Capítulo único

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Bakugou encarou enquanto Shoto virava o sinal de aberto para fechado na porta da cafeteria. Izuku guardava seu material e separava o que tinha que lavar. Os dois pombinhos malditos iam para casa, livres pelo dia, e ele ficaria na cafeteria. Mas que merda do caralho, puta que pariu esse cacete!

— Sem cara de cu, Bakugou. — Shoto provocou.

— Se fuder, seu merda do caralho.

— Okay, ele vai, deixa só eu terminar de lavar isso aqui. — Izuku respondeu, sorrindo.

Bakugou grunhiu, indignado. Izuku era como um irmão mais novo que ele detestava, não tinha por que saber da vida sexual do imbecil, ainda por cima sua vida sexual com Todoroki.

— Cê tava empolgado com essa ideia, o que mudou? — Midoriya perguntou, realmente confuso. Ele estava lavando alguns pratos e copos enquanto Katsuki organizava a cozinha pela terceira vez.

Ele, Shoto e Izuku eram sócios numa cafeteria. Eles começaram há alguns anos e já abriram a terceira franquia, que era cuidada por Shoto. Ele lidava com a burocracia, administração e maior parte das questões financeiras, sempre envolvendo Katsuki nas decisões e às vezes Izuku. Seu amigo de infância era o barista da cafeteria e cuidava da organização do local, gerência e a contratação de novas pessoas para trabalhar ali.

Já Bakugou, era o chef do local, que vendia muitos docinhos para lanches e café da manhã. Apesar de seu gosto para comidas apimentadas, ele amava fazer doces para vender e caprichar na apresentação. Tinha até versões apimentadas ou com chocolate apimentado de alguns itens no menu, mas a maioria das pessoas não gostava, e nem ele mesmo gostava de cozinhar esses itens: o "apimentado" da maioria das pessoas não era o mesmo do seu e era muito sem graça cozinhar algo que mal tinha gosto só porque o resto do mundo era fraco demais. Além disso tudo, ele também ajudava Shoto nas decisões administrativas e financeiras, mas seu foco era a cozinha.

Mais recentemente, eles tiveram uma ideia: dar aulas de cozinha, mais especificamente sobre preparo e decoração de bolos e tortas, para o público geral. Era um bom apoio financeiro e divulgação da loja, além de que, mesmo jamais admitindo, Bakugou adorava dar aula, contudo, a oportunidade para tal não vinha com facilidade.

Porém, contudo, entretanto, TODAVIA, existia apenas alguns tipos de alunos os quais ele gostava de dar aula, e um certo... ser em sua classe não era esse tipo.

O cara era alto, cheio de piercings, tatuagens, gentil, simpático até demais, com cabelos longos, braços fortes e sorriso amigável. A personificação do tipo de gente que Bakugou odiava e, contraditoriamente, seu tipo. A cereja do bolo: ele era estúpido. Burro e incapaz de funcionar direito numa cozinha, ao que parecia. O idiota SEMPRE dava um jeito de queimar ou estragar algo na receita, era quase inacreditável. Um dia ele quase fez a receita perfeita: o bolo estava montado, fofinho, com uma cobertura de chantilly e morango simples, mas que era muito além das habilidades que ele já tinha demonstrado. Bakugou quase, quase sentiu orgulho, pois quando partiu o bolo e provou um pedaço ele quase vomitou na cara do aluno. Tinha gosto de sabão e bucha de prato. Na maior parte do tempo, na verdade, o bolo nem chegava a ficar pronto, pois ele queimava tudo.

Todo o estresse causado por aquele homem tirava a diversão de cozinhar e ensinar, e o talento dele para deixá-lo corado tirava toda a raiva que Katsuki desejava sentir dele. Hoje era dia dele aparecer para a aula e simplesmente não estava no clima para oscilar tão rapidamente entre ódio e tesão.

— Um aluno irritante, só isso. — Bakugou murmurou em resposta, nem um pouco afim de puxar papo.

Todoroki e Midoriya terminaram de organizar o resto do local e saíram, indo para casa. Bakugou então foi para a frente da cafeteria, esperar seus alunos. A parte da frente ficava quase toda apagada exceto pela entrada e a placa de "fechado" estava exposta pra rua, mas os alunos sabiam que podiam entrar. Ele sempre esperava a turma do dia na porta e então os guiava para a cozinha, e como não aceitava atrasos todos sabiam que não adiantava bater, gritar ou ligar: um minuto de atraso, além dos cinco de tolerância permitidos, e você perdia a aula do dia.

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