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Nunca estivemos aqui
Na primavera de 2004, Mads inicia uma conversa.
Ele ainda está usando aquela estranha roupa inspirada em uma armadura asiática porque tem outro ensaio de fantasia em uma hora.
"Você não está se preparando?"
Hugh Dancy levanta os olhos de seu livro, uma cópia em brochura de um romance de Philip Roth, semicerrando os olhos sob o sol.
Mads consegue decifrar a palavra "Mancha", impressa em letras grandes e sinistras na capa.
Dancy sorri, levantando uma sobrancelha inquisitiva.
"Não está lendo sobre o Rei Arthur?" Mads esclarece, um pouco preocupado por ele parecer muito alto, muito turbulento. Ele aponta para o livro.
Ele mesmo preparou uma folha de informações que seu agente lhe deu algumas semanas antes das filmagens e folheou uma lista de livros. Um de seus amigos imprimiu 'O Livro de Sir Tristram' em papel reciclado amarronzado e entregou-o a ele pouco antes de sua partida. Ele enfiou os lençóis em sua mala entre suéteres com capuz e jeans.
"Assisti a um filme no hotel", diz ele. "O Primeiro Cavaleiro".
"Ok, você está falando sério sobre a coisa da preparação", diz Dancy. Ele está olhando Mads com curiosidade, a cabeça inclinada.
Até agora, Mads evitou falar com Dancy sozinho. De alguma forma, ele está convencido de que Hugh Dancy é um conversador astuto e exigente, com sua sagacidade principalmente informada por um senso de polidez: ele se sentiria rude em sobrecarregar seu oposto com uma conversa branda. Ele é uma dessas pessoas que se sentem obrigadas a divertir.
