Claire
Volto para a noite da festa. Estou dentro do carro com o Peter, e ele me leva para casa.
A maresia invade o carro novamente e abraço as minhas pernas. Mas por incrível que pareça, não sinto frio.
Chegamos na minha casa. Ele sai do carro e abre a porta para mim.
- Então barbie, até amanhã?. - ele me pergunta.
- Até amanhã. - digo
Ele me puxa e me beija, um beijo longo. Sorrimos um para o outro, como e aquilo fosse uma brincadeira de criança.
Ele fica me encarando por um tempo.
- Acho melhor você ir, Peter. - digo sorrindo. - Sua mãe pode brigar com você. Está tarde.
Ele sorriu e abaixou a cabeça de um modo fofo.
- Ah, a Amanda sabe que sou um garoto responsável. - disse ele em um tom irônico.
Sorri para ele.
Eu não fazia ideia de que horas eram. Toda a vizinhança estava escura e quieta. Até mesmo o cara do fim da rua, que todos os fins de semana fazia uma festa, ou um karaokê. E a minha vizinha, Katie, que sempre sai à procura dos seus gatos de noite. Uma vez, eu acordei três e meia da manhã, com um dos seus gatos na minha janela, Fofinho era o seu nome. Uma coisa eu tenho certeza, aquele gato não era nada fofinho. Tentei tirar ele da janela, mas ele me mordeu. E quando eu olhei para a casa dela, estava com todas as luzes acesa, indo de um lado para o outro no quintal à procura dele. Quando criança, eu achava que ela era algum tipo de E.T., ou até mesmo um Pé Grande. Passei noites em claro, vigiando ela. Eu chorava quando ela batia na porta da minha casa, procurando por um dos seus gatos. Minha avó sempre ria, e falava que a Katie só era feia mesmo, mas era um amor de pessoa.
Sorri ao lembrar dessa situação. Mas até hoje essa mulher me da calafrios.
Peter fechou a porta atrás de mim. Fui andando na frente, mas dei meia volta.
- Quer entrar? - pergunto.
Peter me olhou surpreso. Sorri.
- Relaxa, já vai amanhecer. Minha avó faz um ótimo café.
- Tudo bem então. - ele sorriu.
Toquei na maçaneta da porta e congelei. Tinha algo errado. Parei e analisei a porta.
- Está tudo bem? - Peter me pergunta.
- Está... Só não estou me sentindo bem.
Tentei abrir a porta, mas estava trancada.
- Minha vó disse que ia deixar a porta aberta para mim. - digo preocupada.
- Vamos entrar pela porta dos fundos. - ele sugeriu.
Estava aberta para a minha surpresa. Entramos, estava tudo escuro e frio. Acho que eu já sonhei com isso, porque parecia um déjà-vu. Olho para o relógio da cozinha e eram três da manhã. Uma melodia chamou a minha atenção, percebo que está vindo de um quartinho perto da cozinha, de uma antiga vitrola do meu falecido avô. Olhei para o Peter assustada. Minhas mãos estavam geladas, apertei a mão dele com força. Olho para ele novamente, e ele estava perto da janela, senti um outro déjà-vu. Andei até a cozinha e vejo um corpo caído no chão de barriga para baixo. Corro imediatamente até ele. Não sei se eu choro ou se grito. Peter me abraça por trás, para eu não cair no chão. Não senti nada. Apenas uma terrível sensação de desespero, de perda. Como se o meu coração quebrasse em vários pedacinhos. O corpo era da minha vó.
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A Escolhida
FantasiaEstava escuro e frio. Olhei no relógio e eram três da manhã. Uma pequena melodia estava tocando baixinho. Levantei da minha cama e abri a porta devagar. Uma luz muito forte lá de baixo chamou a minha atenção . Fiquei curiosa e desci as escadas. Paro...