Robert me acompanha até meu quarto e pelo caminho conversamos sobre como Morgan é uma criança maravilhosa e nada mais. Assim que chegamos na minha porta eu não entro logo de cara. Ficamos parados no meio do corredor olhando um para o outro sem dizer uma única palavra.
- Bom... Eu acho que... - Tento começar o diálogo meio sem graça.
- Sim. - Ele se aproxima lentamente.
Não consigo me mexer, muito menos falar algo. Reparo no seu cabelo molhado e ondulado, seus olhos brilhantes, e o pequeno sorriso no canto de sua boca. Simplesmente fico parada esperando seus próximos movimentos.
Ele leva sua mão até meu rosto, acariciando com seu polegar minha bochecha. Sinto seus dedos descendo até meu braço lentamente e ficando ali por poucos segundo até que segura minha mão. Durante todo esse percurso que sua mão fez por mim, nossos olhos não se desgrudaram. Nossas bocas entreabertas mostram que ambos queríamos dizer algo mas nenhum tinha coragem de quebrar o silêncio.
- Robert, nós... - Ele apenas acena com a cabeça.
Ele leva minha mão até perto do seu rosto a ponto de eu conseguir sentir sua respiração quente em meus dedos e deposita um beijo delicado ali. E sem dizer mais nada volta a minha mão a sua posição original e vai até seu quarto.
Fico parada no corredor por mais alguns segundos. Sei que pode não ter parecido grande coisa mas esse pequeno gesto acendeu algo em mim. Retomo a consciência e finalmente entro no meu quarto. Parte de mim sente a necessidade de mais contato com ele mas também penso que ele só está chateado com o término recente. Tenho medo de me permitir a aproximação e acabar me machucando no final. Eu sei como é sair machucada.
Tomo uma ducha quente e me arrumo o mais rápido possível para descer e ignorar tudo o que se passa na minha mente. Já pego minha carteira pois sei que Morgan vai querer ir tomar sorvete o mais rápido possível. Essa menina ama um doce. Deixo meu celular na cama pois não acho que vá ser necessário em um ida à sorveteria.
Desço esperando que todos estivessem a minha espera mas não vejo ninguém. Me direciono até ao balanço de varanda e me sento ali enquanto aprecio a vista das árvores e flores que me é proporcionada. Me ajeito ficando de pernas cruzadas e abraçando uma das almofadas que está ali. Esse é um dos hábitos que tenho quando minha mente está a mil e preciso pensar. O que não compreendo é em que quero tanto pensar. Robert é um homem maravilhoso. Bonito, carinhoso com quem ama, engraçado, curte passar tempo em família - caso contrário teria ido para casa ao sair do aeroporto - e muito gentil.
Se eu não soubesse o motivo por ele estar ali seria tão mais fácil me permitir ser um pouco feliz. Suspiro como se o ato fosse me aliviar de todas as minhas preocupações.
- Preocupada com algo? - O homem se senta ao meu lado e assim como eu aprecia a vista.
- Não, apenas pensando.
- Aqui é lindo, não é? - Consigo ver um sorriso surgir em seu rosto.
- Acho que é um dos lugares mais bonitos que já vi.
- Pepper amou assim que pisou. Na hora me senti obrigado a comprar a propriedade. Ela feliz consequentemente me deixa feliz.
- Sabe, Tony, sempre amei o relacionamento de vocês. Muitas vezes cobicei nem que fosse um décimo do que vocês têm. - Ao pronunciar tais palavras sinto meus olhos lacrimejarem e minha voz falhar.
- Ah, Soph... Vem cá. - Sinto-o abraçar meus ombros. - Um dia você vai ter tudo o que merece. Você é uma pessoa maravilhosa e merece alguém proporcionalmente, ou até muito mais maravilhoso que você.
- Não sei, não... - Enxugo as lágrimas que escorrem pelo meu rosto com as costas da minha mão.
- Claro que vai. Só não digo que será maravilhoso como o meu com a Pepper pois, né... Só existe um de mim e já fui laçado.
Dou um tapa na sua perna por toda sua humildade e caímos na risada. Sempre gostei bastante de conversar com o Tony, as vezes ele consegue ser sério por mais do que alguns minutos. Eu realmente amo esse casal.
- O almoço já está pronto e... - Robert aparece na porta e logo nota a cena. - Está tudo bem com você Soph? Aconteceu alguma coisa?
- Já está tudo certo, Bob. Estávamos apenas falando sobre donuts. Você acredita que vão tirar aqueles com confeitos coloridos do cardápio daquela lanchonete que amo? Inacreditável!
- Tony... - O irmão mais velho parece não acreditar na história.
- Eu sei! A notícia é tão terrível que Soph se emocionou. Mas já falei pra ela que hoje a tarde já vou resolver isso e comprar a lanchonete e assim não teremos problemas.
Tento segurar o riso por mais tempo que posso e felizmente me controlo.
- Bom, Virgínia não gosta que demoremos. Vamos logo, rapazes. - Enquanto Tony vai entrando termino de limpar as lágrimas do meu rosto.
Robert sabe que essa história toda que Tony falou não é verdade. Bem, menos a parte que ele vai comprar a lanchonete pois todos sabem que ele é impulsivo. Mas ele sabe que não é esse o motivo da minha tristeza.
- Soph, o que aconteceu? - Ele me parou na batente da porta.
- É melhor entrarmos, Robert. Me dê licença, por favor. - Ele não disse nada. Apenas liberou o caminho - Obrigada.
Eu realmente queria contar todas as minhas preocupações pra ele, mas ele era o motivo das mesmas. Estou aqui a apenas dois dias e parece que já senti todas as emoções possíveis. Torço para que o resto da semana seja mais tranquila. Se bem que isso é meio que impossível na Residência Stark.
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Casa de Campo
FanfictionSophie, uma jovem tímida da cidade, é convidada por sua prima para passar um tempo em sua casa de campo com sua família. Depois de muito o que pensar, Soph aceita o convite. Chegando lá é surpreendida por algo que com toda certeza mudará seus dias d...