Quando o vento soprar

Capítulo 1

A morte é um dos maiores mistérios da vida, muitas vezes nos questionamos porquê tivemos que nos despedir de alguém que amamos ou até mesmo temer que a gente seja o próximo. A única certeza que temos é que todos iremos morrer um dia, mas nunca estamos preparados para perder alguém. A vida nos prega peças a todo instante e nosso mundo pode desmoronar a qualquer momento, o meu mundo desmoronou há 7 dias atrás quando em um acidente de carro acabei perdendo meu pai e minha madrasta, recebi a notícia como uma bomba e a única reação que eu tive foi de segurar minha irmã nos braços e abraça-la fortemente dizendo que tudo ficaria bem. Mas quem eu queria enganar, como é que tudo fica bem quando você perde as pessoas mais preciosas da sua vida?

A primeira perda que eu tive foi quando eu tinha quatro anos e minha mãe perdeu a luta contra o câncer, meu pai me pegou no colo e disse que tudo ficaria bem, realmente ficou mas sempre sentia falta dos beijos de boa noite e das histórias que ela contava para eu dormir. O tempo passou e quanto eu tinha 7 anos meu pai acabou se casando novamente com uma antiga amiga de faculdade, após dois anos minha irmã nasceu e meus dias se tornaram mais coloridos. Minha madrasta acabou se tornando minha segunda mãe, ela me tratava como se eu tivesse saído da sua barriga e preencheu o vazio materno que tive.

No ano seguinte meu pai e minha madrasta acabaram abrindo uma empresa de e-commerce que aos poucos foi crescendo e hoje em dia é a maior que existe no mundo. Apesar de andarem sempre em reuniões, minha irmã e eu sempre tivemos eles presentes em nossas vidas, no café da manhã, no almoço, nas reuniões escolares, viagens e datas comemorativas. Mesmo trabalhando muito eles não deixavam de nos dá atenção. 

Quando completamos o colégio, ambos sentaram com nós duas e perguntaram o que queríamos fazer agora, eu optei por me formar na mesma área do dois engenharia elétrica e ciências da computação, enquanto minha irmã foi pro lado da arquitetura e engenharia. 

Perder os dois foi um grande baque para mim e para minha irmã ao dobro, de um dia pro outro simplesmente nossas responsabilidades dobraram e só hoje caiu a ficha que iríamos comandar todo esse império que eles construíram e não tínhamos a menor ideia do que nos esperava.

- Está pronta? - perguntei abrindo a porta do quarto de minha irmã.

- Estou, vamos lá. - ela respondeu suspirando e saindo do quarto.

Saímos de casa abraçadas e entramos no carro onde Isaque já nos esperava no volante do carro que era de nosso pai.

- Queria eu mesma dirigir. - minha irmã disse sussurrando.

- Foi conselho do advogado do pai que a gente chegasse lá assim. - falei puxando ela pra um abraço de lado.

- Será que vamos conseguir passar por isso tudo? - ela perguntou me olhando com os olhos marejados.

- É só continuarmos juntas que tudo dará certo. - respondi enxugando seu rosto e dando um beijo na sua cabeça.

O carro parou na frente daquele prédio imponente de tinha o M&G enorme no topo do mesmo, era um dos maiores que existia na cidade. Seu Isaque abriu a porta do carro e saímos com as mãos entrelaçadas indo em direção a porta giratória da empresa, fomos cumprimentadas pelas pessoas que esbarrávamos pelo caminho e notamos o olhar de pena que todas nos direcionavam. Entramos no elevador que dava direto pra cobertura e era o reservado apenas para o presidente, em segundos estávamos saindo da caixa de metal e indo em direção a sala de reuniões onde tinha três homens engravatados e duas mulheres vestidas com roupa social.

Um dos homens eu conhecia que era o advogado de meu pai e assim que ele nos viu veio em nossa direção nos cumprimentar.

- Que bom que chegaram, mas uma vez meus sentimentos. - ele disse apertando nossas mãos.