Os corredores eram enormes e todos eram iguais, sempre me perco para encontrar o meu armário. Peguei meus livros e fui correndo para sala. Minha primeira aula foi de história. Entrei na sala, e sentei perto da janela. Estou tão distraída que não me dou conta que um menino sentou ao meu lado.
- Oi. - disse ele.
- Oi. Primeiro dia? - pergunto à ele envergonhada, sentando direito na cadeira.
- É... - diz ele.
- Bom dia alunos. - disse a professora entrando na sala. - Hoje vamos revisar a matéria do ano passado, para refrescar a memória de vocês.
Eu não estava prestando muita atenção no que ela estava falando. Não parava de pensar no estranho sonho que tive essa noite. O que seria aquele borrão? E o que vem depois? Isso ficava se repetindo milhares de vezes em minha cabeça.
- Srt. Bennet? - disse a professora olhando para mim com um tom de voz pesado. - Você pode me explicar?
- Como? Desculpe. - digo, percebendo que todos olhavam para mim. Ótimo! Primeiro dia de aula já chamando a atenção.
Olho com o canto do olho e percebo que o menino ao meu lado dá um sorriso irônico e levanta a mão direita.
- A resposta é 1822. - disse o menino de olhos cinzas ao meu lado, com um sorriso torto.
- Correta resposta Sr. Connan. E seja bem vindo! - disse a professora sorrindo e voltando sua atenção para o quadro.
Olhei para ele agradecendo, aliviada por todos não estarem olhando para mim. E acho que ele entendeu a mensagem. Ele me olhou e deu um sorriso torto, me tirando um sorriso irônico.
Tocou o sinal, fui para o ginásio, aula de educação física. Ele era enorme e ficava na Ala Oeste da escola. Encontrei a Molly e a Ariane lá. Elas estavam com um short de lycra, uma blusa branca, rabo de cavalo e uma fita branca em cada pulso.
As aulas das meninas são separas da dos meninos. Fico aliviada só de pensar que não vou vê o menino de olhos cinzas novamente. Hoje a aula era vôlei. Raramente faço as aulas, mas desta vez a professora nos obrigou.
- Srt. Bennet, pra quadra agora. - disse a professora Bárbara.
Então lá vou eu. Entrei no time da Molly. Ela sorri para mim. Confesso, só sei jogar basquete, mas nenhum esporte.
Quando o jogo começou, percebo que alguém entra no ginásio. Olho para o lado e vejo o menino de olhos cinzas da aula de história. E de repente tudo fica escuro.
Acordo na enfermaria. Acho que fiquei desmaiada por horas. Vejo que a Molly está do meu lado, me olhando preocupada.
- Ei gatinha! Como você está se sentindo? - pergunta Molly sorrindo para mim.
- Oi. Estou bem, acho. - minha cabeça estava latejando, mas o que tinha acontecido? - O que aconteceu Molly?
- Ah, você apenas levou uma bolada da Ashley na cabeça, logo depois que o jogo começou. - disse a Molly. - O que você estava pensando? Devia está prestando atenção no jogo. Você sabe como ela é!
- Desculpe Molly. - digo ainda tonta.
- Tudo bem gatinha. Vou falar com a enfermeira que já pode te liberar. Mas está tudo bem?- disse ela.
- Está sim. - menti. Tudo estava girando, e eu estava ficando com fome.
Saímos da enfermaria e a Molly me levou até em casa.
- Tem certeza que está bem? - pergunta Molly estacionando na calçada.
- Estou sim amiga. Obrigado pela carona. Mais tarde te ligo. - estava feliz por ela ter me esperado aquele tempo todo na enfermaria.
Cheguei em casa, minha vó estava preocupada. A escola ligou, e fez questão em dizer que eu estava bem, mas minha vó não acreditou. Disse à ela que levei uma bolada na cabeça, e que precisava descansar um pouco.
- Querida, quer jantar? - perguntou a minha vó vindo em minha direção.
- Quero não vó. Estou cansada, vou dormir. - disse subindo as escadas.
Tomei um banho e fui deitar. Estava tentando lembrar do que aconteceu antes de levar uma bolada na cabeça. Olhando para o teto cheio de estrelas, me veio a lembrança da visão que tive ontem à noite. Lembro de ter visto alguém e depois nada! Essa foi a visão mais curta que eu já tive. Relacionei a visão com o que aconteceu. Isso! Foi isso que eu sonhei! Antes de apagar, eu vi o menino de olhos cinzas entrando no ginásio. Essa foi a minha visão. Não sei porque, mas não vou com a cara dele. Ele é gato, é verdade, mas não acho que ele é uma boa pessoa.
Levei um susto com o meu telefone tocando.
- E aí, como está?
- Oi Peter. - digo - Estou bem, acho.
- Que bom. - disse ele, consegui escutar um risinho. - Seu salvador merece parabéns.
Seu tom ficou rígido de repente.
- Salvador? - pergunto confusa.
- É, o garoto novo. Acho que são da mesma turma. Ele falou que te conhecia. - Peter falou mais baixo do que o normal. - Ele te levou para enfermaria, bem, foi o que a Molly disse.
- Não sei quem é. - menti, tinha uma teoria de quem era. - E mesmo assim, vai ganhar um soco no braço, como agradecimento.
Peter sorriu. Estava tão acostumada com o Peter, que eu reconhecia e percebia todos os seus gestos e manias.
- Mas eu estou bem. Obrigado por ligar.- já estava exausta, precisava dormir.
- Okay, então. Boa noite. - ele sorriu novamente do outro lado da linha.
- Boa noite, Peter. - digo e desligo o telefone.
Deitei na cama e acabei adormecendo.
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A Escolhida
FantasíaEstava escuro e frio. Olhei no relógio e eram três da manhã. Uma pequena melodia estava tocando baixinho. Levantei da minha cama e abri a porta devagar. Uma luz muito forte lá de baixo chamou a minha atenção . Fiquei curiosa e desci as escadas. Paro...