Nove Vidas (Gaalee)

Capítulo 1 - Capítulo I

Mênfis, Egito, 1350 a.C.

Sob o Reinado do Faraó Amenfis Terceiro, o Egito vivia o apogeu de sua civilização. Estava em construção o magnífico templo Karnak, e o povo vivia uma época de grande prosperidade. O faraó tinha três filhos, e dentre eles, o mais velho Bak En Lee, acabava de completar dezesseis anos, e logo estaria apto a ser o próximo Faraó. Era seu destino, e seu nome, Bak, foi dado por seu pai, levando isto em consideração.

*Bak: um príncipe de sangue real

O jovem príncipe era alto, tinha uma pele bronzeada e cabelos pretos e lisos cortados na altura dos ombros. Era um grande guerreiro, e o orgulho de seu pai. O amor de seu pai, por diversas vezes, despertava a inveja de seus irmãos mais novos, mas o príncipe Bak não se importava. Ele era o futuro Faraó, destinado à grandeza, e sua hora de ser o líder supremo se aproximava mais a cada ano. Nesta noite, estava completando dezesseis ciclos, e seu pai ordenou que lhe fizessem uma grande festa. O príncipe foi preparado por seus servos para o banquete. Foi banhado e passaram essências em seu corpo. Depois, foi vestido com uma saia branca de linho, e um enorme colar de ouro e pedras preciosas. Nos pés, sandálias de couro adornadas com penas de pássaros. Em seus braços e pernas puseram-he mais jóias, e em suas mãos, anéis de pedras coloridas, para representar seu poder. Em sua cabeça, um adorno dourado com a figura de Hórus. Os servos pintaram seus olhos de preto como o acabamento, e então ele estava pronto. A própria imagem da realeza.

O príncipe Bak foi levado ao seu banquete de aniversário. Os mais importantes generais, vizires e sacerdotes vieram de toda a nação para prestigiar o jovem príncipe. Ele ficou sentado ao lado direito do pai durante todo o tempo, mostrando bem o destaque e importância que tinha. Na hora de receber seus presentes, todos vieram, um a um perante seu trono, entregar-lhe as mais diferentes jóias, animais, adornos e especiarias. Até que chegou a vez de Ankhsnef, o Sumo Sacerdote, que veio a frente de alguns criados que traziam uma enorme caixa coberta por um tecido branco. Todos os convidados ficaram alvoroçados e curiosos com o enorme presente do Sacerdote.

- Vossa Majestade, humildemente vos trago este presente. Vindo de uma terra distante, uma criatura como nenhuma outra. Com olhos de vidro e cabelos de fogo - O sacerdote dizia com um ar misterioso, deixando o jovem príncipe, e todos ali presentes ansiosos para vislumbrar a tal criatura.

Quando os criados puxaram o tecido branco da caixa, o príncipe pôde ver que a mesma se tratava na verdade de uma gaiola, e dentro dela havia um homem. Um homem como nunca havia visto antes. Era realmente como o sacerdote havia dito, seus cabelos eram vermelhos como o fogo, e seus olhos eram grandes e verdes, como as águas do Nilo. Mas seu estado era deplorável. Estava preso pelo pescoço com algo semelhante a uma coleira. Suas mãos e pés também estavam amarrados e sua boca amordaçada. O príncipe, ainda espantado com a figura à sua frente, levantou-se de seu trono e se aproximou. Viu que a criatura na gaiola se encolheu assustado ao vê-lo chegar perto.

- Sumo Sacerdote, o que é isto? - o príncipe perguntou confuso

- É seu presente meu senhor - respondeu

- Mas... é um homem...

- Sim meu senhor, para fazê-lo seu escravo! Garanto que ele é domado, e tem muitas habilidades.

- Eu nunca vi um escravo como este. O que aconteceu com seus cabelos?

- Quando nasceu, ele foi beijado pelo fogo. É um tipo de maldição, mas garanto que não lhe fará mal