Solamente te falta un beso

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Valentina Carvajal não conseguia acreditar na audácia.

Enquanto a música alta soava em batuques descompassados e as luzes brilhavam como caleidoscópios, ela não conseguia acreditar no que estava diante de seus olhos. Juliana Valdés, plena, em toda a sua beleza com um vestido de seda vermelho, que se desenhava em volta do corpo escultural como se ela fosse, de fato, uma obra de arte. O decote era generoso o suficiente e a fenda na coxa... Valentina ajeitou a gravata, por que, por um momento, se sentiu sufocada.

Juliana era linda.

Naquela noite, estava um espetáculo como nunca antes.

De proposito, a loira disse para si mesma, com um sorrisinho melancólico. Por isso, também, a morena estava envolvida por Sérgio. O rapaz tinha a mão nas costas de Juliana, guiando—a entre as centenas de pessoas no enorme quintal da mansão Carvajal. Era muita audácia, de fato. Ela havia apenas pedido um tempo para Juliana, não era como se elas não estivessem mais juntas.

E ela estava desfilando com Sérgio? Em sua festa? Em sua casa. Valentina ajeitou o blazer do terno cor de vinho e desabotoou o botão. Precisava de uma bebida. Talvez uma dose de vodca. Ou shots de tequila.

Enquanto caminhava pela festa, fazendo questão de dançar com quem lhe chamasse, percebeu que Juliana dançava com Sérgio. O reggaeton tocava sensual, e a morena — tão sensual quanto possível — dançava sorrindo. Valentina só conseguia pensar que precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa. E enquanto pensava no que poderia fazer, foi atrás de uma bebida.

— Que audácia ele tem em trazer você. — Juliana ouviu a voz, causando um arrepio profundo em seu corpo. Valentina estava parada atrás dela. Ela sentia, como se de repente estivesse calor demais. — Não é absurdo?

— Achei que... Você tivesse convidado a gente.

— Convidei você. — Disse, e Juliana reconheceu o tom em sua voz. — E convidei a ele. Mas não para virem juntos.

— Mas estamos juntos.

Os dedos de Valentina alcançaram as costas de Juliana com suavidade, na fenda que se fazia acima da linha da bunda; foi quase como se estivesse com medo de tocar a morena — mas o problema era conseguir parar de tocá—la. Diferente do toque de Sérgio, Juliana sentiu um calor inconfundível, derradeiro, parecia lhe queimar de dentro para fora.

Como labaredas intensas e incontroláveis.

— Você tem coragem de dizer isso na minha cara.

— Você quem terminou comigo.

A morena se afastou, deixando Valentina à mercê de seus pensamentos. Enquanto voltava para perto de Sérgio, encarou a loira de longe. Demorou questão de segundos em uma pista de dança improvisada para Juliana ver que Valentina estava sendo puxada pela gravata. Filha da puta. Alguma outra garota estava com as mãos nela, puxando—a com toda a intensidade e um sorrisinho ridículo no rosto. Valentina, é lógico, envolveu a garota pela cintura — como ela sempre fazia com Juliana. A morena se recriminou, pois não deveria estar olhando, mas... Não conseguia parar. Talvez fosse a hora de ir embora da festa. Mas definitivamente era a hora de ficar longe de Valentina.

— Você não parece estar se divertindo. — Sérgio acusou.

— Talvez eu não esteja mesmo.

— Valentina ainda mexe com você, não é?

— Você sabe que sim.

Sérgio esfregou a mão pelos cabelos, em um ato de redenção.

— Eu nunca tive nenhuma chance?

Échame La Culpa | Juliantina | ONESHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora