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Ruggero

- Ixi, Papai! É tão grandão esse menino. - Orgulhoso, eu
exclamo sorrindo até as orelhas.
***
Os dois dias seguintes foram produtivos na minha luta para
conquistar um coração, o coração arredio da irmã de carolina .
Era noite, karol já tinha ido embora e eu tinha que refletir
sobre toda a confusão da minha mente. Ligar para mike ou Agustín seria
o mesmo que pedir ajuda a uma porta, então decidi ligar para quem
mais entende desses assuntos. Foi ela quem deu um empurrão para
Mike correr atrás de valu
Falei com minha mãe e ela ficou brava comigo, exigiu que eu
contasse a verdade para karol . Eu falei que não podia, então ela
tentou mudar minha mente em relação ao que penso de karol .
- Filho, quais motivos ela teria para ser dissimulada com você?
- minha mãe insistia durante a conversa. - Ela não te conhece, ela
não sabe que você é rico. Tudo que sabe são as mentiras que você
contou para ela.
- Ela está com meu filho, mãe - rebato contrariado. Me
arrependi de não ter ligado para mike .
- E já se perguntou, alguma vez, por que ela está com seu
filho?
- Interesse? - Rebato, venenoso.
- Dela ou da carolina ?
- Não sei, mãe - respondo desanimado.
- Vamos lá, me diga. Carolina , alguma vez, já fez compras para
você?
- Não.
- carolina já cuidou de você como se fosse um bebê, dando
comida e roupa limpa na mão?
- Não, mas...
Minha mãe não permite eu contestar e continua:
- Não acha que, se karol estiver fazendo isso para o Heitor
que ela conhece, é porque ela está interessada nele? Por mais que
tenha sido armado, uma falsidade, você a comprou com uma boa
aparência, uma boa educação e uma compreensão extrema. Imagine
só, um cara bonito e estranho aparece e não a julga por ser pobre e
trabalhadora. E, acima de tudo, aceita e ama o filho dela. Ela está
com as defesas baixas, esperando só você dar o sinal.
Resignado, solto o ar dos pulmões.
- A senhora tem uma visão distorcida da realidade.
- Eu fui casada por quarenta anos. Sempre vou amar seu pai,
então eu sou a única que pode te dar conselhos sem distorcer a
realidade.
Minha mãe acaba de me dar uma tirada?
Me despeço dela e, antes de desligar, minha mãe avisa:
- Ruggero , estou odiando que esteja mentindo para essa garota. Se
a fizer sofrer, eu não vou deixar barato, ouviu? Resolva logo esse
problema.
- Tudo bem, mãe.
- Traga ela e o meu neto para me conhecer assim que
possível.
- Levarei.
Depois dessa conversa, eu passei quase a noite inteira em claro
pensando nos últimos dias com karol na minha casa cuidando de
mim, e eu me fingindo de doente. Fiz reflexões e ponderei sobre
fatos. Durante os dois dias que ela me "ajudou", não trocamos nenhum beijinho, mas ela me confidenciou que não está com Renato,
que ela pediu que ele não voltasse a fazer aquilo porque ela não quer
estragar a amizade entre eles. Ele ficou chateado, perguntou se ela
estava com alguém, e a resposta que karol deu foi a melhor:
"Ainda não, mas quando eu estiver, você saberá."
Fiquei satisfeito por ela ter confiado em mim e contado todas
essas coisas. Agora, Renato é só um cuzão recalcado querendo
minha gata.
É lógico que eu já a chamo de minha gata. Alguém ainda
duvida? Eu sempre consegui o que queria, nem mesmo os clientes
mais difíceis, as contas mais disputadas, me fizeram recuar.
***
Assim que o dia amanhece, eu levanto rápido, me visto e vou
para a padaria de Renato. Nunca estive doente mesmo...
Sou muito filho da puta em ir com a maior cara de pau comprar
café para mim e karol na padaria do babaca. Mas ele precisa saber
que tem macho novo no pedaço, disposto a qualquer parada. O
showzinho dele não resultou em nada. Idiota. Dá certo com Jorge,
ambos uns boiolas otários.
- Bom dia, Renato - eu o cumprimento com toda a gentileza
possível. Ele, apenas faz um gesto com a cabeça.
Olho para a vitrine recheada de variedades.
- Por favor, eu quero esse bolo inteiro, pães de queijo e pães
francês. Para a viagem, por favor. - Ele faz um gesto para um rapaz
que vem para perto.
- Ele vai te atender - resmunga para mim e sai.
Depois que eu já estou com as sacolas e com tudo pago, volto
para onde Renato está, é hora de ser um cara de pau máster.
- Ei, cara, me desculpe por qualquer coisa. Não estou
querendo causar problema algum por aqui.
Os olhos que me encaram são bolas de fogo ameaçadoras.
Renato dá uma risada histérica, sem desencostar os dentes inferiores
dos superiores.
- Você já causou problemas, Heitor. Por que não some daqui e
deixa a gente em paz?
- Porque não é você quem decide isso.
- Então para de perseguir a karol , caralho! - ele grita, os
clientes olham, e eu, para me fazer de vítima, coloco na minha cara
deslavada uma expressão aflita.
- Porra, cara, me desculpa. Em momento algum eu fiquei entre
vocês. Se você não conseguiu nada com ela, talvez seja porque ela
não queira.
- Estou de olho em você. Essa sua pose de bom-moço não me
convence. Vou virar o mundo de pernas pro ar, mas vou descobrir o
que você quer aqui.
- Se quiser alguma informação, pergunte à karol . Somos
muito íntimos, eu conto tudo a ela - digo e saio.
Foi um tiro violento na cara dele. Na verdade, quero amassar
aquela boca no chão. Se esse cara colocar meus planos em risco, eu
acabo com ele. Fodo com classe a patética vida dele, que ele nem vai
se dar conta quando tudo acontecer.
Volto rápido em direção à praia. Hoje, pela primeira vez, irei
conhecer o lar de karol . Bato na porta dela e, assim que ela me vê,
um sorriso preenche o rosto ainda sonolento.
- Quer tomar café comigo? - pergunto, exibindo as sacolas.
Ela abre a porta amarrando as faixas de um quimono florido.
- Quem te deu permissão para se levantar, Heitor ?
- Estou bem, kah . Não aguentava mais ficar preso àquela
cama.
Dou um beijo no rosto dela, ela pega uma das sacolas da minha
mão e me precede para dentro do ambiente.
A casa é linda. Aconchegante, confortável e tipicamente familiar.
É alegre, com sofás de madeiras, almofadas coloridas e uma enorme
TV. Há sinais de criança por todo o lado. Uma caixa de brinquedos,
um cercadinho, um andador.
- Não repare na bagunça. Culpa do Beni.
- Tão pequeno e tão traquino - eu comento, e ela ri.
- Venha, Heitor, vamos para a cozinha.
- Ele ainda está dormindo?
- Sim. Acordou duas vezes durante a noite, hoje vai acordar
tarde.
A cozinha dela é igualmente bonita, moderna e prática ao
mesmo tempo. Há um balcão com banquinhos coloridos, uma mesa
de quatro lugares e eletrodomésticos brancos. Ela tira as coisas da
sacola e as coloca sobre a mesa.
- Foi à padaria?
- Sim. - Me sento, ela pega xícaras, coloca café em uma e me
serve.
- E Renato? - Ela se serve de café também. - Tem leite na
geladeira, quer?
- Não, só café. - Provo e, como esperado, está ótimo. Me
lembro da pergunta dela e respondo - Renato estava lá. Implicou
comigo, disse que é pra eu dar o fora da cidade e tal - finalizo com
um gesto de ombros, como se desse pouca importância ao fato.

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Mas tarde tem mas pessoal

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora