Reino de Asas e Redenção - Livro 2

Capitulo 17

E lá estava ela novamente no dia seguinte para treinar com Melina.

— O que você vai fazer comigo hoje? Me jogar da montanha pra ver se eu consigo voar?

— Eu...

— Foi só uma brincadeira. É bom fazer piada da própria desgraça as vezes.

— Desculpa por ontem, mas eu precisava saber como o seu poder agia. Isso vai ser fundamental para o seu treinamento.

— Qual é o seu poder, afinal?

— Como o meu pai, sou vidente. Mas eu ganhei o bracelete de Andros, que me possibilita a manipulação do ar para fazer um escudo, como o que você viu na noite do ataque.

— Quem é o seu pai?

— Eu achei que você teria me reconhecido antes, princesa. Eu sou a filha de Elias, mais conhecido como Senhor das Profecias ou guardião de Cétlia. Ele é um ótimo pai, mas é constrangedor quando ele prevê como será seu primeiro beijo.

Como ela não havia percebido antes? As duas haviam passado muito tempo juntas quando eram mais novas, assim como com os filhos dos outros guardiões. Os guardiões eram responsáveis por cuidar de cada uma das montanhas, e depois reportavam tudo ao rei. Eram descendentes dos fundadores daquele povo.

— Se serve de consolo, o meu pode ler mentes. Não dá pra mentir pra ele.

— Ah, eu sei. Se lembra da vez que quebramos o vaso da sua avó? Fiquei de castigo por dois meses.

— Por que nós éramos tão bagunceiras?

— Éramos apenas crianças nos divertindo, sem nenhumas responsabilidade. — Disse Melina, um pouco melancólica

Afinal ela também era como Ariela, um dia teria que deixar o exército, que parecia ser um lugar que ela adorava, para virar guardiã, uma responsabilidade tão grande quanto virar rainha.

— Bom, chega de devaneios. Vamos logo começar o treino.

— O que eu terei que fazer?

— Primeiro e mais importante de tudo: você comeu?

— O que isso tem a ver?

— É importante estar saudável e bem alimentada para poder usar a magia.

— Nesse caso sim, eu comi.

— Ótimo. Como você não pode sofrer sempre que quiser usar magia, não podemos acostuma-la a isso. Então vamos usar a boa e velha paciência. Fique ai e mentalize gelo com toda a sua força até que ele apareça.

— Quanto tempo isso vai levar?

— Minutos, horas. Só depende de você. Esse é o primeiro passo, depois que aprender como se concentrar até que ele venha, ficará muito mais fácil molda-lo como desejar.

— Tudo bem, então.

Ela fechou os olhos e tentou com toda a força, um tempo depois ela se cansou de ficar em pé e se sentou no chão.

— O que está fazendo que está passando de um lado para o outro toda hora? — Disse a Melina quando escutou seus passos passando pela sexta vez.

— Se está me escutando andar de um lado para o outro, é porque não está se concentrando direito.

Ela já estava ficando com raiva daquilo, sua magia simplesmente não queria a obedecer. Não atendo aos pedidos de alguém qualquer, apenas as ordens daquela que me criou, era o que parecia dizer sua magia. Não estou pedindo, estou mandando aparecer na minha mão. Agora! Pensou em resposta.

— Ah, muito bom. — Disse Melina.

Ariela abriu os olhos, havia pedaços de gelo brilhantes em sua mão.

— Esse negócio fala? Ele me disse que só aceita ordens.

— Falar não fala, mas sua consciência sabe exatamente o que o faz funcionar. Me parece que você já entendeu como funciona, mas só para não esquecer. Magia é como um soldado fiel, sempre obedece ao seu general e luta por seu povo. Você é a general e o povo, mas se deixar que ela faça o que quiser, ela vai querer mais e te dará um golpe. Vai te matar e assumir o controle.

Melina adorava fazer comparações, melhor para Ariela, era mais fácil de lembrar depois.

— Acho que está bom por hoje. Amanhã vou te ensinar a moldar seu gelo em forma de armas e escudos.

— E quanto a luz?

— Infelizmente não posso te ajudar. É um poder único, só você pode descobrir como funciona.