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Liam

FICAMOS LÁ PARADOS, respirando com dificuldade e cobertos por nossos fluidos corporais, a mão dele ainda segurando os paus.

Pisquei algumas vezes, ainda duvidando se ele não era um fantasma.

Ou talvez um sonho.

Mas ele continuava no mesmo lugar, os quadris sólidos e firmes e reais sob minhas mãos, o hálito quente em meu rosto. Eu não queria me mexer nem falar com medo de quebrar o encanto. Era seu coração acelerado que eu ouvia? Ou era o meu?

- Uh. Desculpe. - Tomando cuidado para não sujar o carpete, ele nos soltou.

- Não se desculpe. - Decepcionado, tirei minhas mãos dele, embora o que eu quisesse fosse puxá-lo mais para perto. - Foi ótimo.

- Foi. - Ele soltou o ar, fechando os olhos por um instante. - Eu já volto.

Ele pegou sua calça e saiu do quarto, e eu usei rapidamente o banheiro do corredor. De volta ao quarto de hóspedes, acendi o abajur na mesinha de cabeceira e vesti a cueca e a calça do agasalho que ele me emprestara. O tempo todo, tudo que eu pensava era Mas que merda é essa? Por que ele continua pedindo desculpas? Foi lá se lavar parame tirar do corpo dele de novo?

- Oi.

Ao ouvir sua voz, olhei para cima. Ele estava parado na porta, de jeans, mas sem camisa. Diferente de como invadira meu quarto antes, de forma tempestuosa, só desejo e músculos, agora parecia quase com medo de entrar.

- Oi. - Sorri para ele. - Pode entrar.

Ele avançou pelo quarto alguns passos, parando bem perto de onde eu estava. Remexeu-se. Enfiou as mãos nos bolsos.

- Ouça, sei que você não quer outro pedido de desculpa nem justificativas, mas acho que lhe devo uma explicação.

- OK.

- Você deve me achar um babaca - prosseguiu -, que entrou aqui daquele jeito e lhe disse aquelas coisas.

- Não o acho nem um pouco babaca.

- Você deve achar alguma coisa - ele continuou, passando a mão nos cabelos, deixando-os despenteados. Havia frustração em sua voz. - Você mal esboçou uma reação hoje cedo enquanto falávamos sobre o que aconteceu na noite passada. Aquilo me deixou maluco.

- E como eu deveria reagir? - olhei para ele, incrédulo. - Você disse que não tinha significado nada. Disse que estava bêbado. Disse para esquecer que tinha acontecido. Era isso que eu estava tentando fazer. - Hesitei, imaginando quão direto eu deveria ser, e decidi falar sem rodeios. Talvez ele quisesse ouvir a verdade. Talvez fizesse diferença. - Mas é inútil, Theo. Jamais vou esquecer o que aconteceu entre nós, ontem à noite ou hoje. E acho que você também não esquecerá. Mas, se não tiver gostado e quiser fingir que nada aconteceu, de novo, tudo bem.

Seu queixo tenso se contraiu, mas ele não disse nada por alguns segundos.

- Eu nunca disse que não gostei.

- Então, gostou?

Ele ergueu uma sobrancelha.

- Acho que ficou meio óbvio, não?

Tive que sorrir.

- Mas, Liam, não quero gostar disso. Só me causa problemas. - Respirando fundo, ele encostou-se na cômoda, com os ombros caídos.

- Eu disse a verdade hoje cedo. Nunca tinha estado com um cara antes. Mas eu... pensei nisso. E queria saber como era.

- E agora que sabe?

E Se Acontesse? ~ Version Thiam (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora