Tive uma infancia muito simples, mais muito boa. Meus pais eram judeus lituanos, tinham emigrado para o Brasil em busca de uma vida melhor embora muitas vezes com nostalgia da aldeia em que eles nascerão e foram criados as lembranças que de lá traziam não eram nada agradaveis. Como eram muito pobres eles haviam passado necessidade, meu pai se lembrava de um inverno rigoroso no qual todas as refeições do dia se resumiam em três batatas podres, muitas das vezes. E havia ainda a ameaça dos tanques dos anti semitas, que periodicamente invadiam a aldeia,surrando feindo e matando muitos judeus. Tudo isso eles suportaram. Quando hitler subiu ao poder, meu pai começou a achar que era hora de partir. Não conseguiu convencer seus irmãos, eram sete,, todos mais velho que ele. eles diziam: Isto vai passar, Hitler não é o primeiro louco que chega ao poder, ele fala muito, mais não cumprira suas ameaças.
Depois de muita discusão meu pai e minha mãe, que eram recem casados, decidirão partir sozinhos. Meus pais dizião: se acontecesse alguma coisa, e tinham certeza de que alguma coisa iria acontecer, teriam condições de reseber os parentes na America.
Emigrar foi bem mais dificil do que imaginaram. Os países não queriam receber judeus, finalmente meu pai conseguiu vistos para um país pouco conhesido: o Brasil. Minha mãe não tinha ideias de onde ficava este lugar, e achava que era habitado por indios, meu pai, mostrou-lhe fotos de grandes cidades, disse que teriam ali muitas oportunidades. Mmas o que convenceu mesmo minha mãe foram o açucar e as frutas.
Açucar para eles era uma coisa rara, e cara. Vinha em cubinhos, com os quais adoçavam o chá. Mas não colocavam um cubinho de açucar no chá, não eles o seguravam entre os dentes e iam tomando o liquido, que ia dissolvendo o açucar pouco a pouco, desta forma durava mais. Quanto as frutas, minha mãe simplesmente as adorava, mas eram ainda mais carars que o açucar. De vez em quando, num dia de festa, compravam uma laranja, dividiam-na, e cada um saboreava lentamente o seu gomo. Uma vez convidaram o rabino da aldeia vizinha para um almoço. A sobrimesa era uma laranja, dividida da forma habitual. Só que o santo homem, ignorando ou fingindo ignorar que deveria ser partilhada, comeu-a toda, deixando a familia sem sobrimesa. Com banana era a mesma coisa cortavam-na em fatias e cada um comia uma fatia. O sonho de minha mãe porem era abacate. Que existia na Europa, claro, mas era tão caro mais tão caro que ela jamais o experimentara. O que excitava-lhe ainda mais a imaginação, deveria ser um manjas divino, o abacate, coisa para reis e rainhas, dizia ela.
Quando meu pai disse que estas coisas todas no Brasil eram extremamente comuns, minha mãe ficou maravilhada.
- É verdade? - perguntava, com os olhos brilhando.
- É verdade que a gente lá pode comer laranja à vontade?
- É verdade.
- E banana?
- Banana! meu pai riu. banana é coisa que até os pobres comem, às dúzias.
- E minha mãe mal ousava levantar a duvida - abacate? Abacate da para gente como nós comprar?
Isso meu pai não sabia, mas, por via das duvidas, resolveu opitar por uma resposta positiva, na pior das hipoteses seria uma mentira piedosa que Deus sem duvida lhe perdoaria.
- Claro. E se você achar que o abacate não é bastante doce, pode colocar açucar. É coisa que não falta lá.
com o que minha mãe se convenseu.
Sairam na ultima hora, em agosto de 1939, um mês depois começava a Segunda Guerra. varia pessoas que meus pais conhesião morrerão em campos de concentração, também os parentes de meus pais morrerão.
A viagem para o Brasil foi terrivel meus pais viajarão no porão de um navio cargueiro, amontoados com dezenas de outras pessoas. Gravida minha mãe tinha de aguentar os enjoos da viagem. Mas isso não fez com que ela parase de pensar na visão magica.
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O diário de um sonhador
Short StoryCapitulo 1. introdução vivendo na escuridão de um mundo doloroso estou, sinto o ódio em minhas veias meu sangue ferve de raiva só de pensas na pessoa que tirou a vida do me...