Assustada, Violett abriu a porta do quarto. Se virando para encontrar seu irmão na mesma posição. Ainda sonolentos, eles correram ate o barulho.
Assim que entram no quarto dos pais, eles encontraram a mãe histerica chorando ao telefone, ajoelhada ao lado do marido.
- Pai - Vio gritou, correndo ate ao homem caído.
Jess enganchou o braço na cintura de sua irmã gêmea, a tirando da frente dos paramédicos, que invadiam o quarto.
- Eu vou acompanhar o pai de vocês - avisou sua mãe, enquanto os paramédicos o prendiam na maca - peguem Casey e vão para o hospital.
- O que aconteceu com o papai? - questionou Violett, o rosto manchado de lágrimas.
Ela não sabe o que sua mãe respondeu porque o mundo de Vio parou quando ela viu Casey na porta de seu quarto, seus olhos seguindo a maca em que seu pai estava preso.
Foi questão de segundos, tudo o que os paramédicos faziam era em uma velocidade acima do normal, sua mãe os seguia para dentro da ambulância, e eles mexiam em maquinas as ligando e desligando de seu pai, mas naquele segundo, tudo o que Violett via, era sua irmã casula, olhando a maca correr pelo corredor, poucos segundos, talvez ate milésimos, mas no olhar de Casey parecia horas.
Ela se aproximou da irmã mais nova, agachou-se na mesma altura e a segurou pelo ombro.
- O papai está bem? - a garotinha perguntou, com o rosto banhado em lágrimas, Vio pensou que deveria ser seu próprio reflexo.
Ela poderia mentir, dizer que estaria tudo bem, mas não o fez ... não sabia por que, mas não podia mentir, nem para Casey, nem para si mesma.
- Não sei - balbuciou a mais velha - por isso temos que ir ao hospital.
- Eu quero a mamãe - pediu a garota, os lábios começando a tremer, por tentar conter o choro.
- Vou pegar seu casaco, e vamos ate ela, tudo bem?
Violett puxou o casaco pendurado atrás da porta, colocou sobre os ombros da irmã mais nova, e a pegou no colo, seguindo ate a entrada, onde seu irmão a esperava no carro.
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Com Jess segurando a mão da irmã casula, eles correram na direção que a recpcionista indicou.
Era um lugar amplo, tão branco que se tornava sufocante, eles estavam a 6, talvez 9 passos do quarto do pai, a mãe estava bem na frente da porta conversando com o medico.
Assim que viram a mãe, os três pararam, não podiam ouvir as palavras do medico, mas podiam sentir o desespero da mãe.
Ela correu para dentro do quarto.
Ela gritava.
Ela chorava.
Violett estava travada, congelada dentro de si mesma, testemunhando o surto da mãe.
- Mãe! - Casey gritou correndo para dentro do quarto, seguindo o rastro de lagrimas deixado para trás.
Como se acordassem de seus devaneios, Vio e Jess chamaram o nome da irmã enquanto corriam para o quarto.
Violet sentiu-se deixando seu corpo, vendo tudo como um espectador.
Sua irmã casula abraçada a mãe.
Sua mãe, abraçada ao marido, manchando sua pele com lagrimas.
Seu irmão gêmeo parado, olhando o pai.
Seu pai, parecia estar dormindo, com maquinas desligadas ao seu redor.
Por que as maquinas foram desligadas?
Violett tampou a própria boca, tentando se concentrar em sua própria respiração.
Inspirando
Expirando
Ela tentou olhar através da água que se acumulava em seus olhos, escorrendo ate que ela pudesse sentir o gosto salgado na boca.
Vio sentiu seu irmão abraçá-la e seus soluços ecoarem em seus ouvidos. Inspirando um ar que parecia não existir no quarto, eles se aproximaram da mãe, cuja a caçula ainda estava agarrada à cintura, e as abraçaram.
Os quatro estavam ali, no quarto do pai abraçados, chorando juntos, sentindo falta do pai, com o corpo dele bem ao seu lado, sem bipes naquele quarto, como se tivessem sido engolidos pelo branco do hospital.
❄ ⛸ ❄ ⛸ ❄
Já estava para amanhece, quando eles voltaram para o carro.
Jess silenciosamente atrás do volante, a mãe ao lado um choro que machucava, Violett estava atrás com Casey deitada em seu colo, chorando até dormir.
Assim que chegaram em casa, a mãe saltou do carro e foi direto para o armário de bebidas, servindo uma dose em um copo qualquer, que foi engolida em um único gole, uma única virada.
Na segunda dose, Jess acrescentou mais dois copos e os três beberam juntos.
Era mais perto do almoço do que da madrugada, Violett não bebeu depois da primeira, mas a mãe, Vânia desistiu do copo na segunda garrafa, a entornando pelo gargalo.
- Mãe já está bom, pare de beber - pediu Jess.
- Eu! Eu sou sua mãe Jess. Você! não manda em mim.
- Exatamente você é a mãe - acusou Violett - deveria cuidar da gente, ou pelo menos, de Casey.
- Meu marido morreu, Violett! Fique quieta.
Engolindo em seco, Vio analisou a mãe.
- Tem razão, desculpe - suspirando Violett se aproximou dela - vem vamos para a cama.
- Não posso, como posso me deitar sem ele? - balbucionou Vania bebada.
- Você pode deitar em minha cama se quiser.
Ela assentiu bêbada e Violett a ajudou a subir, colocando-a na cama.
Encostando a porta do quarto, ela viu seu irmão gêmeo deixando o de Cay.
- Ela dormiu - murmurou Vio.
- Cay dormiu também, parece que ela lida com o luto dormindo - murmurou Jess.
- Queria ser assim.
Os dois irmãos se encararam e sentiram um silêncio misturado com tristeza pesando sobre eles.
Jess foi o primeiro a quebrar, um soluço fugindo dele, antes que as lágrimas caissem.
Violett sentiu sua visão embaçar com as lágrimas.
- Diga que um dia ficará mais fácil - pediu ela.
- Vai ser mais fácil, depois de um tempo - disse ele
- Diz que amanhã, será mais fácil.
- Não vou mentir para você, Violett.
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Uma babá no gelo
RomanceDepois da morte do pai, viver na mesma casa que a mãe não se tornara uma tarefa fácil. Precisando de dinheiro fixo, já que as competições que participava não garantia isso, Violett se candidata a uma vaga de baba. Agora ela precisa ser baba de três...