-Já estava a pensar que não vinhas.- diz o Marco levantando-se da Rocha ao pé da gruta e caminhando na minha direção.
-Estava tão encantada com a floresta que perdi a noção do tempo.- Perdi maior parte do tempo a arranjar-me mas não lho o disse. Apenas o observei. Ele é lindo tem um cabelo loiro, que se destaca na sua pele arrosada. E os olhos dele. Bem... confesso que me perco nesse céu azul.
-Tive saudades tuas. -diz envolvendo os seus braços na minha cintura. Eu também tive saudades dele.
Já era mau só nos vermos durante a noite, escondidos na nossa gruta. Pelo grande facto de ele ser um "mundano", como o meu povo, o povo das fadas chama aos humanos.
O povo das fadas e o povo dos humanos. São reinos rivais, por isso nenhum o humano pode vir ao meu reino. Nem nenhuma fada pode ir para o reino dos humanos. Por exemplo se eu fosse fazer uma visita ao povo dos humanos,seria queimada viva, ou se eu fosse para lá por algum motivo político ou coisa do género seria torturada até revelar o motivo que me levou até lá, e também haveria uma guerra. Mas isto é só um exemplo.
Há! E muito menos ter uma relação, entre a princesa do povo das fadas e o príncipe do povo dos humanos. Este é o nosso problema.
🌿🌿🌿
Há seis anos atrás conheci um humano pela primeira vez. O Marco. Eu estava a andar pela floresta tranquilamente. Até que oiço alguém a chorar atrás de uma árvore. A princípio tive medo dele, e ele também teve de mim. Mas acabei por perder o medo depois de perceber que ele é era inofensivo.
Conversei com ele e ele disse-me que estava perdido, e não sabia como voltar para o seu reino. Eu ajudei-o nessa altura. E foi assim que nos tornamos amigos. "Amigos secretos"
🌿🌿🌿
-Olívia...- A preocupação do seu rosto assusta-me um pouco.Aperta-me mais contra ele, fazendo o ambiente subir de temperatura. Ele tem um olhar sombrio. Não o sei bem desvendar.
-O que tens?- Digo apressadamente, quando percebo que algo não está bem.
-Estes encontros vão ter de acabar.
Ao dizer aquilo sinto um choque pelo meu corpo. No fundo eu sabia que iria chegar o dia em que teríamos de acabar com isto de vês. E que eu iria ouvir isto da boca dele. Mas não estava á espera de o ouvir dizer isto, hoje.
Permaneci em silêncio com os olhos dele presos em mim tal como os seus braços estão presos á minha cintura:
-Olívia por favor diz alguma coisa.-o olhar dele caiu na ansiedade.-Bem...-foi a palavra que consegui pronunciar ainda nos braços dele.-Apanhaste-me de surpresa.- sinto-me chateada com ele com os nossos reinos. Com tudo o que nos impede de ficarmos juntos. Isto não é justo!
-Eu sei, desculpa.- Diz olhando atentamente para o meu rosto.-Os meus pais andam cada vez mais de olho em mim. E eles querem começar o meu casamento á algum tempo. Já tinham realizado alguns eventos e até bailes, para eu escolher alguma futura princesa para o reino.
-E então?- pergunto com uma voz chorosa e com os olhos a aquecerem.O que ainda é mais injusto é ele ter de procurar alguém para se casar com ele.- Porque é que não podes continuar a vir sem ninguém notar?!- Liberto-me dos seus braços com o desespero estampado na cara. Isto é tão injusto. Repito para mim mesma. É irritante só de pensar no Marco a casar- se com alguém que não seja eu.
-Olívia!- Agarra-me no braço com firmeza mas não ao ponto de me aleijar, assim que percebe que eu me estou a afastar dele. -Tu sabes porquê. Não tornes isto ainda mais difícil.-Diz também caindo no desespero.
-Eu sei.- Do-lhe um beijo nos seus lábios macios. E abraço-o.
A realidade é esta eu não a posso mudar. Por mais que isto me irrite. O Marco vai encontrar alguma rapariga bonita sem azas. Vai se casar e eu... não posso ser egoísta... eu... tenho de rezar ás fadas para que ele seja feliz com a tal futura princesa dele. Por que eu o amo demasiado para não o querer ver feliz mesmo que seja sem mim. E mesmo que acabe com a minha felicidade.-Acabou mesmo?- A minha pergunta suou mais uma afirmação.
-Acabou Olívia...-puxa-me mais ainda contra o seu peito e beija-me profundamente com os seus lábios doces, até ambos perdermos o ar.-Nunca me vou esquecer de ti e não te vou deixar de amar Olívia. Nunca...- fala recusando-se a descolar os seus lábios dos meus. Quando as lágrimas e a dor nos seus olhos se revelam percebi que era o momento. -Adeus Olívia.- solta-me, e vai se embora a passos largos.Sem mais nem menos. Nem me deixou falar. Simplesmente desapareceu pela floresta.
Nunca o vou deixar de amar é verdade, nem nada nem ninguém poderá preencher o buraco que se abriu no meu coração.
Assim que ele se afasta os soluços são tantos que me tenho se deitar no chão pela a falta de ar.
Tento recuperar o ar mas parece ser quase impossível. A minha visão ficou desfocada com a aguadilha que se formou nos meus olhos. Cada lágrima que sai dos meus olhos leva partes do meu coração.
A dor interior é tanta que não consigo deixar passar um grito que ecoa pela floresta inteira. As folhas que estão á minha volta simplesmente se evaporam com um vento que eu não consigo fazer escapar.
O vento que liberto de dentro de mim sai consoante o meu grito. As folhas secas partem se em pedaços.
Não quero saber se alguém me ouviu. Sinceramente já nada me interessa.
Deixo-me ficar deitada por cima das folhas. Não tenho forças para me levantar.
"Também nunca me vou esquecer de ti meu amor."
🌿🌿🌿