não posso negar que sua atitude me assustou, mas ainda assim, meu interesse por ela segue intacto. E aquele beijo... eu nunca teria imaginado que seus lábios tivessem um gosto tão doce e tão provocante ao mesmo tempo.

Ela era realmente uma mulher em um milhão.

Não me lembro de uma última vez em que tive tanta vontade de ser beijada, tocada, desejada por alguém desde... bom, desde muitos acontecidos atrás. Delphine Cormier me arrebentava, e o que mais me intrigava, era que ela não fazia esforço algum para tal, e não tinha a mínima ideia do poder, do domínio que tinha sobre mim. Eu me ajoelharia aos seus pés se preciso fosse.

Entrei correndo no carro para não me molhar ainda mais, mas àquela altura, eu já nem me importava tanto. A chuva caía sem piedade alguma, e seria complicado chegar em casa se aumentasse ainda mais. Talvez fosse mais seguro ficar em um hotel, mas sem meu celular aqui, não conseguiria avisar Paul para que ele ficasse despreocupado. Não que eu o fizesse com frequência, mas ainda assim, era algo a ser pensado, ao menos por aquela noite.

Dei partida com a chave na ignição do carro, coloquei uma música calma e comecei a dirigir. Eu não sabia se me enfurecia com Delphine por sua atitude, ou se ficava sorrindo feito boba, exatamente como eu estava fazendo. A chuva me impossibilitava de enxergar com clareza, mas ao menos a estrada estava vazia apesar de muito lisa.

Eu precisava focar na direção, mas tudo o que eu conseguia, era focar em Delphine. Em suas mãos segurando meu rosto, com um medo que eu não sabia o motivo. E o choro que veio de repente, e que eu não fazia ideia do que poderia se tratar, pois ela que havia tomado a atitude de me beijar naquela noite, ela havia me convidado para subir para o seu apartamento. O que Delphine me escondia de tão sério?

Olhei para o lado, no banco passageiro do carro e constatei que Delphine havia esquecido seu sobretudo escuro. Bom, ela certamente teria que ir até a minha casa pegá-lo, e quem sabe, pudesse ficar por lá mesmo. Me peguei olhando por muito tempo para aquela peça de roupa, enquanto sorria ao lembrar da incógnita de mulher pela qual eu estava criando um interesse mais potente, e nem percebi que, naquela maldita estrada na beira de uma montanha alta, havia um deslizamento de rochas, que certamente impediria a minha passagem.

Virei o volante de uma vez para esquerda na tentativa de desviar, pois não adiantaria tentar usar o freio, não daria tempo.

– Caralho! – gritei para mim mesma quando tentei voltar para a direção, mas a curva fechada estava bem à minha frente, e senti o carro bater no parapeito no mesmo momento em que tentei desviar. Meu veículo virou de uma vez, e começou a capotar de lado. Uma, duas, sete rodopiadas e eu ainda girava por aquela colina extremamente alta e perigosa.

Era muita sorte eu ter afivelado o cinto de segurança, e mesmo assim, sentia minha cabeça bater no teto do carro. Não demorou muito, mais algumas batidas e senti meu sangue ferver. Eu não estava com medo, mas cair dentro do lago certamente seria um problema. Quando o carro parou, de cabeça para baixo, tentei gritar, tentei desafivelar o cinto e sair, mas minha visão estava turva e eu minha garganta e meu corpo inteiro, doíam horrores. Imediatamente pensei em Alison, e em seguida, antes de tudo escurecer completamente e eu ficar inconsciente, em Delphine.

Delphine POV

Eu precisava me desculpar com Cosima, mas não conseguiria. Nunca antes eu havia batido em alguém. Eu não era assim. Mas era tão mais fácil culpá-la por me fazer ter vontade de lhe beijar, do que assumir o meu erro quando eu já tinha alguém com quem me preocupar em um compromisso.

Era tão mais fácil jogar toda a culpa em Cosima, por ser uma mulher incrível, segura de si e completamente atraente, lisonjeada por quem pensava que nunca iria olhar para uma mulher como agora eu olhava, já que nunca fui permitida a me trair por outras pessoas que não fossem Anthony, do que assumir, bater no peito e afirmar que talvez, lá fundo eu pudesse sentir um interesse maior por ela. Mas bem no fundo, pois disso eu nada sabia.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora