Gisele me levou para fora do térreo, em direção ao meu quarto. Ela não podia me dizer nada, mas seu abraço foi mais reconfortante do que mil palavras.
Antes de irmos embora, Levy veio até mim, como se pudesse me ajudar em algo. Eu sentia tanta vergonha por ter agido de forma idiota, que dispensei qualquer ajuda vinda dele, que não me contestou.
Nesse tempo, eu não podia deixar de me perguntar onde Eros estava nessa confusão toda. Depois de me amaldiçoar e me fazer passar por tantas coisas por ter ficado com ele, simplesmente desapareceu. Eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim.
Nenhum dos amaldiçoados me olhava nos olhos, enquanto eu voltava. Eles pareciam constrangidos, e sempre desviavam do caminho. Eu me aninhei à toalha e tentei não olhar para eles.
Gisele me confortava com seu abraço suave. Ela havia levado um feitiço por minha causa, mas ainda continuava ao meu lado... E isso era o que mais me pesava.
—Me desculpe, Gisele. –sentia tanta vergonha que mal sabia como falar com ela. –Tudo isso foi culpa minha, e você se prejudicou por minha causa também. Me desculpe por arranjar tantos problemas de uma vez...
Ela balançou a cabeça em negativo, juntando as sobrancelhas, em sinal de preocupação e doçura. Apertou mais seu abraço e deu um sorriso fechado. Ela não estava com raiva de mim.
Gisele me deixou na jacuzzi do quarto, onde eu pude finalmente descansar.
•••
No dia seguinte, eu voltei à ativa como se nada tivesse acontecido. Eu não podia me lamentar por causa de Lisandra, não deixaria que ela soubesse do meu abatimento. Eu me lembrava das palavras do meu irmão.
O mundo é cheio de perigos, você precisa estar preparada pra eles.
E eu vou estar. Vou me mostrar forte, mesmo estando fraca interiormente. E nada vai me impedir de sair daqui. Hoje é o último dia antes do teste, e preciso me esforçar ao máximo se eu quiser sair daqui. Prometi a mim mesma que não deixaria mais ninguém me abalar daquela forma.
Levy me treinou pela última vez, também ignorando o ocorrido de ontem. Ele sorria gentilmente para mim, e conseguia deixar tudo mais descontraído.
—Amanhã é o grande dia. –ele me disse, após o treinamento. Ele me ensinou um pouco de esgrima, mesmo eu sendo péssima nisso. Com os meus reflexos mais apurados, eu conseguia me defender melhor. Além de ter me ensinado um pouco sobre o jogo de pé de um espadachim, e as posturas certas.
Como tudo foi em apenas um dia, eu sabia apenas o básico de uma luta, mas Levy me disse que isso já seria suficiente para o primeiro teste.
Diferente dos outros dias que eu havia vindo apenas pela tarde, nós treinamos de manhã e continuamos pela tarde. Havia sido um dia tranquilo, mesmo estando num hotel maluco.—É. –respondi. –Estou um tanto nervosa.
—É totalmente normal. –ele tenta me tranquilizar. –Acontece com todo amaldiçoado. Tenho certeza de que você vai se sair bem. –ele me cutucou com a espada de esgrima. –Pelo menos com o treinamento que eu te dei, sim.
Ri, me afastando da sua espada.
—Espero que você esteja certo.
Quando nos despedimos, eu segui pelos corredores. Até ouvir uma voz irritantemente familiar, assim que dei alguns passos:
—Será que você pode me explicar o que foi aquilo ontem? –Lisandra sussurrava para alguém. –O que você quer com aquela mortal idiota?
—Não é da sua conta. –outra voz respondeu. Levy. –Também posso perguntar o mesmo pelo showzinho que você deu apenas para diminuir a garota.
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Hotel Águia Audaz
FantasyAs coisas mais simples nem sempre são as mais fáceis nem as melhores soluções. Por vezes, são as mais perigosas. Pequenas partidas do destino disfarçadas, como um lobo na pele de uma ovelha á espreita, apenas esperando o momento de atacar a presa. ...