Blood Color | Kim Taehyung

Capítulo Seis

Já havia um tempo que Kim Taehyung não ficava com insônia. Por seus dias sempre serem cansativos, quando o seu corpo entrava em contato com o macio do colchão, era possível entrar em sono profundo em questão de minutos. No entanto, por conta da sua conversa com Jungkook a sua mente estava vagando pelo passado remoendo todas as suas memórias felizes e o fazendo sentir a dor de sua perda novamente. Era impressionante como sua mente conseguia vivenciar aqueles momentos como se tivessem acontecido no dia anterior.

Tae se encolheu na cama ao sentir seu peito doer e suas lágrimas escorrerem pelo rosto, abraçou o travesseiro na expectativa de não se sentir só, mas acabou se afundando ainda mais em sua angústia.

- Meu nome é Evelyn. E o seu? - Uma garota falou ao se aproximar dele na lanchonete.

- Por que quer saber? - Ele disse tirando um dos fones do ouvido.

- Você sempre vem aqui. - Deu de ombros. - Nunca está acompanhado, pensei que talvez pudéssemos nos conhecer. - Ela sorriu e seu sorriso era espontâneo e contagiante. Taehyung sentiu seu peito aquecer. Era um lindo sorriso pelo qual seus olhos se apaixonaram.

- Já estou de saída. - Falou levantando do banco e a deixando para trás sem respostas.

O que corroia Taehyung de dentro para fora meses depois é o fato dele não conseguir resistir a insistência de Evelyn e permitir que ela entrasse na sua vida. Ele sabia que tinha sido o motivo de acabar com a deliciosa áurea que ela transmitia, foi ele quem destruiu a sua ingênua alma e foi ele o culpado de sua morte.

O passado pode machucar de várias maneiras. Alguns deles são traumatizantes, outros são tão bonitos que quando são perdidos já não resta qualquer esperança de futuro. Quando criança Tae pensava que o seu seria o primeiro, não acreditava que uma coisa boa poderia acontecer em sua vida devido às circunstâncias. Porém, aconteceu e ele se sentiu vivo pela primeira vez e se odiava por isso. Se odiava pelo fato de considerar a melhor parte de sua vida a que causou a morte de alguém que amava.

- Taehyung, eu sinto muito. - Jungkook expressou seus sentimentos ainda surpresos pela história do amigo. Ele o abraçou forte, tentando de alguma forma arrancar um pouco da dor que o Tae sentia e Taehyung se permitiu desabar nos ombros do amigo.

Ele não queria demonstrar fraqueza na frente de Kook, mas ele carregou tudo aquilo durante anos: a morte das duas mulheres de sua vida. Talvez o fato de se sentir confortável e amado na presença do amigo o tornou vulnerável, mas não queria parecer tão dramático.

- Você deve fazer muito sucesso com as mulheres, por isso é tão arrogante. - Evelyn falou se sentando à sua frente. - Mas ao mesmo tempo me acha interessante, já que não parou de vir aqui. - Ela ergueu uma sobrancelha enquanto encarava os olhos negros do garoto.

- Talvez eu devesse chamar o gerente, porque uma de suas garçonetes está fugindo um pouco do profissionalismo.- Disse puxando para si o prato com biscoitos de queijo e o seu café com leite, ela o observou com o rosto apoiado na mão.

- Sempre pede biscoitos de queijo. Eles significam algo? - Perguntou docemente.

- Eu gosto.

- Não acho que é só isso. - Pontuou.

- Você acha muitas coisas.- Bufou fazendo Evelyn sorrir, o que chamou a atenção de Taehyung. Ele simplesmente não conseguia resistir não apreciá-la quando sorria.

- Na primeira vez que veio aqui, você chorou ao comer os biscoitos. - Ela falou fazendo Tae se engasgar. Ele arrumou sua postura ao ser pego de surpresa com a informação.