Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜ

Vem o Arco-Íris pt. II

Aquela faculdade ia explodir, ela sabia.

Sabia que quando aparecesse de mãos dadas com Neji as pessoas iam falar, deduzir, especular — mas não esperava por nada daquilo. Burburinhos por onde quer que eles passassem, mais de mil mensagens no celular, aplicativos travando e três trends no Twitter. Sabia que Hinata estava encabeçando cada uma delas, enchendo a timeline com seus surtos característicos, jorrando comemorações insultuosas para o mundo inteiro ver. Uma avalanche de memes. Na metade do primeiro horário, Sakura desistiu completamente de seu celular. Estava travado. Ela o desligou, já que o barulho ininterrupto das notificações estava atrapalhando a aula da profª Shizune. Deveria sentir-se 100% feliz, radiante, mas essa não era sua realidade naquele momento. Estava assustada.

Eles eram como celebridades.

Fazendo cabeças virarem ao passar, tirando os mais variados sorrisos, sendo alvo de câmeras que falharam na missão de serem discretas. Atraindo cumprimentos amigáveis e abraços, incentivos e comemorações, todos querendo um pouco da atenção, do olhar do casal medicina mais quente de Konohagakure. Ela sabia que as perguntas viriam, muitas delas — ou melhor, já haviam chegado. O smartphone desligado comprovava isso.

As palavras de Shizune pareciam música de fundo, até mesmo as palavras que Sakura escrevia em seu caderno, eram robóticas, um simples produto de reprodução. O estômago da rosada revirava, precisava urgentemente encontrar Neji e sair dali o mais rápido possível. Ela sentia os olhares queimando suas costas, mas fingiu não se importar e permaneceu tranquila até o fim da aula, onde esperou todos saírem e juntos os materiais, pensando que iria para o sexto andar, esperar a aula dupla do namorado terminar e assim que o Hyuuga saísse pela porta de madeira, daria um jeito para que eles fugissem para algum lugar tranquilo.

— Amor! — Estava meio distraída quando saiu da sala, por isso se assustou um pouco com a figura alta encostada na parede, que logo se adiantou para abraçá-la. — Pensei que você tinha horário duplo hoje, ia subir pra lá.

Neji teria respondido que a profª Tsunade havia tido um imprevisto e não pôde lecionar, mas antes que pudesse pensar nisso os lábios de Sakura uniram-se aos seus quando a garota ficou na ponta dos pés para beijá-lo.

Não era como se ela estivesse planejando fazer isso, mas a Haruno não estava pensando agora. Precisava se distrair e os lábios do namorado a distraíam como ninguém, assim como as mãos que agora passeavam em seu corpo, descendo dos ombros para suas costas, deslizando nas laterais de suas costelas e fazendo subir arrepios, para parar exatamente na cintura da garota, com uma puxada enérgica que despertou na rosada sensações que ela não tinha há muito. Isso a fez parar. O que estava fazendo?!

Não sabia mais se os batimentos acelerados e a respiração meio ofegante eram pelo fôlego que perdera ou seu estado de nervos, e sinceramente ela nem queria saber. Quanto menos pensasse, melhor.

— Horário vago, a professora teve um imprevisto. — Respondeu simplesmente, não perdendo a oportunidade de fazer uma provocação, baixinha, no ouvido dela. — Porque parou, amorzinho? Ficou com medo de se exceder?

— Eu não vou responder porque estamos na faculdade. — A despeito da resposta ácida, o tom de Sakura era doce, mas baixo. — Mas você sabe o que eu queria dizer, não sabe?

— Claro, eu sei que você ama meus toques mas tem razão. Não ficaria bem se fôssemos pegos, não é? — O garoto sorriu, encarando-a nos olhos e segurando seu queixo de forma gentil. Ela revirou os olhos, tentando banalizar o que seria o vigésimo comentário ambíguo do dia, mas não conteve um sorrisinho.

— Você não pára nunca. — Respondeu, querendo não achar aquele mostrar de dentes especialmente sedutor. Apesar de não admitir, achava sim o primo de Hinata um belíssimo caminho para a perdição, mas quando sorria... quando ele sorria o magnetismo natural do Hyuuga ficava em seu ápice. — Eu só preciso me distrair um pouco... um tempo pra colocar meus pensamentos no lugar, talvez. Estava pensando em ir para a ala de estudos na biblioteca, lá é bem calmo.