Ligações

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(Pela visão de Alice)

A semana toda minha mente ficou pesada e tive dores de cabeça intensas, pois fiquei pensando sobre como a Malu estava, e tinha se comportado em sala de aula. Por fim, resolvi deixar meu super profissionalismo de lado e chama-la para um jantar amigável no sábado.

"Olá, Maria Lúcia, como está? Aqui é a Alice Ruggiero. Gostaria de jantar comigo no La Tambouille às 20 horas no sábado? Podemos construir uma amizade, o que acha ? Se preferir posso busca-la. Atenciosamente, Alice."

Li e reli, umas quinze vezes ao menos, antes de finalmente enviar. Estava tão ansiosa com tudo que resolvi recorrer a pessoa que mais me conhece no mundo, Calliope Torres, minha melhor amiga. Nós somos amigas desde sempre, porque nossas mães eram melhores amigas e ficaram grávidas com um mês de diferença uma da outra, há dois anos a Callie conseguiu a oportunidade dos seus sonhos e se mudou para os Estados Unidos para trabalhar como cirurgiã ortopédica no hospital de Seattle, o mesmo que sua namorada Arizona trabalha então elas acabariam ficando mais próximas definitivamente, e eu fiquei feliz por ela, pois era o sonho dela trabalhar no hospital e arranjar um tempo maior junto com a Arizona.

- Alô Calliope?

- Olha só! Quanto tempo... O que devo as honras?

- Desculpa por ficar quase um mês sem telefonar, com essa volta para São Paulo, as aulas e o fuso horário acaba ficando tudo uma correria só!

- Imagina, hahahaha! Eu entendo perfeitamente, até porque ser a cirurgiã mias bem paga da área ortopédica é ótimo, mas tem suas desvantagens, como muita exigência e eu ter que me desdobrar em várias ao mesmo tempo. Mas, se você me ligou.... De repente, é porque precisa me contar algo. Vai, fala logo!

- Você me conhece mesmo né, hahaha! Então, tem uma aluna chamada Maria Lúcia, estou me esforçando para não parecer antiético, nem antiprofissional, mas, sinto que preciso me aproximar dela, criar um vínculo de amizade.

Alice contou todos os detalhes dos eventos que se sucederam envolvendo Malu.

- Callie, você acha mesmo que devo tentar essa aproximação? Eu sei que não fere as éticas acadêmicas, porque ela é maior de idade, mas fere meus ideais de profissionalismo. Mas, depois de tudo que te contei sobre o que houve, também não acho justo parecer que estou indiferente, sendo que não estou.

- Você quer que eu te chame pelo nome completo, para você acordar para realidade? Desde os 15 anos você não fica tão empolgada emocionalmente quando fala sobre alguém. Eu acho que aí tem sentimentos maiores que amigáveis, mas, não vou ficar te confundindo, você descobrirá o que realmente é. O conselho que te dou é você parar de ser tão certinha e se jogar. Você se lembra como conheci Ari, não?!

- É verdade, foi tudo inusitado e intenso a forma como se conheceram. Eu vou tentar, entretanto sem segundas intenções. Estou com saudades Calliope Torres, venha me visitar!

Depois de uma longa conversa com a minha melhor amiga, resolvo checar meu e-mail para ver se tem algo importante da universidade, para a minha surpresa, havia um e-mail com as iniciais já conhecidas G.M, abri-o rapidamente.

"Boa noite, Sra.Ruggiero. Podemos ter uma amizade sim, te encontro às 20 horas no restaurante. Até mais, Maria Lúcia Giordano."

Fiquei embasbacada por ela ter aceito o convite. Não respondi mais nada para minha mente não ficar ansiosa.

(Pela visão de Maria Lúcia)

Após sentir dores e chorar de raiva do taxista, e principalmente de mim mesma por sentir medo de me aproximar da Dra.Ruggiero, arrumava uma desculpa a todo momento para que não ficássemos fisicamente próximas e não acontecer nenhum contato. Desde o dia que ela cuidou de mim em sua casa e senti seu toque, não consigo tira-la da cabeça, quando estou perto dela sinto tudo numa intensidade que nunca havia pensado sequer existir e isso me da medo.

Na sexta-feira fui para as aulas de cardiologia, entre outras, mas era o dia na semana que a Alice não parecia nem nos corredores, eu negava para mim mesma, mas não vê-la deixava meu dia incompleto. O dia passou rápido de certa forma, então aproveitei a sexta-feira para passar um tempo com minha família, joguei vídeo-games com os gêmeos, nadamos e conversamos até o final da tarde. Nesse período deixei meu celular no meu quarto carregando, então assim que peguei-o vi uma notificação no e-mail e o remetente me surpreendeu positivamente. Era a Dra.Ruggiero me convidando para um jantar amigável no sábado, o restaurante citado no e-mail era conhecido pela minha família, eu achava um ambiente muito chique, caro e romântico. Para eu tomar uma decisão definitiva, apesar de na minha mente já ter a resposta, ligo para minha melhor amiga, Arizona. A pessoa a qual divido sobre tudo e qualquer coisa.

A Arizona era cinco anos mais velha que eu, nos conhecemos em um jantar de trabalho que meu pai fez em casa, para um cliente que ele admirava e tinha uma amizade muito antiga, assim que bati o olho nela, vi que seríamos amigas para a vida toda, e a partir daquele jantar nos tornamos esse tipo de amigas. Quando eu fiz 15 anos, ela deixou o Brasil por uma oportunidade incrível no melhor hospital dos Estados Unidos, o Hospital de Seattle.

- Hey, Ari!

- Quanto tempo, MariLu!

Arizona era a única pessoa que me chamava de MariLu, e eu amava, porque foi ela que criou esse apelido!

Maria Lúcia contou sobre todas as coisas que tinham acontecido envolvendo ela e a professora, Alice Ruggiero Bittencourt.

- Não acredito que ela é a sua professora! Eu a conheço!

- O que? Como assim, Arizona Robbins?

- Ela é melhor amiga da minha namorada! A Callie!

- Caramba e você já viu ela pessoalmente?

- Já sim, ela veio ajudar a Callie na mudança. Nos conhecemos nesse tempo, ela liga quase sempre pra Callie, são super grudadas.

- E o que eu faço? Já fui lá com a minha família, mas, agora é outra coisa. No texto estava dizendo amizade, mas, se fosse apenas isso, porque não convidaria para um café, ou um lugar com menos teor romântico? Será que ela quer se aproximar além de amizade?

- Sinceramente... Eu não sei, o meu conselho é: Vai arrumada como se fosse a um encontro, mas se comporte como amigas apenas.

- Ok! Boa ideia, vou ao shopping comprar uma roupa para essa ocasião. Você sabe que eu não faço questão dessas coisas chiques e caras né? Mas, não sei. Estou com medo também de ir muito simples e ela estar chique, já que esse é um restaurante que as pessoas vão de forma mais formais.

- Tem razão, Marilu! Me manda foto do look para eu aprovar! Beijos, quando conseguir umas férias, venha me visitar!

- Beijos, vou sim! Certeza. Saudades.

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