Tem uma pequena flor amarela
Repousando no meio do meu jardim
Ela não é como a rosa, a mais bela
E não tão perfumada quanto o jasmim
Não é formosa como a camélia
Não entendo e até me espanto
Pois não é sequer nobre como a bromélia
Nem tão humilde como o agapanto
Jamais seria atraente como a petúnia
Muito menos inocente como a margarida
Dizer calma como lavanda, é calúnia
A pequena flor nunca está resolvida
Como o girassol, não é obediente
Às vezes acho que é delírio
Pois nem como o cravo é imponente
Sequer querida como o lírio
Não espalha alegria como a begônia
Não se mantém fiel como o amaranto
Nem é perseverante como a magnólia
Jamais sincera como o crisântemo
Alamanda, violeta, delfínio, hibisco
No jardim, por onde quer que você ruma
Cruza com azaléia, hortência, narciso
Mas, dentre as flores destaca-se uma
É uma "qualquer flor"
Daquelas que quase achamos praga
Não se destaca por perfume, cor
Nasce sem semente e cresce sem rega
Mas de todas é a que mais admiro
Ela é quem é, e não vai deixar se ser
Ela não precisa de qualquer adjetivo
É a flor mais verdadeira, no seu florescer
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Flores murchas
PoesíaUma coletânea dos mais variados devaneios e pseudo-poesias escritas nos momentos mais inusitados de uma garota que - ainda - não cultivou seu próprio jardim. Aviso: contém comportamento autodestrutivo/temas sensíveis Todas as fotos utilizadas são au...