09. Um tiro no passado.

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Lauren Jauregui's point of view.

Minha visão se fundindo em um clarão novamente. Foi isso que aconteceu antes de me ver beijando um cara em um enorme e espaçoso quarto. O som da música eletrizante sendo abafada pelas paredes inundava meus ouvidos, o que me fez pensar que estava em uma festa. Eu não parecia gostar do que estava fazendo, até que, em um ato sutil e disfarçado, retirei de dentro do meu elegante casaco uma adaga muito bem detalhada, o apunhalando pelas costas no segundo seguinte, sem nenhum resquício de arrependimento. Aí sim eu pareci gostar, pois, enquanto sentia o sangue umedecer minha mão e ouvia o murmúrio agonizante do homem que provavelmente pensava que iria me levar para a cama, eu abri um sorriso ladino. Um sorriso satisfeito. Eu vi isso enquanto beijava Camila.

É claro que eu não contei para ninguém desta minha lembrança, ainda não estava louca para revelar tal ato tão cruel que fiz a sangue frio e com um sorriso no rosto. Eu provavelmente já estaria atrás das grades agora mesmo, esperando por um julgamento decisivo. E eu, obviamente, não queria ir para prisão.

Depois que Camila e eu nos demos por exaustas após uma longa madrugada baseada em whisky e prazer que já havia se estendido até mesmo para seu carro, chegamos em sua casa, tomamos um banho e fomos nos deitar. A mulher provavelmente deveria ter dormido, mas eu, no silêncio daquele quarto, não consegui pensar em outra coisa senão os pequenos fragmentos que estava tendo. Quem eu era, de fato? Eu já tinha na cabeça que realmente carregava o título de assassina comigo, mas com o que eu estava metida para chegar em um nível de ter minha memória apagada? Quem o fez? E se, por algum motivo que não me lembro, eu quem tenha feito isso comigo mesma? E se sim... por quê?

Todas as perguntas ficaram sem respostas, obviamente. E agora, eu estava sentada no banco de espera do lado de fora do escritório de Camila, onde ela e suas companheiras estavam em uma pequena reunião. Eu não havia a visto desde que fui deitar, pois, depois de acabar caindo no sono por cerca de uma hora quando o dia já tinha amanhecido, a mulher saiu antes que eu pudesse acordar, deixando um bilhete e dinheiro para o táxi, uma vez que precisaria sair mais cedo para esta reunião.
Minha cabeça ainda se baseava nesses pensamentos, e eu tentava, de forma pratica e organizada, criar um mapa mental para que gravasse cada flash que eu me lembrava, cada momento passado aqui desde que eu acordei sem levantar suspeitas de que estava o fazendo. Isso tinha que ter uma ligação. Tudo isso.

- Vamos fazer isso hoje, então. – Ouvi a voz de Camila do outro lado da fina parede, segundos antes da porta ser aberta, dando espaço para Dinah e Halsey saírem da sala.

A maior passou na frente, anotando algo em uma pequena agenda, e eu me levantei, pronta para me aproximar. Desejei bom dia a ambas, que me responderam com um sorriso no rosto e um aceno de mão, com exceção de Camila, que regressou à sua sala, sem abrir um sorriso sequer.

- Ela está insuportável hoje, não é pessoal. – Halsey comentou em um tom descontraído ao perceber o ato de Camila e minha testa franzida. – Dinah e eu vamos estar na ala esquerda para caso você não aguente a fera.

Ela soltou uma piscadela e se foi junto a companheira em meio a uma conversa banal.
Pensei algumas vezes em seguir o caminho com elas, mas pela forma que Camila me olhou, provavelmente aquilo era sim pessoal, e caso eu tenha feito algo errado, ou levantado alguma suspeita, eu precisava saber. E se ela descobriu que eu andei tendo memórias e não contei?

- Posso entrar? – Perguntei após dar dois toques na porta e abri-la, de forma que minha cabeça fosse a única a adentrar, de fato, sua sala a princípio.

- Pode, mas seja rápida, não estou com muito tempo. – Ela disse em um tom ríspido, sem se dar o trabalho de me olhar, e eu franzi o cenho mais uma vez, pensando seriamente em apenas dar meia volta e alcançar as meninas.

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora