O Monstro - Capítulo único

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O MONSTRO 

A aldeia de Walterfall era bastante conhecida por suas enormes e exuberantes cachoeiras, mas ficava distante de tudo e por esse motivo raras eram as vezes que a pequena aldeia ganhava visitantes. Lá também era o lar do monstro das aguas um ser horrendo que fora amaldiçoado a milhares de anos atrás com uma aparência horripilante, ele ganhou esse apelido por gostar muito de visitar as cachoeiras e nadar durante as noites, ocasiões que ele raramente era visto. 

Ele morava em uma enorme casa de dois andares toda feita de madeira rustica dando ao lugar uma impressão ruim, como se realmente fosse assombrada, o lugar realmente combinava com o dono. A casa em questão ficava bem afastada e o monstro vivia lá sozinho sem incomodar ninguém e vice-versa. Os moradores o evitavam e nas raras ocasiões que o monstro precisava sair para fazer comprar ou algo do gênero todos se afastavam, as mães carregavam as crianças assustadas para longe, e o velho atendente da mercearia que havia crescido sob a mesma circunstancia o atendia sem ao menos lhe dirigir a palavra.  

Os humanos odiavam o monstro, porém o temiam, ele era dono de uma força descomunal e possuía poderes que a física era incapaz de explicar, não se sabia o que poderia acontecer caso tentassem algo contra ele e por esse motivo viviam em uma trégua muda. O monstro odiava os humanos, mas não faria nada enquanto se mantivessem quietos. 

Numa bela tarde de verão uma van chegou pela estrada de terra que ligava a vila a alto-estrada, estacionou na praça principal e de dentro saíram quatro rapazes aparentando estar na faixa dos vinte anos, eles não pareciam ser boas pessoas, eles carregavam aquela aura de badboys que os rebeldes sem causa costumavam exalar. Pediram informações sobre o melhor lugar para acampar nas redondezas e o senhor Choi, o idoso dono da mercearia todo prestativo lhes indicou o caminho da cachoeira mais próxima e sem ao menos agradecer eles retornaram para a van e arrancaram dando cavalinho de pau inundando o local de poeira. 

O senhor Choi tossia graças a travessura dos moleques insolentes e torcia para que eles permanecessem longe de confusão, afinal existia um monstro ali que sempre se manteve quieto, mas que exalava toda a raiva que sentia pela humanidade que o rejeitava e não sabia do que ele seria capaz quando a fúria o dominasse. 

Os garotos chegaram no local que foram instruídos e montaram o acampamento em tempo recorde, eles estavam acostumados com essa coisa de viver na natureza, sempre foram excluídos pela família, seus pais eram ocupados demais com seus negócios e deixavam os filhos para serem criados pelos empregados. 

Foi numa escola de elite que se conheceram, tornando-se amigos facilmente por terem tanto em comum e foi aí que começaram a extravasar toda a dor e a solidão que sentiam através de pequenos delitos, pichações e violência e o bullyng. Eles sempre saiam juntos nos finais de semana causando confusão nos lugares que frequentavam, eram expulsos de boates, as vezes presos por pichação e os pais nada faziam além de pagarem a fiança ou subornar as pessoas para que não fizessem nada a respeito. Quando completaram a maioridade, com a habilitação em mãos passaram a fazer pequenas viagens como essa para relaxar em meio a natureza abusando livremente de drogas e álcool sem maiores preocupações. 

Já estavam altos quando Jackson Wang o líder do grupinho observou que algo reluzia em meio a folhagem da floresta, apertou os olhos e se levantou da cadeira dobrável para que pudesse prestar mais atenção e foi quando percebeu que se travava de uma luz, só não sabia se era causada por uma lanterna ou era luz de alguma casa que ficava próxima. 

— O que você tanto olha cara? Já está doidão? – Mark perguntou curioso a respeito do que tanto o amigo olhava. 

— Que nada, precisa de muito para me derrubar, tem alguma coisa ali. Veja tem uma luz naquela direção – apontou para o lugar de onde a claridade vinha e Mark se levantou para que pudesse ver melhor. 

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