19

273 29 5
                                    


Ruggero

Ruggero

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


— Talvez não precise me enganar.
Ela volta para mike  e abre um sorriso animado.
— Pode deixar ele comigo.
Subimos para o sobrado. Mike , com uma pose extraordinária de
médico, instrui karol  sobre os horários dos remédios e pede para
que ela me mantenha deitado e hidratado. Não sabe patavina
nenhuma sobre medicações, nem mesmo um analgésico ele sabe
tomar. Mas eu o fiz decorar.
Mike  vai embora e eu fico no sofá ouvindo karol  conversar no
celular. Ela pede que a nova babá traga Bernardo para cá. Em pouco
tempo, uma jovem loira risonha chega. Gostosa pra caralho, não
pude deixar de notar. Ela entrega Bernardo junto com uma bolsa de
bebê, fica com olhos gordos para cima de mim, mas karol  percebe
e a manda embora.
Se eu não tivesse focado nessa gêmea, eu pegaria essa babá.
Sem dúvidas. Na teoria de mike, babás gostosas servem para distrair
os patrões e não os bebês. Se valu  sonha que ele tem esse
pensamento, canalha…
— Ei, garotão, venha aqui — eu chamo, e Bernardo vem
cambaleando e fica em pé perto do sofá.
Os olhinhos brilhantes me encaram. Eu o ergo nos braços e o
coloco sentado em meu colo. Está mais bonito a cada dia, me
enchendo de orgulho. Karol  senta ao meu lado e sorri, assistindo o
bebê gritar e conversar do modo dele comigo.
— Incrivelmente, ele gosta mesmo de você — ela comenta.
Porque reconhece o gene, penso, e o ódio me invade. Eu perdi
momentos da vida dele. Carolina  foi uma vaca maldita em fazer isso
comigo.

— É, ele gosta… ele e mais um monte de gente — eu ironizo.
— Assim como também deve ter um bocado que te odeia. —
Karol  me dá um cutucão provocativo. Olho para ela e sou
presenteado com um belo sorriso.
Sim, apesar de pilantra e bandida, ela é bela, tem um corpão
lindo e me deixa arrepiado toda vez que a olho. Eu só preciso lembrar
que ela e a irmã não são pessoas que prestam.
— Nem todo mundo é perfeito. — Eu dou de ombros, e ela ri.
Só quando Bernardo cansa e chora para descer é que eu
consigo ficar cara a cara com ela. Agora é hora de colocar tudo em
pratos limpos.
Porra! Eu preciso de agilidade, eu preciso fazê-la se apaixonar
logo por mim e aceitar meu pedido de casamento.
— Então, esteve no hospital? — karol  pergunta, mas olha
Bernardo. Ela levanta, tira alguns brinquedos da bolsa e espalha no
tapete para ele.
— Pois é. Essas doenças do estômago não são legais.
— Devia ter ficado com seu irmão até se recuperar por completo,
não acha?
— Não, não acho. Meu irmão é um pé no saco, e ficar na casa
dele seria um martírio. Eu poderia ir para meu apartamento, mas…
— Você tem um apartamento fixo? Onde?
— Em São Paulo.
— Hum…
Ela fica olhando para as unhas, e eu, de cabeça baixa, com os
olhos fixos no cordão do meu short.
— Não precisa mesmo ficar aqui, karol  — minha voz sai em
um tom de cortar o coração.

— Não quer que eu fique aqui? — ela pergunta em um sussurro.
Levanto o rosto para ela.
— Eu vou ficar bem… sozinho.
— Pare de drama, Heitor. Você precisa de ajuda, cara.
É hora de eu implicar, me mostrar chateado, fazê-la enxergar um
pouquinho de ciúmes, para ver que eu me machuquei com o que vi,
Renato cantando para ela. Me machuquei é o caralho, mas tenho que
interpretar.
— E você quer mesmo me ajudar? Ou só está fazendo a boa
ação do ano?
Karol  bate as mãos nas pernas cobertas por um jeans.
— Por que está sendo rude comigo? Pelo fato de Renato ter
cantado na minha janela? Eu não pedi por aquilo, e…
— karol , sinceramente, não precisa me dar explicações. Não
somos nada um do outro — ralho entre dentes e tenciono de
propósito meu maxilar.
— Poxa, Heitor…
— Eu estou cansado, vou deitar. Acho melhor você ir embora
com o bebê — sentencio, com pose de homem traído. Nem mesmo
olho para ela.
— Heitor — ela reclama inconformada. — Pare de infantilidade.
Converse comigo.
— O que você quer conversar, karol ? Eu estava aqui
esperando você com um jantar que eu passei o dia preparando, daí
um cara aparece e começa a cantar na sua janela. Como queria que
eu me sentisse?
— E foi minha culpa? — ela retruca, também chateada.
— Eu não estou culpando ninguém. Apenas estou chateado e  acho que você não deve ficar aqui só para tentar amenizar os fatos.
— Você está supondo coisas. Estou aqui para te ajudar.
Me calo, afinal meu estresse pode ser encenado, o dela é real.
Chega de provocação. O silêncio recai sobre a pequena sala, e
apenas os gritinhos de Bernardo ecoam no cômodo. Nós dois
olhamos para ele, mas o pensamento está fixo no assunto inacabado.
— Quer que eu vá preparar um suco para você? — karol
oferece e nem espera minha resposta. Se levanta rápido, ajeita
algumas almofadas no sofá e diz: — Deite, Heitor, você ainda está
debilitado. — Eu não contesto. Deito e faço uma careta de dor só
para deixar tudo mais realista.
— A que horas tomou o analgésico?
— Assim que saí do hospital.
— Seu irmão disse para te dar outro comprimido daqui a uma
hora. Fique deitado aí que vou até a cozinha ver o que tem para
fazer.
Cacete! Vou ter que tomar comprimidos de vitamina sem
precisão.
Antes de ela se afastar, seguro em sua mão. Puta que pariu, é
muito macia e delicada. Ela levanta o rosto para encontrar meus
olhos. As unhas são bem-feitas, porém curtas, ela usa um simples
anelzinho em um dos dedos e nada mais. Por que karol é tão
diferente de carolina ? Ela seria mesmo diferente, ou é parte da
encenação?
— Me desculpe. E obrigado por se prontificar a me ajudar. — Ela
dá um sorriso aliviado, coloca a outra mão por cima da minha e diz:
— Fique quietinho aí, é um bom modo de me agradecer.
Karol  some na cozinha, e eu fico na sala acompanhado de
Bernardo

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora