La Tambouille

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(Pela visão de Maria Lúcia)

Minha ansiedade estava a mil, pois hoje era o dia do jantar. Para isso amenizar, resolvi ir correr, fazer exercícios físicos me ajudavam a me concentrar melhor e diminuir minha ansiedade.

Almocei com minha família, fazia um tempo que não comíamos todos juntos, por causa da correria do dia a dia. Pedi para minha mãe, Katharina, ir comigo comprar o vestido do jantar, andamos o Cidade Jardim Shopping durante um tempo, até acharmos um vestido que encaixasse no ambiente do jantar.

Minha família sempre aceitou e me amou, meus pais são tranquilos e tentam abolir todo preconceito da nossa educação desde pequenos, pois eles acreditam que temos que respeitar e amar o ser humano independentemente da sua orientação sexual ou de gênero, então nunca houve problemas de cunho preconceituoso na minha família e quando existia algum amigo do meus irmãos, eles explicavam para esse amigo como não é bacana falar mal de alguém e isso me enchia de orgulho.

Depois de passear mais um tempo pelo shopping a pedidos de mamãe que queria ver se chegou uma coleção nova de bolsas, fomos para casa, um pouco tarde em minha opinião. O meu relógio já marcava 17h e o jantar era às 20h. Senti minhas mãos trêmulas e resolvi me distrair um pouco em meio aos livros, mas acabei me distraindo tanto que Katharina teve que vir ao meu quarto para avisar que faltava menos de uma hora e eu precisava me arrumar.

Tomei banho, optei por um batom bem discreto e assei meu perfume da Coco Chanel, Mademoiselle. Coloquei meu vestido e sandálias da mesma cor, e pedi para o motorista da família me levar, pois caso fosse ingerir algo alcoólico não precisaria me preocupar com imprudências no trânsito.

(Pela visão de Alice)

Apesar de arrumar muitas distrações para o dia passar rápido e chegar o horário do jantar, minha mente estava totalmente voltada para essa ocasião.

Há um tempo comprei um vestido de paetê, mas, nunca surgiu a oportunidade de usá-lo, até hoje.

Tomei um banho, fiz uma maquiagem leve e passei o perfume 212 VIP Rosé da Carolina Herrera. Por vias das dúvidas, pedi ao mordomo Olavo me levar ao restaurante La Tambouille, caso bebesse algo com álcool, não precisaria me preocupar.

O restaurante era próximo da minha casa, então resolvi chegar com uns dez minutos de antecedência, para não parecer muito ansiosa.

Senti meus pulmões tentarem puxar todo o ar que tinha naquele ambiente, já que assim que vi Malu naquele vestido vermelho fazendo contraste com sua pele de forma extraordinária, minha sanidade parecia ter ido para o espaço e naquele momento eu sentia que poderia cometer algo além dos meus princípios éticos.

Levantei para cumprimentá-la, dei um beijo na bochecha e voltei a me sentar.

- Pode se sentar fique a vontade. Foi o que consegui dizer, para meu timbre de voz não falhar, já que estava nervosa.

- Obrigada pelo convite. Maria Lúcia sorriu e sentou-se.

- Que tal um vinho? Perguntei a fim de começar uma conversa amena.

- Escolha o que preferir, já que vamos ser amigas que tal eu conhecer seu gosto para vinhos?

O vinho chegou e as duas o tomavam de forma calma, fazendo algumas perguntas de praxe de quando estão conhecendo alguém, como gostos para coisas materiais entre outras perguntas. Mas num supetão, Malu resolve quebrar a praxe e questiona, - Que tal pedirmos a comida?

- Por mim tudo bem, então peça algo que gosta e o mesmo prato pra mim, eu escolhi o vinho e você escolhe o jantar.

No ar havia uma tensão, não de forma ruim, mas, aquela que existe em todo primeiro encontro como aqueles de adolescentes, suor nas mãos, coração acelerado e borboletas no estômago, nenhuma das duas eram adolescentes, mas os sentimentos pairados eram semelhantes ao primeiro amor da adolescência.

- Então está gostando da comida? Perguntei para quebrar o silêncio, onde o único barulho presente era o do garfo.

- Estou sim, eu que escolhi lembra? Malu deu uma risada e sorriu. E aquele barulho para Alice era como a melhor música que já tinha escutado em sua vida toda.

Maria Lúcia analisava de forma discreta, porém não tão discreta assim a minha boca, e tudo que eu sentia era uma vontade gigantesca de beijá-la ali mesmo, mas eu não podia. Era um encontro amigável, imagina se eu estragasse tudo por impulso? Então tratei de me esforçar ao máximo para reprimir esse desejo. Para que ela desviasse o olhar da minha boca resolvi falar à coisa que veio de repente na minha cabeça.

- Você acredita em multiversos? Que em algum universo nós estamos no mesmo local, mas somos outras coisas?

- Como assim outras coisas?

- Ah, aqui estamos nos tornando amigas, mas em outro universo poderíamos, sei lá, ser namoradas...

- Acredito sim, mas por que você está me falando isso? A voz de Malu era quase inaudível e suas bochechas estavam ruborizadas.

- É que antes de vir para cá, eu assisti um pouco da série The Flash. Aliás, eu amo séries e filmes de super-heróis, e lá o Flash vive em alguns multiversos.

O clima que antes era tensão estava tão descontraído falando sobre séries que ninguém reparou as horas passarem, assim que olharam para os lados, só havia elas no restaurante e decidiram checar o horário, já se passava de duas da manhã.

- Alice, eu adorei a noite, muito obrigada mais uma vez, mas é melhor eu ir para minha casa agora, acho que o restaurante está querendo fechar.

- Quer que eu te leve?

- Você veio dirigindo?

- Não, mas posso pedir para o Olavo vir me buscar deixar você na sua casa. Resolvi não vir de carro, porque não sabia se iria ingerir algo com teor alcoólico.

- Está certíssima, também não vim dirigindo, mas eu já havia combinado com meu colega de vir me buscar. Obrigada de qualquer forma.

Meu nervosismo sumiu após a conversa amena sobre super-heróis, então consegui levantar da cadeira sem tremer as pernas e me despedir de Malu, virei para beijar sua bochecha e ao mesmo tempo ela virou para beijar a minha também, acabou que o beijo foi no canto da boca e assim que uma parte dos meus lábios relou no dela senti uma descarga elétrica por todo meu corpo, como um choque e me afastei de maneira rápida e o menos brusco possível, pois todo meu plano de manter minha sanidade no lugar iria por água abaixo se me aproximasse mais. Antes de ela ir, pedi seu número de telefone para adicionar no Whatsapp e marcarmos algo. Esperei seu carro chegar e acenei um pouco mais de longe.

O que eu não entendia, era por que toda vez que ela ia embora eu sentia meu coração doer.

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