Capítulo I

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Krystal p.o.v


Dedilhando as cordas com maestria e dedicação, ali estava ela.

Não era a primeira vez que a via, raras vezes nos trombamos nos corredores da escola.

E hoje eu estava decidida a ir conversar com ela. Mas antes...

Há mais ou menos dois meses, descobri que ela tocava neste bar de rock, todas as sextas-feiras à noite. Bem, não foi tão difícil descobrir, já que ela pregava panfletos pelos murais da escola com data e hora de suas apresentações com sua banda.

Tínhamos algumas aulas em comum, o que me proporcionou algumas broncas por estar prestando mais atenção nela ao invés da entediante explicação do professor. Ela era uma boa aluna, suas notas eram acima da média, mas era num piscar de olhos que ela se encontrava na sala do diretor. A maioria dos alunos jamais se atreveria a cruzar seu caminho, seu olhar penetrante, suas roupas chamativas, seu andar despreocupado e seu semblante antipático, significavam ameaça àqueles que se sentiam inferiores. Às vezes, ela cabulava aula, ficava paquerando as mulheres na rua. E claro, seu cigarro, sempre entre seus lábios gordinhos, era seu fiel companheiro.

Eu nunca me senti ameaçada. Com todas suas características, eu a achava atraente. Ela não era má pessoa, talvez andasse com aqueles que fossem, mas era educada e muito esforçada.

Em dias que eu chegava mais cedo na escola, procurava ficar perto da entrada, apenas para vê-la chegando. Seu furgão sempre com som alto, acordava os alunos que não estavam 100% despertos. Quase todos os dias, ela aparecia vestindo uma jaqueta de couro preta, uma camiseta branca por baixo, calças jeans pula brejo e seus tênis surrados, sempre com os cadarços desamarrados. Eu já estava acostumada a vê-la chamando atenção quando chegava, passava por mim soltando a fumaça de seu cigarro matinal, deixando para trás seu perfume masculino forte misturado com o cheiro da nicotina.

Ela era uma garota cercada de boatos. E se tem uma coisa que eu odeio mais do que borrar o esmalte, são os boatos. Sempre estes são falsos, sem fundamento e totalmente absurdos.

Todos os seus companheiros de banda eram também seus amigos na escola. Victoria Song, bateria. Kim Kibum, teclados. Choi Minho, baixo. E claro, ela, Amber Liu, vocais e guitarra. Na escola, quem não andasse com eles, era apenas mais um que se sentiria ameaçado com a presença deles. Passei tempo o suficiente assistindo seus pequenos shows noturnos e ouvindo cochichos, para descobrir o básico sobre a banda.

Me trazendo de volta a realidade, Amber anunciava a última música, da agora, madrugada. Em particular, minha favorita.

Os pratos se chocavam levemente, os sons das teclas se harmonizavam junto das cordas do baixo e para completar, as notas fortes da guitarra traziam emoção para todo o pessoal do bar que voltava a dançar com os copos cheios de bebida em mãos. Não diferente destes, comecei a me movimentar com os olhos fechados, ouvindo a voz mais sexy que eu já tinha ouvido em minha vida toda.

Aquela música em especial, mostrava seus diferentes tons de voz. Ora suave e mais agudo, ora rouco e sexy. A batida ficava cada vez mais intensa próxima ao refrão. Eles tinham talento, era claro. Aquele palco, desse bar escuro cheio de homens barbudos, era muito pequeno pra ambição que aqueles quatro carregavam.

Um solo final e a música se encerra. A banda se junta na ponta do palco e agradece a todos que os viram e ouviram. Vi minha oportunidade perfeita quando os membros começaram a desmontar seus instrumentos.

Era minha chance, meu momento breve da pouca coragem que eu tinha.

Me enfiando no meio das pessoas que já se afastavam do palco, fui me aproximando deles. A plataforma não era alta, tinha mais ou menos 1 metro. Ela estava agachada desplugando sua guitarra do amplificador, com ajuda da iluminação, era possível ver os pingos de suor espalhados por sua pele cheia de tatuagens.

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