Só avisando aqui que apesar de ter yaoi nas tags, o romance não é o foco, na vdd ele vai ser muuuuito sutil (mas é bakudeku e kiribaku pra quem quiser saber). Também vou mudar a sinopse depois, porque eu não gostei dessa aí, mas tô sem criatividade kkkkkk
Me desculpem (e avisem) qualquer erro e espero, sinceramente, que gostem (porque eu amo essa história).
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Me lembro da água.
Da sensação de afogamento.
E de alguém gritando meu nome.
O borrão amarelo e vermelho ficava cada vez mais longe à medida em que sentia meu corpo afundar na água. Devagar. Calmo. Tranquilo. Suave... Gelado. A pressão de litros e litros sobre meu tórax tornava cada vez mais difíceis meus movimentos... Mas eu já não me movimentava mais. É inútil gastar energia quando não se sabe nadar. Porém também é inútil poupá-la quando não se tem mais o que fazer com ela.
Alguém continuava me chamando, mas não era meu nome.
- Deku! - gritava em desespero o garoto ajoelhado sobre o gelo, perigosamente próximo ao buraco que se abriu sob meus pés.
Minha visão já estava ficando turva. A blusa vermelha e a cabeleira loira ficavam cada vez mais borradas conforme eu me afastava.
Kacchan? O que você está fazendo aí? É perigoso. Você também não sabe nadar.
E como se ouvisse meus pensamentos, se levantou de súbito. A rachadura sempre um passo atrás, incontrolavelmente tentando alcançar o garoto enquanto ele corria. Foi a primeira vez que não o quis comigo. Não o queria nessa situação. A pouca neve acumulada sobre a plataforma gelada que me separava da superfície permitia que ele continuasse correndo.
A luz ficava cada vez mais longe e os gritos de socorro cada vez mais abafados a medida em que me afundava mais e mais.
Foi então que veio um paradoxo divertido. É impossível segurar a respiração para sempre, pois assim qualquer brincadeirinha levaria à morte. Por isso, como programado, meus pulmões me obrigaram a respirar, porém o que receberam não foi oxigênio. Engraçado como um mecanismo de defesa trouxe minha ruína. Situações como essas não estão no protocolo.
Os espasmos vieram fortes enquanto sentia a enxurrada me invadir. Nada devagar. Nada calma. Nada tranquila. Nada suave... Porém, mais do que nunca, gelada.
Outro paradoxo. Os professores de biologia sempre pegam no nosso pé por causa da importância da água. Como ela é indispensável à vida. Mas agora, sentindo-a preencher cada espacinho do meu interior, não parecia tão necessária.
E sentindo os espasmos acabarem, a água tomou o controle de todo meu sistema. Me tornando, agora completamente, seu refém. E não parecia que ela teria piedade.
No último resquício de consciência senti meu corpo relaxar, antes de me entregar completamente a ela.
Abri os olhos abruptamente. A respiração ofegante, o segurar forte no lençol e o colar do tecido de minha regata em minhas costas por obra do suor denunciavam meu estado. A parede branca perto do meu rosto era a única coisa que eu via enquanto tentava, sem muito êxito, controlar a respiração descompassada.
Me sentei ainda ofegante, agora encarando o edredom azul marinho que cobria do meu quadril para baixo com os olhos vermelhos semicerrados e o cenho franzido. A destra ainda mantendo o pano fino contra meu peito.

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Porque eu posso te enxergar
FanfictionHá cinco anos minha vida virou de cabeça para baixo. Uma coisa que não desejo a ninguém é saber como é ter alguém tão importante em uma situação tão surreal. Acho que ninguém levanta de manhã pensando em como seu melhor amigo pode estar em coma no f...