O vidro do carro é abaixado e uma voz familiar diz:
- Aonde pensa que vai?
Era o senhor da biblioteca, que já havia notado que Edson era um tanto impulsivo e certamente voltaria para aquele local em busca de pistas.
- Imagino que já saiba. É claro que vou ao porto. Disse-me que poderia encontrar algo a respeito do sumiço de Júlia lá. - Responde Edson
- E também disse para voltarmos lá amanhã. Ou não prestou atenção nessa parte?
- Eu não conseguiria dormir esta noite sem respostas da minha mulher. Preciso encontrá-la.
- Rapaz, não estou aqui para impedí-lo. Vamos, entre logo no meu carro.
Edson fica um pouco pensativo, mas entra no carro.
- Afinal, por que o senhor está me ajudando? Não me deve absolutamente nada. Deveria estar em casa dormindo a essas horas.
- De certo eu não lhe devo nada. E poderia muito bem estar na minha cama, aconchegado. Mas tem uma coisa que deve saber.
- E o que seria?
- Essa coisa, isso que raptou a sua esposa.
- Como assim, coisa?
- Ela não é humana, meu jovem. É uma história antiga.
- Como uma lenda?
- Oh, não. Lendas são histórias fictícias. O que vou te contar agora é algo real, que aconteceu nesta cidade.
O senhor prossegue:
- O porto da cidade foi marcado por uma macabra história de ser um lugar onde ocorria a prática de tráfico de órgãos humanos.
- Tráfico de órgãos?
- Isso mesmo. Mas já deve fazer uns 50 anos que está interditado. Este feito ocorreu após a última noite último de sumiços registrados na cidade. Uma moça, que era esposa do delegado da cidade desapareceu, deixando para trás seu marido e filho, além de uma língua. O policial no mesmo instante que notou o fato ocorrido, mobilizou todos os militares em seu comando para rastreá-la.
- Ele conseguiu?
- Uma de suas equipes de busca foi em direção ao porto, e lá notou um barco sinistro atracado. Como era suspeito, decidiram ligar para seu comandante e avisá-lo.
- Ele imediatamente foi ao local, mas ao chegar nele os dois policiais haviam desaparecido também.
- Falhou em sua missão de recuperar sua mulher, e além disso perdeu dois homens. Ele estava arrasado. A última coisa que fez antes de cometer suicídio foi estabelecer que o porto seria interditado para sempre.
- Desde então, é bem verdade que os casos de desaparecimento nunca mais ocorreram. - Completou o senhor.
- Você disse algo sobre contrariar um homem da lei em nossa primeira conversa na biblioteca. O que significa? - Pergunta Edson.
- O filho do casal, é o atual delegado da nossa cidade.
- Então é isso.
- Após o desaparecimento de sua mãe e a morte do seu pai, ele fora levado para fora da cidade para ser criado por sua tia. Quando já era maior de idade, voltou e resolveu virar policial, como seu pai.
Talvez para resolver o mistério.- Podemos contar com a ajuda dele nesse caso, não acha?
- Ele mesmo disse para ficar longe deste caso. Acredito que é o melhor a fazer.
- Tudo bem, então vamos logo ao porto ver se achamos algo para ajudar a nossa busca.
- Certo, garoto. Entre no carro.
Edson entra no veículo e fica calado. Pensava na possibilidade de falar com o delegado e oferecer sua ajuda.
O carro parte em direção ao local.
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Não Diga Um A
Mystery / ThrillerQuando um estranho bate à porta, certamente você fica um pouco receoso em atendê-lo, e com razão, afinal, não se deve confiar em pessoas nunca vistas. E se esse, além de desconhecido, for mudo e comunicar-se através de sinais irreconhecíveis? CUIDAD...