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Com um livro agarrado com total cuidado em suas mãos, a menina de longos cabelos com tons escuros de castanho, cantarolava uma música antiga, que, conheceu pela imensa prateleira de discos e livros antigos da sua avó.

- Filha de certeza que não queres um livro mais... - A sua mãe, Rose, pensou por instantes encarando pelo retrovisor o livro assustador que a garota agarrava em suas mãos pequeninas, bastante interessada.
- Mais infantil?

Amelia em resposta revirou os olhos, um hábito que sempre teve para qualquer aborrecimento.

- Já te disse inúmeras vezes para não fazeres isso, é um hábito muit...

- Muito feio. - Completou a mesma dando uma pequena risada, acabando por contagiar a sua mãe.

Afinal, quem não se iria contagiar com o riso de Amelia? Com a sua personalidade forte, mas também cativante?

- Mamã eu não quero outro livro, quero este.

"Mamã" uma palavra que a jovem não entendia porque tantos outros da idade dela tinham vergonha de dizer.

- Está bem, mas deixa-o no carro quando chegarmos. - Avisou Rose.

- Ok.

Amelia que agora tem os seus 7 anos, sempre foi incomum, inteligente mas irresponsável e principalmente encantadora. Com um gosto peculiar, influenciada pela criação de sua avó, nunca se interessou por livros e músicas indicados para a sua idade.

- Chegámos querida. - Rose com um sorriso quase idêntico ao da filha disse enquanto estacionava o carro. - Ansiosa por estar no 2°ano?

- Muito! - Respondeu enquanto recebia um beijo de despedida nas bochechas preenchidas com leves sardas.

- Amelia! - Disseram algumas garotas em sintonia, as quais Amelia soube automaticamente identificar que eram da sua classe.

-Tchau mamã! - Exclamou antes de abrir a porta do carro, ajeitar a sua saia xadrez que faz parte do vestuário da escola e correr em direção às suas amigas.

Sem tempo para resposta, Rose limitou-se a acenar, segundos depois o seu telemóvel começou a tocar, em busca dele a mesma olhou pelo retrovisor, e para seu desgosto notou que o livro não se encontrava mais lá.

A mãe deu um suspiro infeliz com a desonestidade da filha.

Amelia também era mimada.

Atendeu o telemóvel colocando-o sobre o ombro, para assim puder conduzir ao mesmo tempo, e foi embora.

AmeliaOnde histórias criam vida. Descubra agora