Uma vez um garotinho de cabelos esverdeados estava perdido na floresta e, sem saber como, atravessou a fronteira desse mundo para o mundo místico. Era raro ver um humano no meio de outros híbridos, portanto, era um mistério para Zoro saber como conseguira atravessar a fronteira.
Andava na floresta mística achando que ainda estava nesse mundo. Contudo, encontrou um templo xintoísta no meio da vegetação e resolveu pedir comida para o monge como se não precisasse pedir por outra coisa, nunca admitiria que estaria perdido. Portanto, nunca perguntaria por alguma informação.
Foi nesse templo que Zoro conhecera Sanji, um humano híbrido com raposa e que assustou bastante o garoto ao ver sua cauda felpuda e suas orelhas pontudas. Mas o homem raposa o acolheu e permitiu que comesse da mesma comida que comia, caso ele aceitasse ser seu servo. Também explicou para o garoto que não estava mais no mundo humano e que aquele templo era seu lar.
Zoro atravessou diversas vezes a floresta mística, mas nunca voltou para o seu mundo e permaneceu ali. Agora tinha 18 anos de idade e era pau pra toda obra de Sanji. Muitas vezes sentia vontade de matá-lo e desconfiava que aquele sobrancelhudo havia jogado algum feitiço nele para não voltar ao seu mundo.
— Que calor!!! - Reclamou Sanji, deitado no assoalho da varanda japonesa. - Marimo, me abene com mais vontade.
Zoro agitava o abano com os olhos estreitos. Pensava que Sanji era muito folgado e ele ainda precisava tirar a roupa do varal. Observou o idiota de olhos fechados, enquanto se abanava com sua própria mão. Seus cabelos longos e loiros estavam oleosos e parecia que Sanji estava tão à parte do universo por conta daquele calor, que até estava com o olho esquerdo exposto sem se importar em aparecer suas sobrancelhas enroladas e assimétricas. A pele alva estava vermelha e suada.
Zoro tinha que admitir que aquela raposa era um rapaz bonito. Mantinha aquela aparência desde que o conheceu naquele dia na floresta quando era apenas uma criança. Mas era natural isso acontecer, Sanji não envelhecia com o passar do tempo. Se Zoro se recordava bem, aquele cara tinha mais de 1000 anos.
— Ah, Sanji-san!
Uma voz fofa foi ouvida por ambos e direcionaram seus olhares para o gramado. Um garoto tanuki retirava sua cartola rosa com um "X" no meio e passava um lenço no pescoço e no rosto para enxugar o suor. Detestava dias tão quentes como aqueles.
— Chopper!! - Sanji exclamou contente e se levantou do assoalho. - Anda, marimo, vá fazer o café!
Zoro seguiu para cozinha resmungando.
— Ele é um humano? - Perguntou curioso, enquanto se aproximava da varanda onde o loiro estava.
— Sim! - Envolveu os ombros de Chopper com seu braço para guiá-lo até o interior da casa.
— Ora, parece que aconteceu muita coisa nesses 300 anos que ficamos sem nos vermos, hein?
Sanji deu uma risada. - Ai, Chopper, você é ótimo!
O tanuki piscou os olhos confuso, não foi uma piada e aquela risada parecia ser muito falsa.
Zoro servia Chopper com um café e depois se afastou da mesa, ficando de joelhos no tatami ao lado da porta de correr.
Chopper o observava muito curioso, aquele devia ser o primeiro humano que via na vida.
— Incomoda a presença do meu servo? - Perguntou Sanji, também na mesa tomando café, a Chopper que não parava de observá-lo.
— Servo?! - Sacudiu a cabeça, deixando aquilo pra lá. Ele sabia o quanto aquela raposa era excêntrica. Combinava muito com ele fazer um humano de servo. - Não, não me importo! Ele pode ouvir nossa conversa, não é nada demais o que vou pedir!