I'll be waiting

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"I'll be waiting for you when you're ready to love me again, I put my hands up, I'll do everything different, I'll be better to you."

O vento era um alento distante, intocável. Um pequeno calor descia dos céus, protegendo a terra e suas variações, mas não era forte o suficiente para acalentar um coração trôpego e dolorido.

Mãe.

Camila Cabello tinha o diário seguro entre o vão dos dedos. Seu corpo tremia sob uma respiração grave enquanto tomava a difícil decisão de seguir em frente ou ficar onde estava. Ter parte de uma pessoa que amava em mãos era um golpe traiçoeiro do destino.

Uma página tendeu para o lado. Ela mergulhou no passado, sentindo o coração espancar as paredes já corroídas do próprio peito. Tentou absorvê-las, mas eram tão pesadas e impetuosas que seus olhos marejados impediram-na de continuar.

Não vou conseguir sozinha.

Estava por conta própria. Não conseguia pensar em Lauren sem ter a vista embaçada por um vermelho berrante. E sabia que explicações eram dispensáveis, porque na sua concepção nada poderia justificar a mentira que a alienou da mãe.

Guardou o diário solitário no canto do armário. Selou a porta e caiu na cama.

Quatro dias para o seu aniversário de dezoito anos.

E não sabia o que fazer.

Fechou os olhos numa prece. Existem momentos em que pensamos que nada pode piorar porque já está tudo completamente fora do lugar, até que tomamos o susto de perceber que a vida prega peças sem marcar um horário.

O celular anunciou uma ligação terrivelmente inconveniente.

– Oi, Aurora.

Camila ouviu tudo sem acreditar. Era doloroso demais, incompreensivo e injusto. Seus olhos travaram e a respiração sumiu. O mundo não havia acabado totalmente. Até aquele momento.

Um aviso corriqueiro:

Estavam chamando-a para se despedir.

____________x_____________

Lauren abaixou com rapidez renovada. O lobo maciço que voou em seu pescoço caiu de lado ao que ela aproveitou para dar o bote. Suas patas terminaram o trabalho, impossibilitando-o de continuar. Outro animal cor de neve investiu contra suas costas, mas ela teve a brilhante ideia de prensá-lo contra uma árvore.

"Excelente."

O último dia de treinamento foi lacrado com chave de ouro. Lauren liquidou todos os lobos que tentaram abatê-la. Sua raiva e tristeza foram tão devastadoras que precisou esburgá-las colocando tudo de si no exercício habitual e o resultado foi melhor do que o almejado.

Todos voltaram à forma humana e vestiram-se adequadamente.

Agruparam-se ao seu redor. O chefe do clã parou à sua frente. Estendeu os braços e puxou-a para um prêmio emocional.

O conforto paternal.

"Estou tão orgulhoso de você."

Foi tudo que bastou para que seu coração quebrasse. Ela quis gritar. Esmurrar o vento, contrariando tudo aquilo que acreditavam. Dizer que Camila Cabello não merecia morrer e que era uma pessoa extraordinária.

Implorar ao pai que acabasse com aquela insanidade.

Só que todos esses pensamentos mudos eram apenas sonhos. Muito distantes. Abraçá-la forte debaixo da chuva mansa, beijá-la ternamente e dormir sob o conforto dos seus olhos era um conjunto insuficiente de desejos mortos.

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