Tudo estava levemente calmo, nada de estranho tinha acontecido até agora. E era exatamente essa normalidade, que estava fazendo a Androide número 18, se questionar se estava tudo bem.
O seu irmão gêmeo não tinha aprontado nada durante a semana toda, não tinha matado, roubado e nem nada do tipo.
Isso não é algo normal vindo dele, já que perder o seu controle, e atacar as pessoas sem motivo nenhum, é algo que acontece com extrema frequência.
O barulho do relógio estava dando agonia para ela, e a sua frente o seu irmão gêmeo sentado, em uma poltrona qualquer, lendo uma página aleatória de um jornal antigo.
Ela não tinha um pingo de paz quando se tratava dele, já que era quando ela saía de casa, que ele aproveitava para fazer algum tipo de 'cagada'.
N18: ei 17, você está calmo... Calmo demais, Aconteceu alguma coisa?
O moreno levantou o seu olhar lentamente, fazendo o corpo da loira se arrepiar.
N17: tirando a questão, de eu ter matado a mulher que eu amava, e os meus dois filhos, nada não aconteceu nada não!16 anos antes:
A androide número 18 se arrumava para sair de casa. A loira pretendia passar uma tarde amigável, na casa da sua melhor amiga.
Ela conheceu Jaine, com 13 anos, quando a garota estava cercada de policiais, sendo acusada de ter matado os seus próprios pais.
A loira ajudou ela a escapar daquele problemão, e desde então elas têm sido irmãs uma para a outra.
N18: HEY 17!
Enfiado dentro do seu quarto, o outro Android tira o fone de ouvido, e grita de volta para a sua irmã gêmea.
N17: O QUE VOCÊ QUER?
N18: EU ESTOU SAINDO! FICARÁ BEM SOZINHO?
N17: SE LIGA 18, EU NÃO SOU MAIS CRIANÇA!
Ele colocou os fones de novo, revirando os olhos.
Ele ama a sua irmã, mas o que irrita a ele, é ela se achar superior, por ter nascido 20 minutos antes dele. Ela o trata como criança por esse motivo.
A android apenas saiu, revirando os olhos pela rebeldia do seu irmão.
"Tomara que ele morra de caganeira, por não ter me escutado!"
Ela pensou rindo dos seus próprios pensamentos, e saiu voando até parar na frente da casa da melhor amiga.
A porta estava entre aberta, e tinha um cheiro muito forte e estranho vindo de lá dentro, cheiro de algo podre.
" Tsc! Ela deve ter esquecido a carne de porco fora da geladeira de novo!"
N18: JAINE, 'OIA' EU AQUI!
Ela disse abrindo a porta, sendo tomada pela escuridão dos cômodos.
Ela pensou em duas alternativas, ou a morena tinha saído sem avisar a ela, ou ela estava dormindo, por ter ido dormir tarde.
Ela foi acendendo as luzes cômodo por cômodo. Do corredor, da sala de estar da sala de jantar, até chegar na cozinha.
O grito que ela deu, fez eco por toda a casa.
Na sua frente, tinha restos do que já foi uma pessoa.
O cadáver pálido, os olhos abertos, que não demonstravam nenhum sinal de vida. Larvas, mosquitos e outros, devoravam o corpo sem vida.
Nas suas pernas e braços, vários cortes e costurados, que estavam cicatrizando. Na sua barriga um gigantesco corte, mostrando todos os órgãos internos. Pelo seu rosto não dava se entender, qual era o sexo daquela pessoa. Apenas por ter a sua face toda desfigurada, provavelmente por uma série de socos extremamente potentes.
Ela não sabia o que era mais assustador. O fato de ter um cadáver, na cozinha, da casa, da sua melhor amiga, ou o cheiro que já estava fazendo ela ter vontade, de arrancar o próprio nariz.
Quantos minutos, ela ficou completamente paralisada. Não sabia o que pensar daquilo, não sabia o que imaginar, o que dizer ou fazer.
Na escada de madeira, rangindos soaram como em um filme de terror.
Mãos frias tocaram nos ombros nus da loira, por conta da blusa ombro a ombro que ela usava.
Os seus olhos se arregalaram, quando sentiu a respiração quente bater contra a pele nua do seu pescoço.
N18: J Jaine...
A sua voz saiu como o sussurro, mas foi o suficiente para a mulher atrás dela, ouvir.
A sua cabeça se encaixou na curvatura do seu pescoço, abraçando a cintura da melhor amiga, e colando as suas costas em seu peito.
N18: Jaine... O que foi que você fez!?
JAINE: eu o matei, não vê?
N18: Por que!? O que essa pessoa fez para você?
JAINE: você não iria entender, nem se eu explicasse por horas e horas a fio!
Ela disse soltando a cintura da melhor amiga, indo até a geladeira e pegando algo para beber ali.
A loira continuava paralisada, os seus olhos continuavam sobre a figura desfigurada, e já se surpreendeu por ter conseguido mexer a boca.
Ela não entendia o tamanho da calmaria da sua melhor amiga, frente a uma situação daquelas.
Quando ela finalmente sentiu a sua cabeça voltando ao seu ser, ela se virou para a mulher, que tomava uma latinha de coca-cola, completamente despreocupada.
N18: FICOU MALUCA!?
JAINE: Não grite comigo!
Ela disse, o que parecia mais um pedido, do que uma ordem que era para ter saído amedrontadora. Seus lábios tocavam a boca da latinha, tomando o líquido escuro e doce dali. Seus olhos estavam fechados, e de vez em quando ela tirava a lata a boca, para poder colocar ar em seus pulmões.
N18: como você pode ficar tão calma, frente a uma situação dessas?
A mulher termina de beber o seu refrigerante, amassando a lata nas mãos, e jogando ela em algum lugar por aí. Os seus olhos ainda fechados, foram abrindo lentamente até se encontrarem com os azuis da Android.
JAINE: eu me sinto viva quando faço isso!
A loira se perguntava se tinha ouvido certo, portanto deu um passo para frente, pronta para estapear a cara da amiga, se fosse necessário.
N18: você se sente viva? Então quer dizer que você já fez isso outras vezes?
JAINE: E não é óbvio?
A loira estava pronta para dar o seu primeiro tapa, sentindo uma raiva consumir todo o seu ser. Jaine não tinha simplesmente matado a pessoa, as marcas e ferimentos abertos por todo o seu corpo, indicava que ela tinha torturado, o pobre ser antes disso.
A gritaria, e bronca que ela estava prestes a dar em sua amiga, parou quando elas ouviram batidas histéricas na porta.
N18: Ah mas que ótimo, e agora o que vai fazer senhorita assassina?!
Continua...
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imagine Android número 17.
FanfictionJaine não queria se apaixonar... Não queria desejar a ele, queria ser sozinha, e cumprir os seus próprios objetivos e metas. Androide número 18, acabou botando um fim nesse desejo da garota vergonha de ser apenas ela mesma, quando apresentou o seu i...