Livro 4 -Fogo : Capítulo 17 - O vento do deserto

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Saira

Eu ainda não consigo me mover. Estou com o corpo de Tomu nos braços, e Ren, ele está de joelhos. Estático, sem conseguir se mexer.

Haru havia ido, e ninguém tinha conseguido impedi-lo. Eu me sinto impotente, triste, destruída.

Tomu.

Seu cabelo loiro cor de areia está grudado em seu rosto. Sua pele pálida , seus olhos, eu já os fechei.

Meus olhos doem. Eles estão inchados, como se eu tivesse chorado por horas, porém eu não tinha forças nem para chorar. Eu respiro profundamente.

Porém, eu não posso cair agora. Eu preciso me levantar, eu preciso reunir forças para lutar, se não for por mim, por Tomu, por Ren e por todas as outras pessoas.

Acomodo o corpo de Tomu no chão, e me levanto. Sinto minhas pernar ficarem bambas, mas recobro a minha força. Ando até Ren. Seus olhos perderam o brilho habitual, ele não se move

– Eu fracassei. – Eu o ouço dizer.

– Todos nós. – Eu continuo – Porém, esse não é o fim.

Ele finalmente se move. Aperta os dois braços contra o corpo.

– Eu me senti frio, como seu eu tivesse sido engolido para o vazio. Eu não havia ligado quando eu senti isso pela primeira vez... Mas, eu fui dominado por isso.

Eu posso ver lagrimas escorrendo pelo o seu rosto.

Só uma vez eu vi o Ren nesse estado. E foi quando ele quase me matou. Só que agora, tudo é muito pior.

– E o que faremos agora? – Eu pergunto.

– Eu esperava que você me dissesse.

Ele se levanta.

Eu não sei o que fazer. Eu preciso ligar para os meus superiores.

Alguns soldados sobreviveram, eles parecem desorientados. Eu me aproximo de um deles.

– Eu preciso de um comunicador.

Ele demora para me entender. Essa e a parte ruim de termos soldados tão jovens. O que está na minha frente parece somente um pouco mais velho. Porém eu noto que ele chorou, como a criança que ele é.

Ele me entrega um dos comunicadores.

– Preciso falar com um superior. Câmbio.

No ínicio eu só ouço a estática. Não há resposta por pelo menos um minuto.

– Qual é a situação? – Eu finalmente ouço a voz metálica que vem do rádio.

– Sou Saira. Batalhão Urbano 3A. Temos uma situação de calamidade. Metade dos soldados estão mortos. A base foi parcialmente destruída. Precisamos de apoio.

Mais uma eternidade se passa até que eu possa obter uma resposta.

– Saira? – Apesar de metálica eu reconheço a voz.

– PAiko? -- Eu pergunto segurando o choro.

– O que aconteceu. Me repassaram essa transmissão. Ninguém está conseguindo fazer contato com vocês.

–- Paiku... Irmão... – Eu não sei como dizer a ele. – Essa missão fracassou. Ren está em choque, e Tomu... – Eu não consigo completar.

– Que merda aconteceu? – Ele diz sem paciência.

– Haru atacou a base da fronteira. Tentamos impedir. Mas, tivemos baixas. Tomu não resistiu.

Pela primeira vez em muito tempo, Paiko ficou sem palavras.

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