Marinette
Percorri o quarto em busca de qualquer coisa que me tirasse dali. Tinham fotos espalhadas pela parede, afixadas em murais de cortiça dispostos como um mosaico. Algumas delas mostravam a verdadeira Alinna, junto de alguns amigos, familiares e até hóspedes. Ela parecia ser simpática.
Mas onde ela está?
Decidi deixar a educação de lado e fucei mais a fundo nos armários e em possíveis esconderijos. Ela tinha que ter uma forma de sair. De preferência uma que não envolvesse pular de uma janela do segundo andar até uma árvore há 3 metros de distância.
Pus a mão embaixo do colchão, tateando, até encontrar um envelope. Puxei cuidadosamente e analisei em busca de alguma anotação externa ou algo que eu precise tomar cuidado para não estragar - como um selo.
Quando estive certa de que não tinha nada demais, abri. Tirei de dentro um bolo de papéis presos com clips de forma descuidada. Comecei a separar o conteúdo em pilhas enquanto tentava não rasgar nada com os prendedores.
Alguns minutos depois, peguei a primeira pilha. Parecia uma espécie de diário. Havia datas no canto superior esquerdo de cada folha e, atrás destas, uma ou duas fotos afixadas com fita adesiva.
Me sentei na cama, com cuidado para não mexer nas pilhas, e comecei a ler.
Sexta-feira, 07 de janeiro de 1921.
A clareira estava mais gelada hoje. Mamãe e eu precisamos armar acampamento durante uma nevasca que enfrentamos.
Nem sei ao certo se posso chamar aquilo de clareira. Já tinha ouvido relatos sobre a extensão da fronteira, mas enfrentá-la era completamente diferente.
Sinto falta das minhas conversas existenciais com o Logan. Tenho quase certeza de que meu pai está tentando matá-lo na lavoura hoje. Se o frio não fizer isso primeiro, é claro.
Tudo está piorando ultimamente. Papai havia me dito antes de sair "Minha doce Amélia, um dia precisaremos que alguém resolva nossos problemas. Mas tudo pode mudar se isso acontecer. Vamos aproveitar o imutável enquanto o temos. Só lembre-se de manter sua esperança. Ela pode aquecê-la quase tanto quanto o fogo de sua mãe. "
Mas o fogo dela estava falhando também. Eu podia sentir.
As exigências do governo fizeram isso com o poder dela. Afinal, em tempos gélidos qualquer condutor de fogo é essencial.
Pena que eu não conduzo nada. Minha mãe disse que isso era uma benção, mas eu duvido muito. Condutores são importantes. Eu sou só a filha de uma. E nem sequer fui capaz de herdar o dom.
O país vive em necessidade, mas tudo que eu posso fazer é sair nessas caçadas inúteis para alimentar visitantes ignorantes e bêbados em viagem.
Ninguém realmente se incomoda com o quanto estamos destruídos.
Mas quer saber? Estou começando a achar que eu também não deveria me importar.
Sinceramente? Adorei esse conceito de não entender nada. Tô me sentindo até mais leve, sabe?
Tá, deixa eu tentar organizar meus pensamentos:
Eu virei uma garota chamada Alinna, que tem papéis onde se auto proclama Amélia;
Adrien virou um amigo de Alinna, Logan, de quem o pai dela desgosta porque, aparentemente, não quer casar com a filha dele;
Eu tô fugindo de uma loira doida que eu vi num sonho e da minha própria mãe;
Eu tenho mais de um século de idade - e tô super bem, modéstia à parte;
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O Brilho Nos Meus Sonhos
Fiksi PenggemarDuas almas problemáticas. Dois corações em conflito. Um rei, e uma duquesa. A escuridão perante a Luz. E um trágico jogo de poder. Marinette esqueceu completamente de um marco em seu passado, mas o destino não queria isso e se encarregou de passar s...