Deitada entre as raízes da grande árvore me deixava levar pelos murmúrios que saiam dos meus lábios quase trincados, falando com a lua, quase que acreditando nas estrelas e que elas eram capazes de consolar o desabafo de uma mera humana. Os pequenos pontos de massa reluziam na imensidão do espaço, o cobrindo como se fosse um manto pontilhado.
O silêncio provinha do horário tanto é que, não havia mais tráfego de automóveis, muito menos pessoas em busca dos prazeres noturnos. Louco seria quem saísse de casa e desafiasse o frio. O farfalhar brusco balança as folhagens a cima da minha cabeça e disso, o inebriante cheiro da natureza invade meus pulmões, sendo capaz de me purificar por dentro.
Aperto o tão memorável sobretudo vermelho no qual o comprimento é capaz de cobrir-me por completo, me encolho com a brisa fria que insistia em vagar pelo jardim e tento me aquecer com tudo o que tinha. A baixa temperatura indica o início do inverno, sendo assim, conforme respiro e converso com o céu as minúsculas partículas se condensam no ar como se fosse fumaça, esvaindo em meros segundos.
Essas últimas semanas me torturo em relembrar nosso último momento. E, o que vaga por minha mente é capaz de assombrar meu coração. Não sei se você captava as entrelinhas, mas o seu simples gesto ainda é simbólico para mim. Que me convenci que ele esteja atado no meu corpo e alma para não ser capaz esquecê-lo, soando como repley ao longo dos dias.
Tento engolir a dor, todavia minha respiração pesa e meus olhos inunda. Minha vista ofusca, meu nariz arde e as densas e incessantes lágrimas transbordam, contornando meu rosto tão rápido quanto as ondas de soluço que escapam do fundo da minha garganta. Impossível de respirar, e sentindo a dor lasciva da perda.
Me acomodei no meu cotidiano e na mordomia que meu cérebro já estava acostumado que você voltaria. Seu típico sinal quando ia para mais uma missão, era o seu legado se despedir assim, como quem diz: volto logo. Meu problema foi ter esquecido dos perigos que é ser um devil Hunter. Você completou a missão proposta, derrotou o mal pela raiz e em troca, sua vida foi junto.
Olho para o lado, a lapide de pedra foi posicionada ao lado esquerdo desta grande árvore. Seu antigo lar onde sua mãe também foi enterrada, me pergunto se isso é um lugar digno para um lendário cavaleiro, visto todo o seu problema e trauma familiar, nunca conversamos sobre a morte.
Mais uma vez, como se fosse um disco velho a mesma cena se repete. Seus dedos posicionados na lateral da testa se afastam no interim de sair andando, passando pelas portas da Devil May Cry e seguindo caminho até perde-lo de vista.
Dante, eu deveria ter feito birra que nem uma criança mimada, se ao menos soubesse...poderia ter feito algo.Eu ainda não me conformo que o seu legado teve fim, ainda estranho essa situação e, pior ainda, saber que a única coisa encontrada nos escombros foi o seu sobretudo vermelho, é frustante. A amarga realidade embrulha meu estômago em saber que nunca mais verei seu sorriso e que nem pude me despedir devidamente.
Entre lágrimas densas e confissões nunca ditas, engulo em meio a dor o pranto que tanto me sufocava. Meu coração se amargura com a dor e com as pontas dos dedos praticamente congeladas junto minhas mãos entre os seio apertando com todas as forças o sobretudo vermelho.
Gritei aos quatro ventos a dor que não cabia no peito, saiu do fundo da minha alma e ecoou pelo vasto jardim, assustando os pássaros que dormiam nos galhos a cima.
Me vejo olhando pra lua, sob o mesmo céu em que nos conhecemos e neste mesmo lugar é onde nossa história ganha seu fim.
- Adeus, Dante.
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Confesso que chorei escrevendo e que meu psicológico esta abalado.
Eu voto que, depois disso, bora todos para um grupo de reabilitação nos tratar...
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Goodbye - Devil May Cry | Oneshort |
Fanfiction[...] Falando com a lua, quase que acreditando nas estrelas e que elas eram capazes de consolar o desabafo de uma mera humana. Capa feita por: Kaittoujoker (Link perfil no cap). 🎖 Conquistas 🎖 (29/04/2021) - Dmc: 6° - Devil May Cry: 9° - Perda:...