The narrator's point of view.
Levaram exatos trinta minutos para que Camila saísse de dentro da cabine, a mais nova chocou seu corpo contra o corpo mãe, que ao sair do hospital recebeu a da ligação da inspetora do colégio pedindo para que fosse com urgência ao local porque sua filha estava tendo uma crise. Lauren ainda estava ali, com a bochecha ainda mais vermelha e confusa, Camila ao vê-la sentiu-se estranha, tinha vergonha de estar perto da morena e não queria machucá-la mais, como havia feito. Mas ao contrário dela, a hispânica ainda queria estar perto dela, queria ajudá-la e tentar entender o que havia acontecido, o que a levou a ter uma crise e ficar tão agressiva.
Camila foi levada para casa por sua mãe e Normani, mesmo com a cabeça longe, teve que ficar para dar aulas, enquanto a menor partia visivelmente abalada. No decorrer do dia, lauren só conseguiu pensar na menina que a chamava de Lise, a menor havia trocado algumas mensagens com Normani querendo saber como a mais nova estava. Ao chegar em casa, a hispânica rapidamente trocou de roupa e foi até a casa ao lado, desferiu fracas batidas a porta e esperou até que alguém lhe atendesse.-Lauren? — Sinuhe a olhou surpresa.
-Oi sinuhe. — A morena saudou sem jeito. — E-Eu vim saber como Camila está? Fiquei muito preocupada.
- Ela está no quarto desde que chegamos, mas pode ir lá tentar falar com ela.
-Obrigada. — Lauren adentrou a casa, subiu a escadaria e caminhou até o quarto de Camila, seu estômago revirava, estava nervosa demais e só queria estar perto da sua pequena. A hispânica desferiu leves batidas na porta, atraindo a atenção de Camila que chorava quieta dentro de seu quarto. — Camila, podemos conversar?- Esperou por uma resposta, mas nada veio. — Eu quero poder te ajudar, pequena. Não gosto de te ver chateada, nem quero que se afaste de mim, e-eu gosto de estar com você.
A hispânica esperou por alguma reposta, por algum sinal de Camila, mas nada veio, então ela esperou por longos minutos, mas nada aconteceu. Esperou por mais um tempo e nada, então cansada e um pouco chateada, a morena desceu a escadaria, trocou poucas palavras com Sinuhe que pediu para que ela tivesse paciência e rumou para sua casa. Ao entrar a em casa, Lauren rumou para o seu quarto, jogou-se em sua cama e ficou a observar o céu, enquanto lembrava-se de Camila e dos sorrisos que a menor oferecia a ela. Afogada em seus pensamentos sobre a menor, Lauren adormeceu por longas horas, enquanto na casa ao lado Camila sentia um incomodo em seu peito por ter machucado sua Lise e por tê-la deixado partir. A mais nova tinha medo de machucar Lise, tinha medo de ter outra crise e agredir Lauren mais uma vez, tinha vergonha pelo o que tinha feito e não sabia como olhar sua adorável pianista.
Na manhã seguinte Lauren esperou por Camila, mas a menor não bateu em sua porta para que fossem juntas para escola, o caminho para o trabalho foi estranho, a hispânica não sentia sua paz e sim um enorme e confuso incômodo, no colégio não viu Camila com Ally e ao longo do dia buscou a menor com os olhos, mas não a encontrou. Ally estava sozinha, Camila não havia ido à escola.
Na academia de artes a mais nova também não compareceu e Lauren entendeu que ela precisava do tempo dela para se reestruturar, que precisava se afastar e se refortalecer para só então retornar a sociedade. E a hispânica estava disposta a esperar o tempo que fosse preciso para ter Camila ao seu lado de novo.
As semanas seguintes foram monótonas, Lauren ia para escola, de lá ia para academia de artes e voltava para casa. Seis semanas desde que Camila havia lhe agredido, a menina não retornou a escola, nem a academia de artes, não a via mais em seu jardim brincando com sua amiga quando ia visitá-la e não ouvia mais suas risadas.
Lauren não sentia mais vontade de tocar piano, algo incomodava seu peito e sua mente, talvez as poucas lembranças que tem com a menina ao seu lado diante do instrumento tão requintado, enquanto tocava para ela melodias clássicas apenas para vê-la sorrir ou vê-la dançar. Na casa ao lado Camila vivia em seu quarto, estudava de casa como o diretor havia sugerido, Ally lhe ajudava e lhe levava os materiais entregues pelos professores, a menor sentia uma vazio e uma falta imensa de estar ao lado da mais velha, de vê-la tocar piano, de vê-la sorrir, de beijá-la, de simplesmente tê-la ao seu lado.
O sol estava quase se pondo, quando Camila decidiu ir para o jardim observar o pôr do sol, a última vez que havia feito isso teve a companhia de Lauren e sentia saudades. A hispânica estava em sua varanda, esperando que o sol beijasse o horizonte e o céu recebesse um tom alaranjado, quando viu Camila surgir no jardim da casa ao lado, ela sentiu seu coração acelerar, quis correr pela casa e sair porta afora, apenas para ir a casa ao lado e beijar a mais nova de quem sente saudades. Mas não fez nada, apenas tentou aquietar sua afobação e focar seus olhos no horizonte.
Camila havia visto Lauren, em seu peito sentia uma extrema necessidade de estar perto dela, o que era estranho para si mesma, ela assistiu o sol se pôr e a lua adentrar o céu, a noite era fria e não lhe agradava estar ali sem sua Lise, mesmo que a mais velha estivesse em sua varanda observando o céu receber pequenos brilhos esbranquiçados, as estrelas. Ao guiar o olhar para varanda da casa ao lado, a menor não viu mais sua vizinha e o som do piano preencheu todo o seu silêncio, Lise estava tocando mas não era uma música clássica.
A mais nova se encaminhou para o jardim lateral de sua casa, o atravessou até estar em sua calçada e foi para casa ao lado, na soleira da porta pôde ouvir a voz de Lauren, ela pela primeira vez estava cantando. A porta se abriu e a imagem de Normani preencheu seu campo de visão, a negra sorriu para mais nova cedendo-lhe passagem, a mais nova entrou na casa e viu que Lauren estava distraída tocando e cantando.
- Ela está me ajudando a compor. — Normani sussurrou, Camila que continuou parada em seu lugar. - É a primeira vez que ela toca desde que se afastou.- Informou ainda com a voz sussurrada para não atrapalhar a amiga. — Fique à vontade.- Normani murmurou se distanciando de Camila e voltando para o piano, onde sua amiga tocava e cantava com o coração.
— Nothing much, just fine I'm doing well and you can read between the lines but God, I fell. I only told the moon...- Lauren cantou sentindo sua garganta se fechar, sua voz falhou e o choro se fez presente. A música de Normani havia lhe tocado fundo, sabia que tinha se apaixonado por Camila mesmo que contra sua vontade, foi tão imperceptível como o sentimento da paixão se instalou em seu peito. Camila andou apressada até a mais velha, sentou-se ao lado de Lauren no banquinho e lhe tocou as costas.
- Lise... — A menor murmurou antes de abraçar o corpo da mais velha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
AUTISM (Concluída)
RomanceCamila possuí Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e não permite que ninguém, além de sua mãe, sua melhor amiga ally e sua ovelhinha de pelúcia Cindy, se aproximar de si. Mas tudo muda com a chegada de sua nova vizinha, que com a sua curiosidade...