RuggeroO toque macio da mão dela ainda arde na minha, e eu tento
manter a mesma ira do começo, mas não consigo. É incrível, foi só eu
chegar e ver karol com o bebê que me senti… quase… em casa.
São coisas que carolina me fazia sentir, e eu preciso me agarrar nessa
lembrança. Jamais posso ver karol com outro olhar que não seja
vingativo. Eu não posso ser feito de tolo novamente.
Ouço ela mexer em algumas coisas na cozinha, depois o
liquidificador é ligado e, minutos depois, karol aparece com um
copo de suco.
— A maioria de suas coisas estragaram na geladeira. Hoje,
enquanto você descansa, vou ao supermercado.
Dou um gole no suco e, puta que pariu, está muito bom. Essa
mulher é uma feiticeira, só pode.
— karol , não precisa fazer compras.
— E vai comer o quê? — Ela está de costas pegando algo na
bolsa do bebê. Me deixa na sala, vai na cozinha e volta com um
copinho com canudinho cheio de suco.
— Quem é o menininho da mamãe que quer suco? — ela
pergunta com uma vozinha engraçada.
Bernardo olha e fica eufórico gritando “Uco, eu queio”. Ela
entrega o copo a ele e depois fica em pé, deslumbrada, olhando para
o bebê, que nem se importa mais com nada, apenas com o copo de
suco.
Se ela está deslumbrada, eu estou estático e muito fascinado. É
meu menino, cara, meu primogênito. E eu já o amo pra caralho.
Levanto os olhos do bebê e encaro karol , que não desgruda os
olhos sorridentes dele. Não posso negar que ela também o ama, ou
será que alguém pode fingir esse olhar? Mas para que ela fingiria na
minha frente?
— Você cuida muito bem dele — comento, e ela vira rápido o
pescoço, os cabelos balançam em ondas loiras . Ela sai de perto
do menino e se senta no sofá.
— Bernardo é tudo o que tenho, meu maior tesouro. Ele é a
corda que eu me seguro para sobreviver. — Isso foi profundo. Uma
confissão vinda do âmago.
Minha mente fervilha tentando compreender se o que ouvi é a
pura verdade ou apenas uma encenação dela. Não consigo saber, ou
melhor, não quero aceitar que talvez, hipoteticamente, eu a julguei
mal. Controlar as coisas munido de fúria é bem mais fácil. Se eu
começar a enxergar o lado bom e humano de karol , pode ser que
eu não consiga colocar em prática meu plano frio de ter meu filho aos
meus cuidados.
— Me conte sobre isso — peço, já que eu tenho que saber o
maior número de informações sobre ela para caso se algum dia ela
se contradizer e eu poder usar a meu favor.
Karol vira-se no sofá, eu me sento e me aproximo dela. Ergo o
queixo dela com meus dedos, e um leve rubor surge em suas
bochechas.
— Pode me contar?
Ela esfrega um lábio no outro, coloca o cabelo atrás da orelha e
começa a narrar:
— carolina , minha irmã, sempre foi muito independente. Saiu
cedo de casa, fez faculdade de publicidade, tem um bom emprego e,
até um dia desses, namorava um cara rico e muito bom para ela.Um cara que ela fazia de besta, corrijo em pensamento.
— E nada disso te atraía? — questiono, e ela nega com a
cabeça.
— Não é isso. Eu nunca tive chance. Ela fez isso tudo porque só
se preocupava com ela mesma. Eu não fiz porque via a situação dos
meus pais. — karol engole a saliva, começa a ficar nervosa, a voz
tremida e o rosto baixo.
— Quando conheci Bernardo, meu noivo, enfim alguma coisa fez
sentido na minha vida. Vivíamos felizes em uma casinha, meus pais
eram felizes, e minha irmã era feliz do modo dela. — Ela limpa uma
lágrima, ajeita o cabelo mais uma vez e, com um sorriso modesto,
agora olhando para mim, ela finaliza: — Daí, de repente, tudo
aconteceu de uma única vez: meu noivo faleceu, minha irmã teve um
problema e minha mãe sofreu um AVC. Eu estava apavorada,
desnorteada, no olho do furacão. E, então, uma mãozinha segurou no
meu dedo, e eu…
Mais uma vez ela para de narrar, olha para Bernardo, e lágrimas,
muitas lágrimas, começam a rolar. Se isso for encenação, ela está de
parabéns, melhor do que eu, mike e carolina juntos.
— Você o que, karol ? — incentivo e toco na perna dela.
Com os dedos trêmulos, ela limpa as lágrimas. Estou pasmo.
Por mais arrogante que eu possa parecer, não tenho coração frio. Ver
uma mulher chorando deixa qualquer homem desconcertado.
— Eu chorei por tudo o que perdi e pela imensidão do que
estava ganhando. Desse dia em diante, o dia em que ganhei Beni, eu
prometi a mim mesma que ele seria a minha prioridade, que eu seria
feliz com a felicidade do meu bebê e me fechei para relacionamentos,
me fechei para vaidade e foquei apenas nele. E ainda é assim.Porra! Ela pode estar me manipulando, mas não deixo de sentir
como se tivesse acabado de levar um tiro de Ak-47 bem no meio do
peito. Das duas, uma: ou ela é muito cínica, ou é verdadeira e eu fiz
um julgamento errado com base em sua irmã.
Me arrasto no sofá e puxo-a para meus braços. Karol encosta
o rosto no meu peito, e sinto-a exalando profundamente, como se,
enfim, estivesse bem.
***
Eu liguei para um restaurante e pedi comida para a gente.
Depois do almoço, eu deitei na minha cama, Bernardo logo dormiu, e
ela o colocou ao meu lado.
— Fique com ele por meia hora?
Eu sozinho com meu filho, pela primeira vez? É lógico que fico.
— Sim, pode ir. Ele está dormindo, eu fico com ele — concordo,
tentando esconder a euforia.
Ela vem até a cama, dá um beijinho no rosto dele, depois acena
para mim e sai.
Assim que ouço a porta se fechar, deito de lado e escoro a
cabeça no cotovelo olhando para o meu menino. Ele está deitado, só
de fralda, de barriga para cima e ressona baixinho. Sinto um alvoroço
interno.
— Oi, meu pequeno. Sou o seu papai. — Acaricio o rosto
sereno, subo os dedos para os cabelos lisos e castanhos iguais ao meu . — Logo te
darei uma boa vida e o meu nome. Você será legitimamente um
Pasquarelli. — Abaixo o rosto e planto um beijo na bochecha dele. — Será
um garanhão como o pai — completo com um sorriso muito coruja.
Estou louco para exibir ele para todo mundo. Meu pai ficaria
orgulhoso de mim.
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Minha perdição (Terminada )
Fanfictionkarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...