— Quem tem que dizer que está vendo é você, não faço a mínima ideia do que estamos fazendo aqui! — digo indignada para o homem de boné ao meu lado.
— Hum... — Ele me dá o binóculo — Alguém muito rico mora aí e eu passei a semana estudando a casa, os patrões irão sair daqui a pouco... — ouço ele falar enquanto olho para as janelas — E aí, vamos agir!
— Você é insano, Harry! — devolvo o binóculo e olho para ele que contém aquele sorrisinho otimista — Entrar e sair nas mesmas pisadas, lembre-se do que te aconteceu na última vez que você deu uma de ladrão! — O mesmo passa o braço em meus ombros.
— Vai dar certo, S/n! — Ele fala ao meu lado enquanto estamos agachados em um arbusto próximo à casa.
— Não quero ir em cana por sua causa! — aponto para ele que segurou minha mão.
— Quantas vezes eu vacilei com você?
— Deseja saber na ordem cronológica ou alfabética? — pergunto me afastando dele, esse idiota já me meteu em quase todos os tipos de confusão.
— Falando assim até parece que sou uma péssima influência...
— Cala a boca!
O casal de meia-idade saiu de casa, o assistimos entrarem no carro, mas franzi meu cenho quando percebi ter um carro escondido próximo de onde o carro do casal passou assim que passou do grande portão.
— Tem parada errada aí, Harry! — digo olhando para o carro escuro que seguiu o carro do casal — Tinha outro carro seguindo, eles podem ter nos visto chegar!
— Eu acho que não, S/n! — Harry responde se levantando e tirando o boné da minha cabeça e colocando na sua.
— Algo que está me dizendo para não entrarmos na casa! — olho para o moreno.
— O que poderia acontecer?
— E eu tenho uma bola de cristal por acaso?
— Anda, S/n. Se formos agora, vamos sair mais cedo e aí, vou te levar a um jantar digno de uma rainha!
— Por que eu sinto que você está falando do Burger King? — questiono enquanto nos aproximamos, já colocando as luvas para evitar digitais, até meu cabelo está preso em uma trança.
O moreno apenas me deu uma olhada junto de um sorriso sapeca, revirei meus olhos e abrimos a porta que estava aberta, é meio comum isso por mais que eu ache loucura, pois não traz nenhuma segurança.
— Quer olhar o andar de cima ou ficar neste? — Harry pergunta virando para mim, quando paramos na sala.
— Pega só as coisas daqui de baixo, não vamos mexer nas de cima! — me viro pegando uma exemplar da estante de livros — Eu acho que esse é um dos livros mais caros que já vi!
— Qual é o nome?
— The birds of America, do... — aperto meus olhos para ler — John James Audubon.
— Nunca nem vi! — Harry fala pegando as coisas de valor que vê pela sala.
— Acho que já vi sobre esse livro, esteve em um leilão, deram até um lance de mais de nove milhões de dólares!
— Leva, S/n! — Harry falou rapidamente.
Ri e peguei o livro e alguns exemplares no qual acho que deve valer muito ou achei interessante e vou levar para ler.
Os minutos foram passando e fizemos o rapa, pegamos muita coisa e voltamos para o meu carro, pegamos a mesma estrada que nossas vítimas tinham pegado anteriormente. Diminui a velocidade quando passamos por uma lagoa, mas com uma certa luz de farol acesa na água.
— É o que eu estou pensando?
— E o que você está pensando? — Harry pergunta receoso igual a mim.
— O casal que tinha um carro os esperando atrás! — olho para o mesmo.
— Não seria possível!
Saímos do carro e nós aproximamos das luzes que aos poucos ia se apagando por conta da água afundar cada vez mais o provável automóvel.
— Harry! Harry! — chamo o nome do imbecil que entrou na água com tudo.
O idiota parece não ter me dado ouvidos e simplesmente seguiu até a água molhar suas pernas por completo, eu que não sou doida de entrar aí, a água deve estar gelada.
— S/n... — ouço o moreno chamar meu nome se virando, mas parou fazendo uma cara paralisado.
— Uh, late! — respondo de braços cruzados.
— Alguma coisa passou pelas minhas pernas! — Harry fala paralisado e tentando ver o que era.
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— Não acredito! — começo a rir dele — Tu vai entrar uma piranha aí, e ela vai morder teu rabo!
— Cala a boca, S/n! — Harry rapidamente saiu da água.
— O que é isso? — apontei para o que ele segurava.
— Ah, tava na água!
Ele mostra um belo colar de pérolas, nem vou querer por já imaginar que a antiga dona da joia deva estar no fundo da lagoa.
— Vamos sair daqui que eu estou com aquela sensação de estar sendo observada! — digo começando a voltar para o carro.
— S/n, esse colar deve combinar muito com o teu pescoço! — Ele sorriu enquanto anda.
— Apoio a ideia de vender isso! — respondo entrando no carro e vendo o abençoado do Harry entrar no carro molhado — Aliás, tu vai me dar uma capa nova para esse assento!
E ele sorriu para mim como se falasse "Eu vou comprar isso e muito mais".
