Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

Tropeços pelo caminho - 13

          E Jow segue com sua mochila a caminho do mercado em busca das peças que precisa. Ele se mantém atento, observando tudo que se passa à sua volta, quanto mais se aproxima do centro do vilarejo e do mercado, mais o fluxo de pessoas nas ruas aumenta.

          Não longe dali, uma jovem percorre entre as bancas do mercado. Cabelos ruivos, ao vento, pele branca vestida de calça e uma blusa moletom azul claro de número bem maior que o seu. Ela caminha até chegar a uma banca com frutas, somente um senhor calvo de óculos atende no local. Ela se aproxima e começa a conversar com ele.

          "Este é um alvo perfeito." — Pensou ela.

          — Olá, bom dia. — Disse com um sorriso simpático.

          — Bom dia mocinha. Em que posso ajudá-la? — Respondeu ele com um sorriso, encantado com aqueles olhos.

          — Eu gostaria de ver aqueles pacotes de tomates. — Disse ela apontando uma prateleira ao fundo.

          Enquanto o homem caminha até o fundo, ela discretamente desliza a mão para algumas maçãs e rapidamente as coloca no bolso da blusa, enquanto mantém os olhos fixos no homem ao fundo da banca.

           Neste momento o homem volta até a moça, percebe que ela está com a mão no bolso, e agora está com um volume relativamente grande que não havia antes.

          — Ladra! Ladra! Peguem! Não deixem fugir!!!

          Percebendo que fora descoberta, sai em disparada por entre as bancas. Alguns outros comerciantes também correm atrás dela, enquanto ela passa por entre as pessoas tentando desviar delas.

          Quando ela sente um puxão, alguém a arrasta pelo braço para entre umas roupas de uma banca e cobre sua boca com a mão.

           — Fica quieta. Eles já estavam te observando. Presta atenção.

          Ele devagar tira a mão que cobre sua boca, faz sinal para que permaneça em silêncio e aponta o que estava vindo na sua direção.

          Ele rapidamente tira seu moletom e o joga no chão, ela está com uma blusinha amarela por baixo, em seguida ele a abraça como se fossem um casal e ficam de costas fingindo estar olhando as roupas.

          — Estão procurando por isso, deixa aí por enquanto.

          Eles entreolham por sobre os ombros e a poucos metros atrás deles os comerciantes que vinham no encalço dela dão de encontro com guardas.

         — Onde ela está? Para onde ela foi? — Perguntou um comerciante.

         — Nós já vínhamos de encontro para pegá-la pela frente. — Disse um guarda.

         Eles veem por entre as frestas das bancas um tecido azul claro que balança com o vento ao longe e os confunde.

         — Lá! Ela foi por ali, vamos!!!

         E assim eles dispersam, indo todos na direção contrária.

        Ela suspira aliviada.

         Jow pega a blusa no chão, bate um pouco a poeira e entrega a ela.

         — Pronto. Pode ir agora. — Dizendo isso ele se afasta e vai saindo.

         — Por que você me ajudou?

         Ele pára, e sem olhar pra trás responde:

        — Porque até onde eu sei, ninguém furta comida para ficar rico.

         — Olha aqui, se você acha que eu vou dividir com você ou vou roubar para você... Está muito enganado.

          — Eu não quero sua comida, muito menos que continue fazendo isso. Agora, se me der licença, eu preciso ir.

          — Me diz ao menos seu nome então, eu me chamo Morgana.

          — Jow.

          Ele mal dá um passo à frente e ela o segura pelo braço.

          — Não vá ainda. Espera... — Algo chama muito a sua atenção e ela faz um olhar de espanto. — Cadê seu bracelete?...