Livro 4 -Fogo : Capítulo 14 - Coragem - Parte 2

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Mira

Meus dias eram até que mais agitados do que eu havia imaginado. Ajudar o velho era uma tarefa árdua e complicada. Ele era exigente, muito exigente. Eu acabei conhecendo grande parte do bairro por causa de suas tarefas. Leva isso ali. Traga aquilo. Era só o que eu ouvia o dia inteiro.

Era fim de tarde. Eu olhava para o relógio, aguardando a chegada de todos. Suni e Meelo foram os primeiros a chegar, eles discutiam alguma coisa a respeito de uma criança. Sina chegou logo depois. Muito mais exausto do que qualquer um. Ele estava se empenhando no trabalho, o ruim era pensar que ele fazia isso para tentar esquecer do que havia ocorrido com Hina.

Eu estava ansiosamente esperando Riku. Nós ainda não havíamos começado a treinar, e apesar das desculpas dele, hoje eu não deixaria passar.

Só que ele estava demorando muito.

— Que horas mesmo que o Riku volta? – Eu perguntei para Sina.

— Por volta às 18h. Um pouco antes do sol se por.

E eu fiquei impaciente.

Suni até se ofereceu para treinar comigo já que Riku estava demorando tanto.

Quando a impaciência mudou para preocupação. Eram mais de 20 horas. Sina andava de um lado para o outro.

— Ele não cumpriu o combinado. Eu tinha avisado para ele.

Isso me deixou apreensiva. Não é que eu não confie nele, mas dependendo da situação ele mesmo não consegue se controlar.

— Ele deve estar bem. Você sabe como é a situação das ruas nessa cidade? – Suni disse amenizando a situação.

Eu suspirei. Não quero ficar pensando no pior.

O velho vendo toda aquela situação. Interveio.

— Ikir é meio lerdo mesmo. Deve ter colocado o menino para fazer toda a burocracia daquela espelunca.

O que ele disse me deixou tão apreensiva quanto antes. E se ele surtou por causa disso?

A maçaneta se mexeu perto às 23 horas. Somente Sina e eu estávamos acordados.

— Riku? – Eu chamei.

Quando ele apareceu. Eu fiquei chocada. Seu cabelo estava bagunçado. Havia um enorme hematoma entre seu olho e sua bochecha, sem contar os roxos por todo o seu braço.

— Eu esperava que todos estivessem dormindo. – Ele falou despreocupado.

Sina se aproximou dele. Seus olhos eram um misto de raiva e preocupação. O pegou pelo colarinho e o prensou contra a porta.

— O que você fez? – Ele disse quase gritando.

—Difícil de acreditar que eu estou assim por que eu não fiz nada? -- Riku disse.

Sina pensou um pouco e o soltou. Fazia sentido. Ele não sairia ferido de uma batalha a menos que quisesse.

Dessa vez fui eu que o cercou.

— O que você quis dizer com isso? Quem te bateu? Que porcaria aconteceu com você?

Ele desamassou o colarinho e sorriu.

— E vocês me chamam de esquentado?

Com toda a confusão, os outros acordaram.

— Você está todo quebrado! – Suni disse o óbvio quando o viu.

Meelo tentou acalmar nossos nervos. Ele pegou um pouco de água para tentar ajudar Riku.

— Tome. Tente esfriar e coloque no rosto dele. – Ele me disse me entregando.

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