Mira.
Eu só percebi que tudo tinha caído em cima de mim, quando eu senti a minha perna doer. Fora isso, tudo parecia normal, apesar de estar presa, e em um completo breu, eu me senti abraçada por todos aqueles escombros. Era como se eu estivesse dentro de um casulo de energia, quente e familiar. Me deu até vontade de dormir. Eu agarrei minhas próprias pernas e bocejei. Dormir agora seria tão bom. Eu estou tão cansada. Mas, a dor me tirou daquele transe, daquela falsa sensação de segurança. Eu imagino que Aang se sentiu assim, quando ficou preso naquele iceberg.
Mas, eu não podia ficar como ele, eu não podia ficar presa e desaparecer.
Eu tinha que sair dali. Porém, eu não conseguia me mexer. Minha posição não me permitia usar as mãos e nem os pés, para eu dobrar o ar. E não havia água perto. Eu me sentia incapaz.
Quando Suni me disse que eu tinha que sentir a terra, eu ainda não havia entendido muito bem, diferente de sentir a água, na qual é possível localizá-la como uma espécie de radar, eu não conseguia fazer o mesmo com a terra. Porém naquele momento, eu entendi o que a Suni quis dizer. Ficar envolvida por todos esses escombros e me sentir como parte dele, era assustador, mas também era estimulante. Eu podia sentir a movimentação acima de mim, como se tudo aquilo fosse uma extensão do meu próprio corpo. E eu também podia ouvir choros e pedidos de socorro. Era uma sinfonia assustadora.
Eu pensei naquelas pedras como parte de mim. Eu me senti grande e poderosa. Assim eu consegui me mover. Era pesado, era como arrastar um móvel gigante, e isso me cansava ainda mais, mas, tinha resultado, eu estava conseguindo abrir caminho para cima. Depois de um tempo, escalando tudo aquilo com o máximo cuidado, eu finalmente pude ver as frestas de luz, assim eu resolvi-me impulsionar, com os pés e a dobra de ar, eu me fiz ser lançada para cima. O que eu vi era pior do que qualquer coisa que eu já havia presenciado.
O palácio presidencial afundou-se em suas próprias estruturas, ele cedeu para baixo arrastando tudo para uma enorme cratera. O prédio, que exalava poder e imponência tinha sido reduzido a nada.
Agora sob os meu pé eu ouvia os gritos de socorro, e isso me deixou em pânico. Assim , mesmo com a perna machucada eu me ajoelhei e comecei a cavar com as mãos. Tentava tirar o máximo possível de pedras e ferragens, mas, era inútil. Eu não conseguiria salvar ninguém assim.
— Mira!
Eu ouvi alguém me chamar ao longe, uma voz familiar, que me fez parar de cavar. Eu olhei para trás e vi Suni.
Eu nunca havia ficado tão feliz. Um sentimento de abandono que me rondava desde que eu havia sido levada, foi embora. Eu me levantei e corri até ela.
Ela me abraçou com força. E eu retribui na mesma intensidade.
— Você está aqui! – Eu disse com animação.
Eu olhei para ela, e vi seus olhos verdes vermelhos. Ela choramingava e fungava.
— Nós conseguimos!Te encontramos!
— Nós?
Foi ai que eu percebi que estávamos cercadas por pessoas. Meelo, Fei e pessoas que eu nunca havia visto.
Fei se aproximou de mim.
— Você está ferida? – Ele perguntou.
Olhei para mim mesma.
— Minha perna dói um pouco, mas, não é nada preocupante.
Ele se abaixou e tocou na minha perna. Eu me retrai por causa da dor.
— É só uma luxação. Mas, não podemos deixar isso assim.
Ele estava com um recipiente que eu não havia notado. Igual ao de Kiha, eu não consegui sentir a água. Assim ele dobrou a água para fora e envolveu o meu joelho. Eu senti a água fria esquentar e aos poucos a dor foi sumindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)
PertualanganO mundo não é mais o mesmo. O número de dobradores está caindo a cada geração. O mundo está em paz. A tecnologia evoluiu muito e os dobradores não são mais necessários. Mas quanto mais raros eles ficam, mais poderosos e influentes eles são. O últi...