Paris, É Logo Alí

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Paulina, casada há quarenta anos com Gusmão, mãe de um único filho, José Ricardo, que após formado na faculdade de advocacia, resolveu viver no exterior, foi para os Estados Unidos e se estabeleceu por lá. Paulina e Gusmão viviam bem como casal, seu casamento funcionava tão bem quanto as peças de um relógio antigo, harmoniosamente. Um dia, um ataque do coração, desiquilibrou essa harmonia, tirando a vida de Gusmão...

De repente Paulina viu-se completamente só, foi como se perdesse o chão debaixo de seus pés! Durante o enterro, inconsolável Paulina permanecia, seu filho não pudera vir ao enterro do pai, uma amiga de Paulina, Arminda, aproximou-se e disse: "-Querida, meus sentimentos."Abraçou-a fortemente e ficou ao seu lado. Paulina sentiu um grande conforto com essa ação, pois Arminda tinha sido sua amiga mais íntima no passado e depois que as duas se casaram, acabaram se distanciando, após o enterro as duas trocaram telefone e combinaram de se telefonarem para marcar um encontro.

Passado alguns dias, Arminda ligou para Paulina e ambas marcaram de se encontrarem numa antiga e famosa confeitaria do Centro, Paulina, ficou emocionada ao entrar na confeitaria, pois o sentimento que a invadiu, foi de um grande saudosismo e Arminda sentiu o mesmo! Ambas conversaram longamente, recordaram episódios da juventude, uns alegres, outros nem tanto! Arminda contou que tinha se separado do marido após trinta anos de casados, ela descobriu que ele tinha uma amante e que estava com ela há sete anos! Paulina ficou horrorizada e disse: "- Não sei o que seria capaz de fazer se descobrisse que o Gusmão me traísse assim!"

Arminda respondeu: "-Minha amiga, quando descobri me deu uma vontade de pular no pescoço dele, mas depois respirei fundo e fui me acalmando, percebi que não valia a pena, que o melhor a fazer, seria tocar a minha vida e prosseguir! Foi o que fiz! Voltei a estudar, entrei na academia, passei a me cuidar mais, a me amar como nunca antes tinha feito por mim! Quando nos casamos, costumamos a esquecer de nós mesmas e nos dedicamos mais à outra pessoa, descobri que isso é um erro!

Paulina saiu desse encontro muito pensativa, embora a sua história não fosse como a de sua amiga, pois não teve o episódio 'Traição', ela percebeu que deu tudo de si no seu relacionamento e que realmente deixou de fazer muitas coisas que gostaria de ter feito. Na manhã seguinte, Paulina acordou com algumas resoluções a respeito de sua vida, decidiu que seu luto não seria de ficar trancada em casa, ela iria fazer caminhadas todas as manhãs, assim ela fez e aos poucos foi sentindo a dor da perda diminuindo. Começou a interessar-se por maquiagem, moda e foi tratando de aprender! E percebeu que quanto mais ela fazia por ela mesma, mais preenchia seu tempo e a dor da perda diminuía e sentia-se menos só. Passado um ano ela resolveu voltar a estudar, ingressou na faculdade e sentiu uma grande felicidade, pois por ter se casado muito cedo havia parado com os estudos para dedicar-se ao casamento, coisa de que não se arrependeu nem um pouco, pois os quarenta anos vividos ao lado do seu amor Gusmão, foram os mais felizes!

Mas pela primeira vez na vida, Paulina sentiu uma enorme satisfação por estar fazendo coisas para ela mesma, não é egoísmo, é a sensação de plenitude que cada ser humano deve sentir por si mesmo, é a sensação de auto cuidado, de amor próprio e de orgulho! Tudo aos poucos foi entrando nos eixos na vida de Paulina, ela terminou a faculdade, conheceu um outro alguém que a fez florescer em sorrisos coloridos e cantares de bem viver, com ele foi viajar e conhecer o mundo, Paris, um sonho de menina, que realizou ao lado desse novo amor!

E agora com um sorriso largo e colorido nos lábios, Paulina pergunta para toda mulher madura que conhece: "-O que a impede de ser feliz? Vá à luta mulher! Paris, é logo ali!"

Escrito Por: Cristina Al Majíd (Cristina Almeida)

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