Acordei tomando um grande fôlego, como se tivesse ficado horas sem respirar. Primeiro, pensei que poderia ter sido só um pesadelo, mas então me movimentei minimamente e senti a sensação das minhas roupas úmidas colando na minha pele. Me levantei depressa e quase fui ao chão com a tontura que me abateu. Inspirei fundo para me acalmar e girei no lugar tentando identificar onde estava, não parecia nada que eu já tinha visto, e eu teria a imagem exata na minha cabeça se realmente já tivesse estado aqui.
E se eu caí de um penhasco para o lago negro como me lembrava e minhas roupas mostravam, cadê o lago? Tudo o que eu via eram árvores e mais árvores, estava escuro e o ar era denso, me trazendo arrepios de frio. Agora, não tenho certeza se é por estar de noite, ou o fato de haver tantas árvores de copas fechadas que não seria possível passar nem mesmo um raio de luz solar.
Não dava pra ficar parada esperando por uma ajuda divina, estava ficando com fome e o vento gelado batendo em minhas roupas acabaria me deixando gripada. Eu tinha que começar a andar e procurar por algum sinal de civilização. O caminho era muito acidentado e as raízes quase me fizeram cair umas duas vezes, não se via quase nada nítido naquele breu. Um som de murmúrios soaram não muito longe e logo o barulho de folhas sendo pisoteadas também, pensei em me esconder, mas talvez aquela fosse a ajuda divina da qual zombei.
Um garoto alto vestido todo de preto apareceu por entre as árvores carregando um livro grosso em uma das mãos. Não consegui enxergar seus traços direito por conta do escuro, mas estou certa que não o conheci antes.
O moreno de cabelos jogados nos olhos estancou no lugar me encarando com surpresa, mas logo sua expressão passou para confusão.
“O que faz aqui?” Droga. Nem eu sei, amigo, nem eu sei.
“O que você faz aqui?” Melhor forma de não responder uma pergunta.
Por alguns segundos pensei que ele ia me xingar e apontar que eu estava invadindo alguma propriedade privada, mas não foi isso que aconteceu. Ele apenas suspirou derrotado.
“Estava lendo enquanto caminhava, acabei me perdendo.”
“Se perdendo? Você está perdido?” O garoto me olhou como se eu fosse louca pelo entusiasmo estranho.
“Foi o que eu disse.”
Aquela que está perdida no tempo, precisa daquele que está perdido no espaço. A última frase daquela mulher passou sambando pela minha cabeça. Ela simplesmente me jogou o tal protetor de mãos beijadas assim? Ou é apenas a sorte sorrindo pro meu lado? Vamos lá, não tem como estar errado, seria uma baita de uma coincidência encontrar um garoto perdido justo quando me foi dito que eu precisava de um.
A guia afirmou que eu não poderia voltar pra casa, mas ela não conhece Raisel Bathory. Se eu cheguei aqui é porque tem uma passagem, e se tem uma passagem, vou voltar por ela. Tudo que eu preciso fazer é grudar nesse protetor até conseguir uma forma de descobrir onde está essa maldita porta.
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Back for you - S. Snape
FanfictionRaisel Bathory não gostava de ser ajudada de forma alguma, mas ao contrário disso, algo dentro dela sempre a fazia ir ao socorro dos outros automaticamente. Sabia que um dia ia acabar se metendo em grandes problemas por conta disso. E foi o que acon...