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Liam

ERA óbvio que Theo tinha bom gosto e muito orgulho de sua casa. Não era enorme nem superluxuosa, mas era bonita e limpa, e cada cômodo tinha certos detalhes que o tornavam agradável e aconchegante. Assim como a cozinha, cada cômodo que vi parecia um cenário de Hollywood.

As paredes da sala de jantar eram pintadas de azul-claro acinzentado, e havia um vaso prateado e brilhante cheio de flores brancas sobre a mesa comprida e retangular. Depois ficava a sala de estar, onde grossos tapetes brancos cobriam o piso e grandes poltronas e sofás de cores neutras estavam dispostos ao redor de uma grande otomana. Havia várias fotografias emolduradas sobre o aparador branco da lareira de tijolos da sala, e fui até lá para olhar mais de perto.

Sorri ao ver uma foto de Theo e Tara quando crianças. Ele parecia ter uns dez anos; ela, talvez metade dessa idade. Outra garota, um pouco mais baixa que  Theo, estava entre eles, e me perguntei se haveria uma terceira irmã. Os três usavam roupas de banho e sorriam abertamente, apertando os olhos sob o sol.

Todos tinham pelo menos um dente faltando.

Havia outras fotos de família, tiradas em formaturas e Natais e no casamento de alguém – da outro irmã, talvez? Parece que Theo tinha sido padrinho. Eu imaginava se ele já fora casado, ou se estava namorando. Provavelmente. Que cara da idade dele, que fosse tão bonito e obviamente gentil, inteligente e bem- sucedido, ainda estaria solteiro?

– Está pronto.

Ao som de sua voz, me virei.

– Estava vendo suas fotos. Posso perguntar quem são essas pessoas?

– Claro. – Ele veio para a sala e parou ao meu lado, enfiando as mãos nos bolsos.

– Além da Tara, você também tem um outra irmã?

– Sim. Malia. Dois anos mais nova. – Apontou para a foto deles em roupas formais. Malia era alta como Theo, mas não tinha a mesma beleza rústica. – Esta foi no casamento dela, três anos atrás. Ela e o esposo moram em San Diego e têm um bebê de seis meses, Gabe.
– É este aqui? – indiquei a foto de Theo segurando um bebê nos braços.

– É. Isso foi no batizado dele. Sou o padrinho. – Um tom de orgulho soou em sua voz, o que me fez sorrir.
– Enfim… quer comer?

– Se quero!

Voltamos para a cozinha, onde Theo havia posto a mesa para mim, com direito a jogo americano e guardanapo de tecido, faca de carne à direita e garfo à esquerda. Um copo de água gelada também havia sido posto para mim.

– É como se eu estivesse em um restaurante cinco estrelas – eu disse ao me sentar, colocando o guardanapo sobre as pernas. – Sinto que não estou vestido de forma apropriada ou algo assim.

– Besteira. É que tenho um problema com guardanapos de papel. Detesto. –

Ele pôs o prato em minha frente, e eu quase chorei de tão gostoso que parecia: um bife perfeitamente temperado e ao ponto e uma salada verde fresca. Simples, mas perfeito.

Comecei a comer imediatamente.

Theo arrumou a cozinha, depois trouxe sua taça de vinho para a mesa, sentando-se na cadeira à minha frente.

– Uau. Você estava mesmo com fome.

Sorri timidamente e cortei mais um pedaço do que restava do bife.

– Meus avós cresceram em tempos difíceis e me ensinaram a jamais sair da mesa enquanto houver comida no prato, pois nunca se sabe se conseguirá fazer uma boa refeição no dia seguinte. E, além disso, está delicioso.

E Se Acontesse? ~ Version Thiam (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora