I love when you call me...

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Eu tinha me mudado para os Estados Unidos há mais ou menos sete meses. Minha mãe era enfermeira e meu pai, fuzileiro. Eu cursava Design em uma das melhores faculdades do país e tinha uma irmã que estava no High School.

Tudo estava indo bem na minha vida até que eu o conheci. O cara mais famosinho do curso de Design. Um asiático abusado que atendia pelo nome de Johnny Suh. Foi transferido para a minha sala no meio do primeiro semestre e ralou para conseguir passar para o segundo. Ele sempre andava com mais dois asiáticos a tira colo e, depois, descobri que minhas amigas estavam enroladas com os amiguinhos do senhor sabe-tudo.

Minha vida realmente saiu dos trilhos quando Johnny resolveu me convidar para o baile de boas-vindas do semestre seguinte. E agora estávamos aqui, nos primeiros dias do segundo período, o clima tão incerto quanto minha relação com Johnny.

— Martínez! — ouvi alguém me chamar, mas não me dignei a tirar o fone ou olhar para trás. As pessoas adoravam me chamar pelo sobrenome apenas pela sonoridade dele. — Martínez! — a voz me chamou de novo, porém, dessa vez, senti meu fone ser tirado e um ombro esbarrar no meu. Virei o rosto para encontrar Lily ali, me encarando. — Donghyuck disse que Johnny está te procurando feito um louco.

Donghyuck era um dos amigos de Johnny. Cursava Cinema e tinha se encantado por Lily, também conhecida como minha melhor amiga, que cursava Literatura inglesa, segundo período. Eles começaram a namorar depois do baile de boas-vindas, que Lily inclusive não foi, e eram um grude só.

— Eu não quero saber do Suh. — respondi irritada. Fazia duas semanas desde o baile e Johnny passou de um ursinho para um babaca. Nós ficamos na noite do baile, foi perfeito, mas tinha sido só isso. Ele continuava me chamando de Martínez como se não me conhecesse. E realmente agia como se isso fosse a maior verdade existente.

— Você só está brava porque está apaixonada, Emy. — Lily riu. Quando respirei para responder, ela colocou o indicador no meu rosto, me pedindo silêncio. Puxou o celular do bolso e o levou à orelha. — Oi, amor. — ela atendeu. Certamente era Donghyuck. — Não. Aham. Claro, Donghyuck. Não demore. OK. Donghyuck, por favor. — ela desligou o aparelho e suspirou cansada. — Donghyuck tira a minha paciência às vezes, sabia? — reclamou.

— Mas você gosta dele. — rebati com a sobrancelha erguida.

— Sim, ele é meu solzinho. — ela sorriu apaixonada. E era por isso que eu estava irritada com Johnny. Queria que ele fosse meu ursinho. E que eu pudesse dizer isso para todo mundo. Suspirei irritada. — Emy, se quer tanto namorar o Johnny, por que não faz o pedido? — ela perguntou divertida.

— Não quero falar sobre isso. — respondi.

Lily e eu estudamos juntas no Brasil. A mãe dela, professora de Química, tinha sido convidada para trabalhar na Universidade onde estudávamos e ela tinha mudado primeiro que eu.

— Lily, eu estou indo para casa, sim? — avisei. Lily sorriu de lado e quando eu ia perguntar o porquê daquele sorriso, senti duas mãos me agarrarem pela cintura e um corpo alto e forte se juntar ao meu.

— Onde vai, Martínez? — a voz grave de Johnny perguntou no meu ouvido.

— Não é da sua conta. — respondi sem lhe olhar.

— Essa doeu, hyung. — a voz melodiosa de Donghyuck se fez ouvir e vi quando ele se abraçou a Lily.

— Donghyuck, me dá uma força. — Johnny pediu.

— Ele não pode, John. — rebati e me soltei de seu abraço. — Agora me deixe em paz.

Saí em direção ao meu carro, precisava passar na agência onde tinha trabalhado por duas semanas antes de ser cruelmente demitida. Ainda ouvi Johnny me chamando algumas vezes, mas o ignorei. Não estava afim de ouvir explicações. Assim que fechei a porta do carro, pouco antes de dar partida, meu celular tocou.

SeñoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora