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KAROL

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KAROL

ELE É  gentil e tem um papo agradável, gosta do Bernardo e beija muuuito bem. Tô muito
atraída por ele.
— Beca, você tem que pensar com calma. Todos nós aqui da
redondeza sabemos o que você passou quando Ben faleceu. Esse
cara pode ser sua salvação, como também sua perdição. Você
precisa conversar com ele, conhecê-lo, saber se é isso o que você,
principalmente, quer — muito centrada e experiente, Pitty me
aconselha em um timbre firme.
— É, amiga, a Pitty tem razão. Para os homens é fácil transar e
deixar isso pra lá no dia seguinte, mas nós sabemos que você não é
Carolina , e que sexo casual não existe na sua rotina.
— Eu devo me afastar dele, então? — Meu cenho se franze em
um gesto de mágoa.
— Não. Primeiro que ele está de passagem; se você quiser se
divertir um pouco, aceite a proposta. O que estou dizendo é para não
pular nele rápido demais. Homens não dão muito valor à mulheres
que se atiram neles.
— E se ele cansar de esperar e não me quiser mais?
— Isso só comprovará nossa hipótese de que ele não vale nada
e quer só uma noite de sexo com a vizinha gatona.
— Quem é a vizinha gatona, se eu nem moro aqui?
Eu arregalo os olhos abismada ao ver carolina  parada na porta do
salão.
— carolina ! — Dou um pulo e corro de braços abertos. — Vaca!
Você disse que estava indo viajar.
Ela me abraça apertado e explica:
— Ainda vou hoje à tarde, mas passei para dar um tchauzinho
para todos. Já tomei café com o papai, então vim dar um olá e um
beijo em Beni.
Nos largamos. Eu olho para ela, sempre linda, de salto, calça de
sarja, camisa de seda e uma bolsa linda do lado. Às vezes, queria ter
um pedaço do que ela tem. Não estou falando do dinheiro, mas da
confiança. Ela olha direto nos olhos das pessoas, mantém sempre a
cabeça erguida e pode ter o maior abalo emocional, mas nunca se
abala fisicamente. Nem mesmo depois que mamãe sofreu um AVC
dois meses atrás e está internada em uma clínica de reabilitação.
Carolina  me deixa de lado e para abobalhada na frente de
Bernardo, que abana as mãozinhas implorando que ela o pegue.
— Meu Deus! Ele está enorme e tão… lindo. — carolina  mantém
a mão na boca, quase como se estivesse horrorizada. — Ele é a cara
do… — ela se interrompe, prende a respiração e olha para mim.
Estou aflita pelo que ela quase ia dizendo. Carolina entende e não
diz mais nada, pega o bebê no colo e dá vários beijinhos no rosto
dele.
— Gente, às vezes eu me sinto uma boba. Eu poderia ter
arrancado muito dinheiro daquele panaca usando esse menino.
— Credo, carolina ! Não acredito que disse isso — grito,
abismada.
As meninas olham perplexa para ela.
— Para de drama. Se você conhecesse Ruggero  e a raça dele, iria
querer fazer o mesmo. Esse garoto vale uma fortuna, e você é muito
boazinha para não usar isso ao seu favor.
— Ele é uma criança, carolina , não um objeto. — Rebato,
horrorizada.
— Uma criança filha de um homem rico que está enlouquecido
querendo encontrá-la.
— Ba-ba — Bernardo responde querendo dialogar.
— Ele não é lindo, meninas? — carolina  pergunta para Pitty e
Susie, que concordam apenas com um gesto de cabeça. Elas ainda
estão traumatizadas pela conversa da minha irmã.
Como ainda é de manhã e não tem muito movimento no salão,
Carolina  convence Pitty a dar um up no cabelo dela. E quem é doido
de contestar?
Contei a ela sobre meu novo vizinho fotógrafo gato que disse
que me quer, e minha irmã disse:
— Chata! Se joga, karol, a vida é curta.
Nem sei por que ainda conto alguma coisa pra ela.
— Mas eu nem conheço ele direito.
— E daí? Ele é bonito e está disposto, é o que basta. Como ele
se chama?
— Heitor.
Ela pensa um pouco com a mão no queixo.
— Conheço dois Heitor. Um é de São Paulo e é médico, e o
outro não está no Brasil e é feio. Como esse seu vizinho é?
— Sei lá. Bonitão, charmoso, alto, atlético e de cabelos pretos.
Carolina  sai da frente do espelho e me olha incrédula.
— Está jogando fora um moreno alto? Se quiser, eu vou fazer
uma visitinha a ele me fazendo passar por você.
Um ciuminho de leve bate em mim. Eu não quero Heitor se
engraçando com carolina . Ela pode dar a ele tudo o que eu não posso.
— Não, carolina . Depois você vai embora, e ele fica no meu pé
querendo repetir a dose.
— Tem razão. Depois de provar uma dose de carolina , todos
querem repetir. — Ela berra muito arrogante, passando a mão pelo
corpo e insinuando sua sensualidade — Mas isso não me impede de
conhecê-lo. Depois você vai me levar até ele.
— Venha, bandida, senta logo na cadeira. — Pitty empurra
Carolina .
Antes, ela corre até o aparelho de som, escolhe uma faixa e dá
play. Depois, corre até mim e me puxa. Estou sentada, mas me
levanto aos tropeços, como uma demente, porque minha irmã pirada
quer dançar.
Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber…
— Lembra dessa música, kah ?
— Sim, me lembro. Agora pode soltar meus braços.
— Cante, karol , deixe de ser pé no saco.
Eu reviro os olhos, Pitty dá de ombros e, rindo, eu começo a
cantar com ela.
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante…
Ela me empurra para uma cadeira e senta na outra.
— Dá uma geral na minha irmã, Pitty. É por minha conta. Quero
que o tal fotógrafo exploda de tesão quando a vir de novo.
— carolina, por que eu vou arrumar o cabelo se nem saio pra
lugar algum?
— E, mesmo assim, ainda existem gostosões querendo transar
com você. Dê graças a Deus, mana.
Eu não permiti que Pitty fizesse no meu cabelo o mesmo que
Carolina  fez no dela. Eu adoro o comprimento e a cor do nosso cabelo,
mas ela resolveu cortar na altura do ombro e deixar bem liso. Disse
que, como vai viajar, o cabelo tem que ser mais prático.
Quando terminamos, eu e carolina  vamos para a padaria. Renato
nos recebe com uma alegria extrema. Ele não gosta muito de carolina 
porque ela fala verdades na cara, mas atura ela por minha causa.
— Ei, loirão! O que acha do cara que quer transar com kah ? —
ela pergunta tão logo cumprimenta Renato.
Foi assim, do nada, à queima roupa. Ele não esperava, eu não
esperava, e ficamos todos pálidos e chocados. Menos ela, é claro,
afinal carolina  faz isso apenas para criar atrito; ela ama deixar um
clima estranho. Renato olha para mim com aquela expressão de pai
protetor pedindo uma explicação plausível para o que está
acontecendo. Dou um cutucão nela, mas não tem mais jeito. Carolina
já jogou a merda no ventilador.
— Você o conhece, Renato? — ela finge que nada aconteceu e
torna a perguntar.
— Eu suponho que ela esteja se referindo ao meu novo inquilino,
não é mesmo, kah ?
Droga! Ele precisa me olhar desse jeito? Como se eu fosse a
esposa dele e estivesse pulando a cerca? E, pelo amor de Cristo, nós
não somos nada.
— Sim, é o Heitor.
— Que história louca é essa? Ele está te incomodando? —
Agora meu padeiro protetor, me olhar intrigado, raivoso, eu diria.

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora