Prólogo

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______'s Perspective


Apoiando a minha mão sobre as minhas costas, eu solto um resmungo um pouco alto enquanto contava quanto havíamos ganhado naquela parte do dia. Gostava de Mabel, mas eu não confiava nem um pouco nela mesmo a garota sendo a filha única de Sam. Os amigos dela viviam na floricultura, o grupinho dela podia muito bem roubar algo e colocar a culpa em mim, ela me odiava a ponto de me acusar de roubo, no início era preconceito por a minha pessoa ser moradora de rua, mas depois que eu apoiei Sam a seguir em frente, a se casar com Junseo, Mabel passou a me odiar mais que tudo no mundo, queria que Sam voltasse com seu pai, com aquele mulherengo.


- As suas costas estão doendo, querida? - escuto aquela voz fina, aquela voz extremamente irritante de Mabel. Soltando um suspiro, guardo toda a quantia no envelope e quando ia fechá-lo, escuto mais uma vez a voz dela. - Que pergunta estúpida, Mabel! - bate em sua própria testa, eu aperto o envelope com uma certa força. - Claro que você dormiu mal, dorme no chão todos os dias!! - Mabel e todos os amigos dela caem na gargalhada.


- É por isso que eu estou sentindo esse cheiro podre vindo dela? - Suho comenta com um sorriso, com aquele seu sorriso malicioso, maldoso, bem estampado em seu rosto. Guardo o envelope com o dinheiro após pegar a minha parte na última gaveta caminhando em direção a saída, já estava na hora do meu almoço e eu não ia perder nenhum segundo sequer, amava o meu emprego mais que tudo, mas ficava feliz sabendo que ficaria longe de Mabel, mesmo que fosse por apenas uma horinha, eu saia lucrando nisso.


- Opa, acho que precisa se um chinelo novo, ______! - Sehun diz após a Olivia pisar em meu chinelo e eu tropeçar, além de arrebentá-lo, eu acabo batendo de cara no peito forte de alguém. A gargalhada alta de todos eles quatro preenche a floricultura enquanto eu abaixava a minha cabeça, não era minha culpa aquilo ter acontecido, mas eu havia ficado envergonhada.


- Eu sinto muito! - me desculpo em um tom baixo sem olhar para ele, o moreno iria falar algo, mas eu logo ergo a minha cabeça e saio dali. Engulo o meu choro respirando fundo enquanto caminho em direção a uma praça do outro lado da rua, um sorriso acaba surgindo entre os meus lábios após eu perceber a presença das minhas duas princesinhas. - Peguei! - Nari e Nabi soltam gritinhos misturados com suas risadinhas enquanto eu pegava elas por trás as levantando do chão e as abraçando com um pouquinho de força fazendo Nabi resmungar baixinho e Nari agarrar em mim ainda mais.


- Eu estava morrendo de saudades, titia, você sumiu! - Nari diz com seu sorrisinho estampado em seu rosto enquanto passava ambos aqueles seus pequenos bracinhos ao redor do meu pescoço. Mais umas vez a Nabi solta um resmungo e eu solto uma risadinha colocando a mais velha no chão, as duas eram gêmeas, mas Nabi era segundos mais velha que a Nari. - Achei que você havia nos esquecido, titia, até a sem coração da Nabi chorou, ela e eu sentimos muito a sua falta! - ela faz o seu biquinho fofo e eu logo ri.


- Eu também estava morrendo de saudades de vocês, meu amor! - digo e dou vários beijinhos em sua bochecha, a mesma gargalha e eu logo sinto Nabi começar a puxar a minha blusa para baixo, sorri dando um beijo bem em sua testinha. - O que vocês duas estão fazendo aqui sozinhas? Cadê o papai e a mamãe...? - eu pergunto a elas duas enquanto olhava ao redor.


- Desde que a Nari quase botou fogo no escritório do chefe da mamãe, o chefe da mamãe proibiu a nossa entrada lá! Papai foi buscar ela e deixou a gente aqui para brincar no parquinho, ele disse que qualquer coisa a gente ia atrás de você na floricultura! - a Nabi diz olhando séria para a sua irmã e eu logo gargalho me lembrando do dia que Nari resolveu futricar demais nas coisas do escritório do chefe de Nayeon. No dia não foi nem um pouco engraçado, Nayeon e Jackson acharam que ela iria perder o emprego, mas no final o chefe dela não a demitiu, o que foi um alívio enorme para todos.


- Estou com fome! - a pequena em meus braços reclama apoiando uma de suas mãos em sua barriguinha, Nabi desvia o olhar, assim com sua irmã mais nova, a garotinha também estava com fome. As coisas para Jackson e Nayeon não estavam tão fáceis assim, eles mal saíram das ruas e já sabiam que algum dia teriam que voltar caso o dinheiro não desse mais, ambos os dois ganhavam mais que eu, mas eram quatro bocas para alimentar, eu só tinha duas, a minha e a de Aren, meu pai de consideração. No início tentei ajudar eles com o pouco que eu tinha... mas eles logo começaram a negar.


- O que acham de sorvete? - pergunto sorrindo, meu sorriso se estende ainda mais após eu ver aqueles olhinhos delas duas brilhando, eu caminho até o carrinho de sorvete enquanto segurava as mãozinhas das duas, sinto elas abraçarem as minhas pernas bem felizes. - Quero dois de chocolate!


(...)


- PAI! - eu grito o assustando com um sorriso sapeca entre meus lábios. Aren cai de bunda no colchão e após perceber toda a situação, me encara sério por alguns segundos, mas logo cai na gargalhada. Eu caminho até ele e me sento ao seu lado com um sorriso enorme entre ambos meus lábios.


- Você ainda irá matar esse velhote aqui do coração, minha filha, seja de susto ou de orgulho! - Aren diz me abraçando de lado e depositando um selar carinhoso em minha testa, eu sorri e entrego a ele uma marmita, ele a pega e quando a abre, um sorriso ilumina todo o seu rosto. - Tudo aqui aparenta estar delicioso, minha filha! Obrigado, mas você já comeu? - os seus olhos pousam sobre mim e eu abro o meu sorriso mais convincente.


- Comi sai, pai! Estava morrendo de fome, então vim comendo! - eu me viro para não encarar ele, Aren sabia quando eu estava mentindo. Eu volto a olhar para ele mostrando um remédio, um remédio que ele precisa mais que urgentemente tomar. - Consegui comprar o remédio! - sorrindo, as suas mãos logo seguram as minhas e ele abre um sorriso enorme, eu sorri.



- Obrigado por tudo que você está fazendo por mim, minha menina! - o mais velho diz me dando um sorriso sincero enquanto acariciava ambas as minhas mãos carinhosamente. - Sinto muito por todo esse trabalho, todo esse trabalho que eu estou dando a você, minha filha! Você é jovem, tinha que estar fazendo faculdade e vivendo a sua vida, mas está aqui, você está aqui tomando conta desse velho! - respira fundo me olhando bem triste.


- Pai, eu já disse para você nunca mais dizer isso! - eu o olho sério, Aren desvia o olhar se sentindo culpado. Eu ganhei uma bolsa na faculdade, ela cobria tudo, mas eu não fui, Aren adoeceu e eu não podia simplesmente o deixar para trás. Ele sabe que eu tenho dormido no chão para ele ter mais espaço no colchão, sabe que eu não tenho comido direito para comprar os seus remédios e comidas deliciosas para ele, meu pai se sentia culpado. - Você encontrou uma criança sozinho e chorando no parque, você a salvou de dois homens que queriam levá-la e fazer alguma maldade com ela, não seguiu o seu sonho pois tinha que arrumar um emprego logo para poder a sustentar, cuidar dela! Agora é hora dessa criança fazer o mesmo por você e muito mais!!! - beijo a sua testa sentindo as minhas vistas embaçarem.


- Eu nunca irei me arrepender das escolhas que eu fiz, sabe por quê? - o meu pai me encara, mas eu logo nego observando o Aren atentamente. - Todas elas me levaram a você, as ruins e as boas, ambas, me fizeram parar naquele parque aquele dia e ajudar uma garotinha perdida! - apoia a sua mão em meu rosto e eu sorri deitando a minha cabeça ali. - Eu cometeria os mesmos erros, faria as mesmas escolhas se tudo isso me levasse a você, minha filha! Você é o meu maior orgulho, eu te amo muito e como um pai, eu quero uma vida boa para você, uma que não seja igual a minha! - seus olhos se enchem de lágrimas. - Quero que agarre todas as oportunidades que aparecerem sem pensar em mais nada, sem pensar em mim, se o que você quer é deixar esse velho feliz e mais orgulhoso do que ele já é... - eu observo o seu dedinho estendido em minha direção e logo olho para Aren.


- Pai, eu não posso simplesmente prometer isso!! E se essa oportunidade for em outro país, eu não posso te deixar para trás, papai, não posso! - o encaro já chorando e ele logo me abraça com um pouco de força tocando o meu cabelo carinhosamente. - Você é tudo que eu tenho, pai, você é o ser mais importante do mundo para mim, eu te amo muito!! - eu soluço.


- Não, querida! Você tem que ser o ser mais importante em sua vida, ser a pessoa que você mais ama! - acaricia as minhas costas e eu choro, algo me fazia não querer sair daquele abraço nunca. - Tem que seguir os seus sonhos e a sua vida sem se preocupar com ninguém, desde que não afete o próximo! Você sabe o seu valor e nunca deixe ninguém te fazer pensar o contrário, você terá uma vida maravilhosa, minha menina, e eu sinto isso! Siga a sua vida e nunca deixe ninguém te colocar para baixo, te ofender e te humilhar, ignore-os e nunca ligue para eles, você é perfeita do jeito que é, e se algo seu errado, você se esforçou, então não se culpe por isso, não fique pensando nesse erro, apenas siga em frente!! Nunca deixe ninguém apagar o seu brilho, deixe-os o aturar ou surtar, mas nunca mude e nunca se diminua! - Aren diz firme olhando em meus olhos e eu logo concordo.


- Eu te amo, papai! - eu sussurro o abraçando mais uma vez.


- Eu também te amo, minha menina! - Aren retribui o meu abraço.


(...)


- Mabel? Você pode fechar a floricultura hoje? - chamo a garota que se escorava em planta quase esmagando a mesma enquanto lixava as unhas de suas mãos. Ela me encara fazendo uma cara de cu enorme, respirando fundo, eu me apoio no balcão, eu realmente não estava me sentindo nem um pouco bem. - Por favor, eu não estou me sentindo muito bem hoje e preciso andar quilômetros! - suplico a olhando e a mesma dá de ombros.


- Se vira, pulguenta! - diz sem me olhar indo em direção a sua casa que ficava nos fundos. Reviro os meus olhos. Claro que Mabel não iria ajudar a minha pessoa. Me sentia umas baita de uma idiota por ter pensado isso.


Deixo o envelope em cima do balcão e caminho em direção a porta para ir embora, algo em mim me dizia que eu tinha que ir embora logo. Corro até o local que eu e Aren ficávamos já sentindo pingos de chuva sobre mim, a chuva logo iria engrossar e eu precisava me apressar, correr mais rápido.


- PAI? - o chamo, mas ele não me responde. Olho ao redor procurando o mesmo e logo paro o meu olhar sobre o beco, abro um sorriso, o Aren ia lá sempre que se sentia entediado, não podia andar muito e isso o matava de sofrimento. - PAI? - o chamo e ele não responde, ia sair dali até que algo se mexe embaixo de umas caixas, corro até lá e meu coração logo se acelera após eu ver meu pai encharcado de sangue, ele me olhava com os seus olhos arregalados e cuspia sangue tremendo. - Pai? - meus olhos logo se enchem de lágrimas enquanto eu toco o seu rosto machucado. - O que aconteceu, pai? - choro observando o mesmo, ele apenas sorri.


- Filha...


- Fique aqui e fique vivo! Eu trarei ajuda, por favor, pai! - eu beijo a sua mão o olhando com um olhar de súplica. Ele concorda e eu logo começo a correr procurando por ajuda, não havia ninguém na rua, e os que haviam, não queriam me ajudar. Eu ia atravessar a rua até que um carro surge do nada na esquina, eu arregalo os meus olhos achando que ele iria me acertar, mas o garoto consegue parar o carro bastante assustado e com raiva.


- FICOU MALUCA? - ele grita com raiva, eu o ignoto caindo de joelhos na frente do carro, chorando e fraca, assustada e sem chão.

The CEO's Wife - Kim Taehyung Onde histórias criam vida. Descubra agora