Nunca Ame!

Capítulo 1

Hoje acordei com o barulho das notificações do meu celular. Eram mensagens da Amira perguntando se estou bem. Ela é um amor de pessoa, vem me tratando muito bem ultimamente, é a única que tem me ajudado. Aliás, acordar 6:00 da manhã só para me mandar mensagem é uma demonstração muito grande que ela realmente se importa. Me levanto da cama extremamente cansado, reflexo de uma noite mal dormida por causa de tudo isso que vem acontecendo. Desço as escadas e ando em direção a cozinha, escuto um suspiro profundo como se fosse um choro o que só poderia ser meu pai, normalmente ele estaria no hospital essa hora. Começo a andar devagar e logo vejo ele sentado na mesa da cozinha com o celular na mão, ele me parece muito abatido como se realmente estivesse chorando. Logo, eu falo:

- Bom dia, pai. O senhor está bem? - digo com um sorriso, tentando confortá-lo.

- Não muito, meu filho. Eu estava no hospital e a médica me disse que iria precisar entubar sua mãe. Então eu vim para casa buscar meu documento para assinar a autorização... - ele me respondeu com uma voz de choro, o que me deixou sem palavras.

Acontece que a falta da minha mãe me causa uma dor uma dor imensurável, todo dia de manhã ela me acordava sussurrando em meu ouvido: "Acorda filho, já são 6:20 ". E eu a respondia com a genérica frase: "Só mais cinco minutinhos". Eu descia as escadas para tomar café e ela me esperava com um sorriso no rosto, essa era minha motivação diária. Isso que meu pai falou apenas reiterou a dor que eu estava sentindo.

- Acho que você deveria sair um pouco filho, você me parece bem estressado com tudo isso. - disse, me retornando a realidade.

- Me parece uma boa ideia - respondo.

Ele tem razão, eu acho que eu deveria dar uma volta com alguém para espairecer um pouco. Meu pai se levanta e olha o calendário que está grudado na geladeira.

- Bruno, você vai fazer prova ? aqui no calendário está dizendo que a sua prova final é hoje. - diz com um tom de dúvida.

Mas é claro! como eu me esqueci disso? hoje vou fazer minha última prova. Levanto assustado e meu pai concorda em me levar para escola o mais rápido possível.

Confesso que eu não tenho muitos amigos na escola, e nem é por mal. Sabe quando ninguém pensa como você ? bem é isso que acontece comigo. A sala de aula estava muito tensa, a maioria dos meus colegas estavam com medo de repetir o ano, alguns já estavam até matriculados em faculdade. Por outro lado é triste saber que aquela pode ser sua última prova escolar da sua vida. Terminei a prova e fui embora, foi bem tranquila pois eu já estava estudando a um tempo, e a Amira me ajudou bastante.

Vou levar em consideração o que meu pai disse sobre sair um pouco e chamar a Amira para dar uma volta. Tenho dinheiro guardado então acho que da para levar ela em um lugar legal. Vou ligar, estávamos conversando pelo chat antes.

- Alô Amira? - digo com tom singelo.

- Oi Bruno ! - responde muito contente em ouvir minha voz.

- Quer dar uma volta esse final de semana ? Estou precisando sair um pouco... - respondo com receio da resposta.

- Mas Bruno eu moro em outra cidade e nunca se vimos pessoalmente -.

Realmente a Amira morava em outra cidade, mas qual o problema? as vezes devemos sair da nossa zona de conforto, ainda mais para viver novas experiências.

- Bem eu não vejo problema, o que pode acontecer de ruim? -.

-  Então ta bom, pensa em algum lugar para irmos e me fala-.

- Tudo bem, vou pensar e te mando mensagem-. conversamos um pouco e logo se despedimos.

Isso foi mais fácil do que eu imaginava, não conseguia esconder minha felicidade no momento. Confesso que estou bem nervoso, nunca a vi pessoalmente. Talvez "ela" não seja "ela", bem vamos ver o que acontece...